Por Daniela Amorim, Vinicius Neder E Gregory Prudenciano, Estadão Conteúdo - 12/01/2021 - 15:20:36
O desempenho da Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) , que alcançou em dezembro 1,35% e 4,52% no ano, superando as expectativas do mercado, não altera o cenário para a inflação deste ano traçado pelo economista Heron do Carmo, professor sênior da FEA/USP e um dos maiores especialistas no tema. Ele admite que o resultado preocupa, mas não vê descontrole inflacionário, por enquanto. Heron mantém a expectativa de inflação em torno de 3% para 2021.
O argumento do economista é que o resultado de 2020 foi muito concentrado nos alimentos, especialmente os semielaborados, que incluem carnes e óleo de soja, por exemplo. “Se não tivesse ocorrido esse aumento para esse grupo, a inflação do ano ficaria pouco acima de 2%”, diz. Ele espera que esse choque de preços perca força por conta da subida dos juros que o Banco Central deverá começar a fazer e também porque o preço da comida já subiu demais e não comporta novos aumentos. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Dezembro surpreendeu. Eu esperava um resultado inferior para o mês porque os preços dos alimentos já tinham subido muito até então. Também houve o aumento da energia elétrica. No ano, a inflação foi de 4,52% e o Boletim Focus, do Banco Central, apontava para 4,37%.
Preocupa, mas, por enquanto, não sinaliza um descontrole da inflação para este ano. Isso porque o aumento da inflação acima do centro da meta em 2020, de 4%, tem uma causa definida. Está concentrado no comportamento dos preços dos alimentos. Só os semielaborados (carnes, cereais, etc) subiram 25% no ano passado e responderam por 2,4 pontos da inflação de 4,5%. Mais da metade da inflação do ano pode ser atribuída a este grupo de alimentos que corresponde a menos de 10% das despesas familiares. Carne, arroz e óleo de soja, por exemplo, responderam por um ponto da inflação de 2020. O que aconteceu em 2020 é muito explicado pelo comportamento do preço dos alimentos e das commodities alimentares. Não foi um movimento geral de alta de preços. Se não tivesse ocorrido esse aumento para esse grupo, a inflação do ano ficaria pouco acima de 2%. É claro que quando se tem um resultado ruim, assusta e isso vai aparecer nas próximas previsões.
Apesar de os alimentos semielaborados terem subido muito em dezembro, o ritmo de alta foi menor do que o registrado em novembro. Isso indica que o choque tende a se esvair. O mais provável é que haja uma estabilização dos alimentos este ano. Isso retira algo como mais de 2 pontos da inflação. A minha previsão de inflação é em torno de 3% para 2021, a menos que ocorra uma variação no câmbio. No ano passado tivemos uma maxidesvalorização de 30%.
Se houvesse um descontrole da política econômica, algo que comprometesse os fundamentos. Por exemplo, uma alteração radical no teto de gastos, alguma questão de ordem política interna que gere pressão sobre o câmbio.
A taxa de juros está muito abaixo da inflação e isso tem uma série de implicações. Todos os títulos são atrelados à Selic (taxa básica de juros) e isso pode implicar uma perda de rentabilidade muito grande. Muito provavelmente o Banco Central deve começar a aumentar os juros. A alta dos juros vai contribuir marginalmente para reduzir a propagação do choque de preços e para fazer com que a taxa de juros real não fique tão negativa. Estamos com taxa de juros negativa de 2,5 pontos porcentuais, a grosso modo. É uma Selic de 2% ao ano para uma inflação de 4,5%. E tudo indica que a inflação deve continuar subindo em 12 meses ainda nos próximos meses. Vamos chegar a um ponto em que a taxa de inflação em 12 meses poderá estar acima da meta, que é 5,25%. E o BC tem que dar uma resposta a isso. E a resposta é aumento de juros. Subir juros para que choque de preços não se propague e para que o BC mantenha a credibilidade, porque existe um regime de metas e o BC tem que manter a inflação dentro da meta.
Quando o INPC fica acima do IPCA são geradas pressões no mercado de trabalho, pois esse índice reajusta salário. Mas como estamos numa situação de economia fragilizada pela pandemia de covid-19, isso compensa um pouco esse efeito. Outro impacto do INPC é o aumento das despesas da Previdência , o que eleva a pressão sobre os gastos públicos.
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