Gabriel Barnabé, São Paulo, Sp (folhapress) - 20/12/2025 19:48:17 | Foto: Official White House Photo by D. Myles Cullen (2020)
O Departamento de Justiça de Donald Trump começou nesta sexta-feira (19) a divulgação dos arquivos do caso do abusador sexual Jeffrey Epstein, após meses de cobranças da base republicana e trocas de acusações entre congressistas democratas e o presidente americano.
Depois de vaivéns políticos, Trump cedeu à pressão da base do Partido Republicano e, há um mês, sancionou o projeto de lei que liberou os arquivos da investigação sobre o suposto esquema de tráfico sexual operado por Epstein. O prazo para a divulgação era de 30 dias, completados nesta sexta. Ainda não está claro onde os arquivos serão disponibilizados.
O secretário-adjunto do Departamento de Justiça, Todd Blanche, disse mais cedo à emissora Fox News que o departamento divulgaria centenas de milhares de documentos, mas não todo o conjunto de arquivos. Na prática, o órgão foi obrigado a divulgar todos os arquivos até esta sexta.
"Espero que divulguemos mais documentos nas próximas semanas, então hoje algumas centenas de milhares e, nas próximas semanas, mais algumas centenas de milhares", disse Blanche. "Há muita gente de olho nisso e queremos garantir que, ao divulgarmos o material, estejamos protegendo todas as vítimas."
Ao assinar a lei que obriga o Departamento de Justiça a divulgar os documentos não confidenciais, Trump repetiu as acusações de que o caso tem ligação com os democratas, não com os republicanos, e que seus opositores estariam usando "a questão Epstein" para "tentar desviar" do que ele chamou de suas "INCRÍVEIS vitórias". "Esta última farsa se voltará contra os democratas, assim como todas as outras!", escreveu Trump há um mês.
A legislação aprovada, que liberou os arquivos nesta sexta, explicita que nenhuma parte do material deve ter sua divulgação impedida em razão de "constrangimento, dano à reputação ou sensibilidade política".
Por outro lado, no parágrafo em que a lei lista as razões pela qual parte dos documentos pode ser tarjada, há um item possibilitando a censura temporária de material que possa "comprometer uma investigação federal ativa ou processo judicial em andamento".
Além de Trump, outras figuras conhecidas da política americana são citadas nos papéis -como o ex-presidente Bill Clinton, contra quem Trump ordenou a abertura de uma investigação com base no caso, além de outros nomes ligados ao partido, caso do ex-reitor de Harvard e ex-secretário do Tesouro Larry Summers.
Após sancionar a lei, o republicano voltou a atacar Clinton e outros democratas. "Epstein, que foi indiciado pelo Departamento de Justiça de Trump em 2019 (e não pelos democratas!), era um democrata de longa data, doou milhares de dólares para políticos democratas e tinha fortes ligações com muitas figuras conhecidas do partido, como Bill Clinton (que viajou em seu avião 26 vezes), Larry Summers (que acabou de renunciar a vários conselhos, incluindo o de Harvard), [...] e muitos outros", escreveu.
A relação de Epstein com Trump causou questionamentos e críticas ao presidente, que nega qualquer envolvimento em esquemas sexuais. A expectativa da base republicana, que cobrou a divulgação, é de que os documentos podem ajudar a responder perguntas ainda sem resposta -como, por exemplo, se o atual presidente sabia dos abusos e até mesmo se teria participado deles, como alguns dos emails que já vieram à tona dão a entender.
Congresso acusa Trump de violar lei ao reter arquivos do caso Epstein
BRASILIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) - A Comissão de Supervisão do Congresso dos Estados Unidos acusa o governo Donald Trump e o DoJ (Departamento de Justiça) de violarem a lei federal por reter arquivos da investigação sobre Jeffrey Epstein, bilionário morto em 2019 condenado por tráfico sexual.
Parlamentares dizem que o Departamento de Justiça desafia Congresso ao esconder documentos e prometem acionar a Justiça. Segundo a nota oficial, a administração estaria encobrindo provas e se recusando a cumprir uma intimação da comissão. A comissão afirma que o órgão, além de ignorar o Congresso, tem dado "tratamento de estrela" à cúmplice de Epstein, Ghislaine Maxwell, que está presa por envolvimento no esquema de exploração sexual de menores.
No texto, os parlamentares afirmam que estão analisando "todas as opções legais diante da violação da lei federal" e reforçam o direito das vítimas à justiça. "Os co-conspiradores precisam ser responsabilizados, e o povo americano merece total transparência."
A declaração foi divulgada no mesmo dia em que termina o prazo legal para que o governo Trump libere os arquivos da investigação. Em novembro, o próprio ex-presidente sancionou a "Lei de Transparência dos Arquivos de Epstein", após mudança de postura no Congresso. Ele alegou que a divulgação poderia expor aliados do Partido Democrata.
Há muito tempo a divulgação é exigida por um público que deseja entender a ligação entre o criminoso e outras personalidades poderosas. Trechos de documentos já revelados na imprensa mostraram que famosos e políticos participaram das polêmicas festas do empresário. Personalidades como Leonardo DiCaprio, Cameron Diaz, Cate Blanchett, Bruce Willis, Kevin Spacey, George Lucas e Naomi Campbell foram citados, mas nenhum deles foi acusado pela prática de crimes.
Fotos também apontaram a relação entre Epstein e pessoas influentes. Trump, o ex-presidente Bill Clinton, o cineasta Woody Allen, o estrategista Steve Bannon, ex-assessor de Trump, e o fundador da Microsoft, Bill Gates aparecem em imagens com ele.
Epstein foi preso pela primeira vez em 2008, quando foi sentenciado a 13 meses de prisão. Na época, os pais de uma menina de 14 anos denunciaram à polícia que o empresário havia abusado sexualmente da garota em sua mansão. Outras possíveis vítimas foram descobertas e fotos de meninas encontradas na casa dele.
Ele se livrou de pegar prisão perpétua. O bilionário fechou um polêmico acordo que o safou de ficar encarcerado pelo resto da vida, mas fez com que fosse registrado na lista federal de criminosos sexuais.
Ele voltou a ser preso em 2019 sob acusação de tráfico sexual. Jeffrey foi acusado de traficar dezenas de meninas, de explorá-las e abusá-las sexualmente. Desse caso, o bilionário se declarou inocente e sempre negou as acusações. Após um mês na cadeia, aos 66 anos, ele foi encontrado morto na cela em que estava detido. A causa de sua morte divulgada oficialmente foi suicídio.
Membro da realeza britânica, príncipe Andrew já respondeu a processo de abuso sexual relacionado ao caso Epstein. Ele foi acusado de manter relações sexuais com uma garota por intermédio do empresário em uma "orgia com várias menores de idade". Em resposta, o Palácio de Buckingham destituiu Andrew de seus deveres militares e de seu título real.
Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV (www.cvv.org.br) e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188 [https://cvv.org.br/ligue-188/], e também atende por email [https://cvv.org.br/e-mail/], chat [https://cvv.org.br/chat/] e pessoalmente [https://cvv.org.br/postos-de-atendimento/]. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.



















