Conheça os livros de Han Kang, primeira sul-coreana a ganhar o Nobel de Literatura

A sul-coreana Han Kang venceu o prêmio Nobel de Literatura de 2024.

Conheça os livros de Han Kang, primeira sul-coreana a ganhar o Nobel de Literatura
Conheça os livros de Han Kang, primeira sul-coreana a ganhar o Nobel de Literatura

Bárbara Blum E Walter Porto - São Paulo, Sp (folhapress) - 12/10/2024 06:51:30 | Foto: Han Kang é a vencedora do Nobel de Literatura de 2024 crédito: Roberto Ricciuti/ Divulgação

Primeira sul-coreana a ganhar o Nobel de Literatura, nesta quinta, Han Kang foi laureada pela sua "prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana", segundo a Academia Sueca.

Sua obra é vasta -com ao menos 17 trabalhos publicados em coreano e três traduzidos para o português pela editora Todavia- e transita entre vários gêneros, como poesia, romance, conto e novela.

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A Vegetariana (2018)
Primeira obra da autora a chegar ao Brasil, depois de arrematar o prêmio Booker Internacional em 2016, "A Vegetariana" narra a história de Yeong-hye, que decide deixar de comer, cozinhar e servir carne depois de um sonho.

Ela recusa, também, relações sexuais com seu marido. Sua decisão é tida como uma subversão pela família, que rompe violentamente com ela depois de tentar forçá-la a comer carne.

O livro, publicado originalmente em 2007, se tornou um filme sob o mesmo título dois anos depois.

Atos Humanos (2021)
Sete anos e cinco obras depois de "A Vegetariana", Han Kang publica o livro "Atos Humanos", o segundo a ser traduzido no Brasil, em 2021.

É um trabalho baseado na história real de um massacre de estudantes pró-democracia reprimidos pelo Exército coreano em Gwanju, cidade natal da autora, em 1980.

O livro trabalha com a dor e a memória do trauma, passeando entre vivos e mortos, entre corpo e espírito. No primeiro capítulo, um dos sobreviventes, Dongho, de 15 anos, busca seu melhor amigo entre os corpos dispostos em um ginásio. No seguinte, os espíritos dos mortos assistem à putrefação dos corpos amontoados.

O Livro Branco (2023)
Escrito parcialmente em Varsóvia, na Polônia, durante uma residência literária, "O Livro Branco" foi o terceiro romance de Han Kang a ser traduzido no Brasil, em 2023. Na Coreia do Sul, foi lançado em 2016.

A experiência na cidade devastada pela guerra, em meio aos destroços conservados e os prédios novos, serve de costura para uma narrativa biográfica em que a autora revela ter uma irmã morta, que nasceu anos antes dela e viveu por apenas duas horas. O branco da neve polonesa é também o branco do luto de algumas culturas da Ásia.

Tudo isso é fio condutor para que Han Kang teça um comentário firme sobre a violência política na Coreia do Sul, em idas e vindas sobre o processo da escrita.

We Do Not Part (2021)
O livro mais recente da autora, publicado em coreano em 2021 e traduzido para o inglês agora, "We Do Not Part" é sobre a amizade entre duas mulheres. O livro sai em 2025 nos Estados Unidos e no Brasil, também pela Todavia.

Inseon sofre um acidente e pede que a amiga Kyungha a visite e vá à ilha de Jeju para salvar seu pássaro de estimação. Quando a mulher chega à ilha, uma tempestade de neve dificulta o trajeto até a casa da amiga.

I Put the Evening in The Drawer (2013)
Único livro de poesia de Kang, apesar de a autora ter estreado neste gênero em uma revista literária em 1993, não teve tradução para o inglês ou português. É uma celebração de 20 anos de carreira, com 60 poemas reunidos de diversos momentos de sua obra.

Nobel de Literatura vai para sul-coreana Han Kang, de 'A Vegetariana'

WALTER PORTO E BÁRBARA BLUM PARATY, RJ (FOLHAPRESS)

A sul-coreana Han Kang venceu o prêmio Nobel de Literatura de 2024.

O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira pela Academia Sueca, comitê responsável pela seleção do maior reconhecimento literário do mundo.

Kang é publicada no Brasil pela Todavia, que também havia apostado corretamente na vencedora de 2018, Olga Tokarczuk. Seu livro mais conhecido é "A Vegetariana", que explora até as últimas consequências o desequilíbrio de uma mulher que decide deixar de comer carne.

A autora de 53 anos também publicou "Atos Humanos", sobre as consequências de um ato brutal de violência do Exército contra um levante estudantil em Gwangju, e "O Livro Branco", sobre uma irmã morta que ela nem chegou a conhecer.

A editora prepara ainda, para 2025, uma publicação inédita da agora nobelizada, cujo título em inglês é "I Do Not Bid Farewell".

Kang é a primeira escritora da Coreia do Sul a vencer o maior prêmio literário do mundo. O comitê sueco não selecionava um vencedor da Ásia há sete anos, desde Kazuo Ishiguro, autor japonês que fez carreira no Reino Unido.

Nos últimos anos, a escolha recaiu sobre dois europeus, o norueguês Jon Fosse e a francesa Annie Ernaux. Antes, foi reconhecido o tanzaniano Abdulrazak Gurnah e a americana Louise Glück.

A Academia ressaltou que o reconhecimento foi por sua "percepção única das conexões entre corpo e alma, entre os vivos e os mortos, e por seu estilo poético e experimental, que se tornou inovador na prosa contemporânea".

Sua prosa poética, segundo apontou o Nobel, "confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana".

Anders Olsson, o presidente do comitê literário, disse que a autora tinha terminado de jantar com o filho quando foi comunicada, por telefone, sobre o prêmio. "Ela estava tendo um dia normal", disse Mats Malm, secretário permanente da Academia, "não estava preparada para isso".

De fato, Kang nem passava perto das bolsas de apostas para o prêmio, que tinham suspeitos de sempre como a chinesa Can Xue -a mais forte candidata da Ásia até então-, o australiano Gerald Murnane, o queniano Ngugi wa Thiong'o e a canadense Anne Carson.

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