As mudanças climáticas afetaram significativamente a produção de mel na Faixa de Gaza, piorando a situação enfrentada pelos produtores de mel de Gaza, reclamaram os apicultores locais.

Os apicultores geralmente começam a colher mel em meados de abril em Gaza, quando a primavera permite que enxames de abelhas se movam entre flores e árvores para polinizá-las e coletar néctar. Outra sessão de colheita ocorre em novembro.

No entanto, a situação começou a mudar há cerca de 15 anos, principalmente como resultado das mudanças climáticas e do aquecimento global no enclave costeiro.

"Todos os dias, encontramos centenas de abelhas mortas", disse Issam Jarada, apicultor de 58 anos com mais de 35 anos de experiência na indústria do mel.

A maioria das colmeias está localizada na parte leste da Faixa de Gaza, perto de sua fronteira com Israel, devido à menor atividade humana na área, que não é densamente povoada, e à proximidade da área com terras agrícolas em ambos os lados da fronteira.

Apicultores palestinos trabalham em uma fazenda de abelhas na cidade de Beit Hanoun, no norte da Faixa de Gaza, no dia 6 de junho de 2022. (Foto por Rizek Abdeljawad/Xinhua)

Um produtor costumava possuir cerca de 500 colmeias, cada uma das quais produzia de 12 a 15 quilos de mel, mas agora restam apenas cerca de 150 colmeias e cada uma delas produz apenas 5 a 7 quilos de mel.

Issam sofreu perdas financeiras devido à diminuição da produção de mel. Além disso, a renda dos consumidores palestinos foi afetada pela agitação política e condições econômicas difíceis, resultando em uma redução no número de compradores de mel.

"Nos últimos anos, nossos clientes costumavam reservar o mel com antecedência e tentavam comprar grandes quantidades", disse Ibrahim Jarada, filho de Issam Jarada e um de seus assistentes, à Xinhua, "mas agora dificilmente podemos vender o produto em alguns dos meses".

"Vendemos um quilo de mel por 20 dólares americanos em vez de 35 dólares", observou ele, acrescentando que "algo é melhor do que nada, especialmente em uma estação ruim".

Os apicultores de Gaza precisam confiar em si mesmos para enfrentar os desafios. Segundo os Jaradas, nem o governo nem as instituições civis estão interessados ​​em ajudar.

Apicultores palestinos trabalham em uma fazenda de abelhas na cidade de Beit Hanoun, no norte da Faixa de Gaza, no dia 6 de junho de 2022. (Foto por Rizek Abdeljawad/Xinhua)

Esses desafios, no entanto, não impedem os apicultores de tentar. Eles pediram ao governo para fornecer aulas de treinamento para ajudá-los a dominar novos métodos de produção.

Taher Abu Hamad, diretor do Departamento de Produção Animal do Ministério da Agricultura administrado pelo Hamas em Gaza, tomou conhecimento da situação dos produtores de mel de Gaza, cujo número atingiu cerca de 300.

"O ministério registrou um declínio notável na produção de mel em comparação com o ano passado", disse Hamad à Xinhua.

"A redução deve-se à pulverização de pesticidas ao longo da fronteira oriental e aos efeitos decorrentes das alterações climáticas atmosféricas, que afetaram negativamente a alimentação das abelhas nas colmeias, bem como a propagação da doença parasitária Varroa", acrescentou ele.