Direita reage à operação da PF, defende Bolsonaro e fala em perseguição.
Arthur Guimarães De Oliveira, São Paulo, Sp (folhapress) - 18/07/2025 11:21:03 | Foto: Bolsonaro é alvo de operação da Polícia Federal — Reprodução TV Globo
CONSTANÇA REZENDE, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal encontrou um pen drive que estaria escondido na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante o cumprimento dos mandados de busca desta sexta-feira (18). O conteúdo do dispositivo deverá ser analisado pelos investigadores.
Também foi encontrada uma cópia da petição inicial da plataforma de vídeos Rumble contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O celular dele também foi recolhido pelos agentes.
A PF também apreendeu cerca de US$ 14 mil e R$ 8 mil na operação de busca realizada contra o ex-presidente, segundo agentes que acompanham a ação. Foram realizadas buscas na casa dele e na sede do PL, seu partido.
Bolsonaro terá que usar tornozeleira eletrônica, ficar em casa de 19h às 7h e nos fins de semana, além de evitar contato com embaixadores e diplomatas estrangeiros.
Bolsonaro foi alvo de operação realizada pela PF. Além de enfrentar um processo por acusação de liderar uma trama golpista, ele também é foco de outras investigações conduzidas pelo órgão.
Bolsonaro terá que usar tornozeleira eletrônica, por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele está a caminho da sede da Polícia Federal em Brasília para a instalação do equipamento.
Com a tornozeleira, o ex-presidente passará a ser monitorando pelas autoridades às vésperas do julgamento da trama golpista, que poderá levá-lo à prisão.
A defesa de Bolsonaro afirmou ter recebido "com surpresa e indignação" as medidas cautelares impostas ao ex-presidente. Disse ainda que ele "sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário".
A decisão contra Bolsonaro se dá no momento em que o bolsonarismo estreita os laços com o governo americano de Donald Trump. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, está nos EUA.
O procedimento sigiloso que levou à aplicação das medidas contra Bolsonaro foi autuado no STF e distribuído ao gabinete de Alexandre de Moraes em 11 de julho, dois dias depois que Trump anunciou a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros citando o processo contra o ex-presidente no STF.
Na Presidência, Bolsonaro acumulou uma série de declarações golpistas às claras, provocou crises entre os Poderes, colocou em xeque a realização das eleições de 2022, ameaçou não cumprir decisões do STF e estimulou com mentiras e ilações uma campanha para desacreditar o sistema eleitoral do país.
Após a derrota para Lula, incentivou a criação e a manutenção dos acampamentos golpistas que se alastraram pelo país e deram origem aos ataques do 8 de Janeiro.
Nesse mesmo período, adotou conduta que contribuiu para manter seus apoiadores esperançosos de que permaneceria no poder e, como ele mesmo admitiu publicamente, reuniu-se com militares e assessores próximos para discutir formas de intervir no TSE e anular as eleições.
Saudosista da ditadura militar (1964-1985) e de seus métodos antidemocráticos e de tortura, o ex-presidente já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é réu no STF sob a acusação de ter liderado a trama golpista de 2022. Hoje está inelegível ao menos até 2030.
Caso seja condenado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado, a pena pode passar de 40 anos de prisão.
Direita reage à operação da PF, defende Bolsonaro e fala em perseguição
Políticos de direita defenderam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em publicações nas redes sociais nesta sexta-feira (18) após operação da Polícia Federal e determinação para uso de tornozeleira eletrônica.
Réu no STF (Supremo Tribunal Federal) em processo que apura trama golpista em 2022 e foco de investigações em andamento, Bolsonaro foi alvo de buscas na casa dele e na sede do PL, seu partido.
O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse nas redes sociais, em inglês, que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes dobrou a aposta contra o pai.
"Alexandre de Moraes dobrou a aposta e depois do vídeo de Bolsonaro para Donald Trump ontem, ordenou hoje a Bolsonaro: usar uma tornozeleira eletrônica, não sair de casa entre 7h da noite e 7h da manhã, não usar redes sociais, não se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros, não se aproximar de embaixadas, não falar com outras pessoas sob investigação (eu e meu irmão Carlos somos investigados)", escreveu Eduardo.
O senador Flávio Bolsonaro, outro filho do ex-presidente, disse que "a proposital humilhação deixará cicatrizes", mas que elas "servirão de motivação para continuarmos lutando pelo nosso Brasil livre de déspotas".
"Proibir o pai de falar com o próprio filho é o maior símbolo do ódio que tomou conta de Alexandre de Moraes para tomar medidas totalmente desnecessárias e covardes", afirma ele. "Típico de uma inquisição, que já tem a sentença final pronta antes mesmo de começar. Em que a capa do processo é a principal 'prova'."
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que a ordem do STF é um novo ato de perseguição política contra o ex-presidente.
"Mais um ato absurdo de perseguição política a Jair Bolsonaro. Censuraram suas redes, proibiram de falar com o filho e obrigaram a usar tornozeleira eletrônica. Tudo isso num processo cheio de abusos e ilegalidades. Não existe democracia quando a Justiça é politizada", disse o governador mineiro.
Zema é pré-candidato às eleições presidenciais de 2026 e aliado de Bolsonaro, Ele participou das últimas manifestações em apoio ao ex-presidente em São Paulo. Os dois estiveram juntos em reunião em Brasília na última segunda-feira (14).
Em nota assinada pelo presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, o PL disse manifestar "estranheza e repúdio" diante da ação da Polícia Federal. "Se o presidente Bolsonaro sempre esteve à disposição das autoridades, o que justifica uma atitude dessa?"
"O PL considera a medida determinada pelo Supremo Tribunal Federal desproporcional, sobretudo pela ausência de qualquer resistência ou negativa por parte do presidente Bolsonaro em colaborar com todos os órgãos de investigação", completa a nota. "Reafirmamos nossa confiança no presidente Jair Bolsonaro, seu compromisso com o Estado Democrático de Direito e com a verdade."
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