BRB entrega ao BC documentos pendentes sobre compra do Master

O anúncio de venda ao BRB foi feito em 28 de março.

BRB entrega ao BC documentos pendentes sobre compra do Master
BRB entrega ao BC documentos pendentes sobre compra do Master

Fábio Pupo, Brasília, Df (folhapress) - 14/06/2025 08:23:13 | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

O BRB (Banco de Brasília) entregou ao Banco Central documentos pendentes referentes à compra de uma fatia do Banco Master. A autarquia agora vai analisar os dados de forma mais aprofundada para decidir se aprova a operação.

Os documentos são entregues dois meses e meio após o banco estatal anunciar o acordo com o Master e servem para completar informações demandadas pelo BC. De acordo com os envolvidos, somente a parte boa (chamada de "good bank", ou banco bom) é alvo da compra.

O anúncio de venda ao BRB foi feito em 28 de março. De acordo com o comunicado aos investidores, o acordo envolve uma fatia de 58% da empresa a ser comprada.

O acordo gerou uma onda de repercussões nos bastidores do setor. Os principais bancos do país se envolveram na discussão, em meio a comentários sobre o reflexo da situação do Master para o restante do mercado.

O presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou no fim de abril, no entanto, que não via risco. "A gente se sente bastante confortável em dizer que, como mostra o relatório [de estabilidade financeira, divulgado no dia], não há nenhum tipo de ameaça do ponto de vista sistêmico", afirmou quando questionado sobre o Master.

"O sistema financeiro está absolutamente sólido no Brasil e, no momento, a confiança dele está bastante clara nas indicações", disse. "Não temos nenhum tipo de indício ou preocupação do ponto de vista sistêmico para o sistema financeiro nacional."
A operação gerou contestações de parlamentares de oposição ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). O Ministério Público chegou a obter uma liminar para impedir que as duas partes assinassem o contrato definitivo.

Depois disso, a Justiça derrubou a liminar interpretando não haver urgência real ou risco de dano irreparável, já que haveria justamente uma análise técnica dos órgãos reguladores após a assinatura do negócio.

Além do BC, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) precisa dar aval à operação. As instituições pediram ao órgão antitruste, há pouco mais de um mês, a aprovação integral e em rito simplificado.

Segundo os bancos, a operação não resulta na eliminação da concorrência, porque a participação combinada permaneceria significativamente inferior a 20% nos mercados em questão. Também afirmam que o negócio não cria posição dominante no mercado.

No começo de abril, representantes do Cade ouvidos pela Folha de S.Ppaulo afirmaram não ver preocupações concorrenciais no negócio. Apesar de destacarem a necessidade de verificar os números, integrantes do órgão disseram que a operação deve ter uma análise considerada tranquila.

No fim do mês passado, o dono do Master, Daniel Vorcaro, fechou uma negociação com o BTG, de André Esteves, para a venda de ativos no valor de cerca de R$ 1,5 bilhão, incluindo ações de empresas como Light e Méliuz, precatórios e imóveis. A capitalização de R$ 2 bilhões no Master é uma das exigências do contrato de venda para o BRB.

A análise sobre o caso também causou repercussões no TCU (Tribunal de Contas da União). Após parlamentares acionarem o órgão para que a apuração do BC fosse apurada, o ministro Jhonatan de Jesus chegou a determinar a oitiva da autarquia para analisar uma suposta omissão no caso.

De acordo com despacho inicial ao qual a Folha teve acesso, o BC deveria responder sobre uma eventual inércia de sua parte diante do que foi chamado de "sinais de alerta" sobre a situação do banco. Horas depois de publicada a decisão, no entanto, ele a revogou em meio ao entendimento de colegas que o órgão não tem competência para se envolver no caso.

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