Com taxas de infecção ainda em alta, Brasil se tornou laboratório de testes de vacinas em desenvolvimento no mundo
Deutsche Welle - 18/08/2020 18:43:29 | Foto: Deutsche Welle
Anvisa dá aval para estudos clínicos de fase 3 do imunizante desenvolvido pela Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson, com 7 mil voluntários participando dos testes. É a quarta vacina a obter autorização no país.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta terça-feira (18/08) a realização de testes clínicos no Brasil de mais uma potencial vacina contra covid-19. Batizada de Ad26.COV2.S, a droga é desenvolvida pela Janssen, unidade farmacêutica da Johnson & Johnson.
O ensaio clínico autorizado é um estudo de fase 3, última etapa antes da aprovação, que costuma envolver milhares de voluntários e visa atestar a eficácia e segurança da vacina. O estudo de fase 1/2 foi iniciado em julho nos Estados Unidos e na Bélgica.
Até 60 mil voluntários devem participar da fase 3 em todo o mundo, sendo 7 mil no Brasil. Ao todo, 20 centros de pesquisa brasileiros aplicarão os testes, distribuídos nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte. Os voluntários serão recrutados pelos próprios centros.
Os testes serão randomizados, controlados por placebo e duplo-cego (quando nem o examinado nem o examinador sabem o que está sendo utilizado). Cada participante receberá uma dose única da vacina ou placebo. Os primeiros testes estão previstos para setembro.
Segundo a Anvisa, os dados que embasaram a autorização incluíram "estudos não clínicos com a vacina e dados não clínicos e clínicos acumulados de outras vacinas que utilizam a mesma plataforma Ad26". A tecnologia usa um adenovírus construído para codificar a proteína spike (também denominada proteína S) do novo coronavírus.
Em estudo feito com macacos publicado em julho na revista científica Nature , cientistas afirmaram que os animais foram protegidos do vírus com apenas uma dose da Ad26.COV2.S.
A vacina da Janssen é a quarta a ser aprovada para testes clínicos de fase 3 no país. Em 2 de junho foi autorizado o primeiro programa de testes, de um imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e pela farmacêutica AstraZeneca.
Em 3 de julho, a agência deu aval à vacina desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo. O acordo inclui também a transferência de tecnologia e produção da vacina se sua eficácia for comprovada.
E em 21 de julho, a Anvisa autorizou testes clínicos de vacinas desenvolvidas pela empresa BioNTech, da Alemanha, em parceria com a Pfizer, dos Estados Unidos.
O Brasil é o segundo país do mundo com mais infecções e mortes por covid-19, acumulando um total de 3,35 milhões de casos e mais de 108 mil óbitos, segundo números divulgados pelo Ministério da Saúde na segunda-feira. Com taxas de infecção ainda em alta, o país acabou se tornando um laboratório de testes de vacinas em desenvolvimento no mundo.
EK/abr/lusa/ots
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