Aumento de passagens vai na contramão de decisões políticas das principais capitais

Longe das manifestações

Aumento de passagens vai na contramão de decisões políticas das principais capitais
Aumento de passagens vai na contramão de decisões políticas das principais capitais

Por helena mader-Correio Braziliense/Breno Fortes/CB/D.A Press - 30/11/-0001 00:00:00 | Foto:

Desde que um aumento de R$ 0,20 no preço das passagens de ônibus de São Paulo desencadeou os maiores protestos populares do Brasil, em 2013, o ônus político da revisão de tarifas é avaliado com cautela pelos governantes. Na capital paulista, o prefeito eleito João Doria anunciou que não haverá aumentos e que, até o fim de 2017, a passagem será mantida em R$ 3,80. No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes cancelou o reajuste de 3,5%, que elevaria o bilhete único carioca para R$ 3,95. Na contramão desses posicionamentos, o governador Rodrigo Rollemberg decidiu, na véspera do feriado de réveillon, elevar as tarifas em até 25% – apenas 15 meses depois da última revisão. No acumulado de seu mandato, a passagem mais cara saltou de R$ 3 para R$ 5, o que representa um aumento de 66,6%. O governador prometeu que não haveria nenhum aumento de impostos em 2016. Não mencionou tarifas, mas será duramente cobrado pela decisão.

Longe das manifestações

Os grandes protestos contra o reajuste das passagens, previstos para a semana que vem, vão dar trabalho ao vice-governador Renato Santana. Ele assumirá o Palácio do Buriti na segunda-feira, justamente no dia que passarão a vigorar as novas tarifas. Rodrigo Rollemberg sairá de férias de 2 a 9 de janeiro e estará longe da cidade durante as manifestações.

Mudança de planos para o réveillon de Rollemberg

O governador Rodrigo Rollemberg havia anunciado que participaria do réveillon na Prainha, mas mudou de planos e não irá a nenhum evento público. Segundo ele, a decisão não tem nenhuma relação com as manifestações contra o aumento dos ônibus. Rollemberg explica que preferiu passar a virada do ano ao lado da família e optou por um lugar mais reservado por causa da filha Gabriela, que está grávida.

Diesel caiu

Um dos principais insumos do sistema de transporte, o óleo diesel não teve variações de preço ao longo de 2016. Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do combustível em janeiro deste ano era de R$ 3,23. Este mês, o valor médio ficou em R$ 3,20, ou seja, caiu em comparação com o patamar de um ano atrás.

Reajuste dos ônibus vai parar na Justiça

Além do desgaste político, o aumento das tarifas de ônibus e de metrô no Distrito Federal vai parar na Justiça. Na semana que vem, o PSol entrará com uma ação contra o reajuste das passagens. O partido está otimista com a possibilidade de reverter a decisão, depois de uma decisão favorável em Porto Alegre. Na capital gaúcha, o PSol também recorreu ao Judiciário em fevereiro e obteve, em primeira e segunda instâncias, decisões suspendendo a revisão tarifária. “Acreditamos que o aumento é absolutamente abusivo e deve ser fortemente combatido”, explicou o secretário-geral do PSol no DF, Fábio Félix.

Debate no Congresso

A decisão de Rollemberg de rever os preços das passagens também será debatido no Congresso Nacional. O coordenador da bancada do DF, deputado Izalci (PSDB), vai propor que os parlamentares brasilienses solicitem informações detalhadas sobre as razões do reajuste.

Quase o valor do Entorno

O novo preço das passagens quase vai equiparar a tarifa do Distrito Federal com os valores das viagens interestaduais, entre municípios do Entorno goiano e Brasília. O bilhete mais caro é o da linha entre o centro da cidade e Águas Lindas, que custa R$ 6,10. Entre o Plano Piloto e Luziânia, a passagem custa R$ 5,50, quase o mesmo valor da nova tarifa imposta pelo GDF.

“Caixa-preta”

Logo depois do anúncio, grupos começaram a se organizar nas redes sociais para lutar contra o aumento. Vários internautas compartilharam o vídeo de um discurso do governador feito em 2013, quando ele ainda era senador. Durante sua fala, Rollemberg esbravejou sobre “o absurdo que é o fato de o transporte urbano não ser auditado e as empresas de ônibus não emitirem nota fiscal por passagem vendida”. “Será que esse negócio não gera lucros? É uma caixa-preta”, declarou o então parlamentar. “É inaceitável manter um serviço tão caro sem mostrar seus componentes”, acrescentou. Internautas ironizaram o discurso de três anos atrás.

Lembranças de Frejat

Assim como ocorreu após o reajuste de setembro do ano passado, depois da divulgação da medida, os brasilienses começaram a relembrar a principal promessa de campanha do adversário de Rollemberg, Jofran Frejat. O médico havia anunciado que a passagem custaria R$ 1, caso fosse eleito. Com o desequilíbrio das contas públicas, dificilmente Frejat conseguiria cumprir a promessa, mas as comparações são inevitáveis. Em 2015, muita gente brincou que a passagem de Rollemberg, em vez de custar R$ 1, custava US$ 1. Agora, o novo valor do bilhete superou até mesmo a libra esterlina.

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