Magé (RJ) constrói cachoeira sustentável com pneus e garrafas PET tirados da Baía de Guanabara
Magé (RJ) constrói cachoeira sustentável com pneus e garrafas PET tirados da Baía de Guanabara

Thayssa Rios, Rio De Janeiro, Rj (folhapress) - 14/06/2025 11:41:43 | Foto: arquivo pessoal

O município de Magé, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, agora tem uma das maiores cachoeiras artificiais sustentáveis da América Latina, erguida com pneus de caminhão, garrafas PET e isopor.

Idealizada por um morador da região, com 25 metros de queda d'água construída a partir de 40 toneladas de resíduos reciclados recolhidos da baía da Guanabara, a iniciativa tem o propósito de integrar turismo e meio ambiente gerando renda para o interior do estado.

A água utilizada é da chuva e a cachoeira sustentável, localizada no Eco Resort Castelinho, em Santo Aleixo, distrito de Magé, tem um sistema próprio de captação e tratamento.

O custo da obra não foi divulgado. A cachoeira, que está em área privada, começou a funcionar em 5 de junho. Houve um passeio com 200 crianças de escolas públicas e particulares. A área deve ser aberta ao público no fim do ano, com pre ingressos a serem definidos.

"Queremos que a nova geração cresça com a consciência de que é possível construir sem destruir. Sei também da dificuldade que é arrumar emprego aqui", diz André Marinho de Moraes, idealizador do projeto e empresário. "A ideia foi criar algo que sustente, que possa ser replicado em outros lugares e que gere oportunidades para quem vive na região".

A Prefeitura de Magé diz enxergar o projeto como uma união de preservação da mata atlântica, educação ambiental e geração de empregos.

"O empreendimento está sendo construído com um olhar sustentável, que tem tudo a ver com o município de Magé já que um dos nossos maiores potenciais são as belezas naturais", diz o secretário de cultura, turismo e eventos Bruno Lourenço.

Antes da construção da cachoeira, o espaço, em meio à mata atlântica, era composto por um gramado sem uso.

As pedras do projeto, por dentro feitas de material reciclado e por fora concretadas, foram construídas com cerca de 6.000 pneus de caminhão, garrafas PET, isopor e outros resíduos recolhidos em parceria com o projeto Águas da Guanabara, que atua na limpeza da baía.

O empreendimento é cadastrado como área de soltura de animais silvestres junto ao Ibama e está sob acompanhamento da APA Petrópolis, unidade de conservação federal do ICMBio.

Até o momento, 12 mil mudas de espécies nativas e frutíferas já foram plantadas -entre elas, pitangueiras, ingás e goiabeiras-, com o intuito de "promover o reflorestamento de uma área que ocupa apenas 1% dos 3,35 milhões de metros quadrados do terreno", afirma a direção do Eco Resort. O restante segue preservado.

"O Eco Resort Castelinho é um exemplo de como é possível aliar desenvolvimento sustentável com conservação da biodiversidade. É uma iniciativa que respeita a legislação ambiental, gera benefícios concretos para a comunidade local e contribui diretamente com os objetivos das unidades de conservação federais", diz Victor Valente, chefe da APA Petrópolis.

No local, além da trilha da cachoeira, estão previstas oficinas, vivências escolares, um borboletário e atividades para formação de jovens guias ambientais.

SOBRE O LIXO
A construção da cachoeira contou com o apoio de pescadores artesanais da região. Foram eles que retiraram lixo das encostas e das marés da Baía de Guanabara três vezes por semana.

Ao longo de três anos de atuação, o Águas da Guanabara informou ter recolhido mil toneladas e trezentos quilos de resíduos sólidos, com ações específicas também para a retirada de pneus abandonados nas margens e nos manguezais. Parte desse material foi destinado à construção da cachoeira artificial.

"Elaborar um projeto que dá um novo destino ao lixo retirado da baía é dar sentido ao nosso trabalho. Saber que os resíduos coletados por pescadores estão virando floresta, educação e emprego mostra que é possível gerar dignidade com sustentabilidade", afirma Elayne Cristina, presidente da Colônia de Pescadores Z-9, parceira do projeto.

PRÓXIMOS PASSOS
O Eco Resort Castelinho está construindo um Centro de Educação Ambiental. Entre as atrações previstas estão um borboletário, trilhas ecológicas adaptadas para o público infantil, viveiros de plantas nativas e salas multiuso para oficinas e exposições temáticas.

O centro será voltado principalmente para o atendimento de crianças e adolescentes da rede municipal de ensino, que poderão participar de atividades gratuitas e contínuas de educação ambiental.

"A ideia é que as crianças de Magé não só visitem a floresta, mas convivam com ela, aprendam a cuidar, a observar e a valorizar esse patrimônio natural que é delas", afirma André Marinho.