Onu News - 29/11/2019 - 08:30:38
Participantes são de países lusófonos africanos; evento quer encontrar respostas para desafios como estigma, discriminação e superstição.
Criar condições de proteção das pessoas com albinismo é um dos temas centrais dos direitos humanos. Em Maputo, especialistas, académicos e sociedade civil debatem o tema até esta sexta-feira.
Uma das metas do evento é combater a má-perceção sobre esta condição nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. A reunião é realizada pela representação em Moçambique da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.
Participantes da Conferência organizada pela Unesco. Entre 20 mil e 30 mil pessoas vivem com albinismo em Moçambique, Ouri Pota
O encontro realizado em parceria com governo moçambicano debate e partilha experiências para que sejam encontradas soluções para desafios que enfrentam as pessoas com albinismo.
A ONU News em Maputo ouviu alguns participantes no evento. A jurista Denardina Amisse é da provincia de Nampula, norte de Moçambique. Ela contou que exclusão durante a infância impulsionou a luta pelos direitos das pessoas com albinismo.
“Acreditamos que colhendo experiências com países como Angola e Guiné-Bissau, iremos desenvolver mais as nossas capacidades cognitivas a fim de responder as demandas ofertadas pela sociedade. Acredito que poderei contribuir bastante no que diz respeito à proteção dos direitos da pessoa com albinismo."
Já Flávia Pinto, disse que, mesmo não vivendo com com albinismo, veio à conferência para partilhar a experiência que lhe levou a ser ativista em prol das pessoas com esta condição.“O meu pai faleceu em julho de 2015 e nós o enterramos no cemitério municipal da cidade de Tete. Uma semana antes de fazer um ano, foram indivíduos ate então desconhecidos, vandalizaram a campa do meu pai e removeram o caixão, umas partes do corpo do meu pai. De acordo com o legista em Tete, eles constataram que os indivíduos retiraram parte dos braços e dos pés.”
O albinismo é uma condição genética, rara e não contagiosa por deficiência dos pigmentos nos cabelos, na pele e nos olhos.
Pessoas com albinismo são vulneráveis a sofrer cancro da pele ou ser vítimas de estigma social. O representante da Associação Amor a Vida, Hugo Firmino, menciona maiores preocupações constatadas na sua província.
“Especificamente dos protetores solares, que são a grande dificuldade das pessoas com albinismo, mas também a questão da aquisição dos óculos de vista, mesmo por causa dos preços. Mas há também um aspeto que devemos ter em conta: a educação sobre a questão do albinismo, porque o que se está a viver agora é fruto da má educação que tivemos no passado em que as pessoas pouco ou quase nada sabiam em relação ao albinismo.”A questão do albinismo levanta preconceitos sociais e superstição expondo a pessoas com essa condição a vários níveis de estigma.
Para minimizar estes fatores, a representante da Associação Zé Manuel Pinto, Flávia Pinto, disse que o grupo advoga a questão da educação.
“Se você da uma educação a qualquer criança, particularmente uma criança com albinismo que são pessoas particularmente muito inteligente, eles podem pegar essa informação e revolucionar. Com tudo o que está acontecer aqui hoje, as conferências, a partilha de informação, todos podemos revolucionar esta causa em que todos lutamos por ela”
Dados do relatório independente sobre exercício dos direitos humanos pelas pessoas com albinismo em Moçambique aponta a existência de estima no país onde cerca de 30 mil pessoas com albinismo.
A conferência e capacitação sobre Albinismo nos Palop encerra sexta-feira em Maputo.
O evento é apoiado pela relatora independente sobre os direitos das pessoas com albinismo, a Fundação Ford, o Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, e o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Dumanos.
De Maputo para ONU News, Ouri Pota.
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