

Julia Chaib, Washington, Eua (folhapress) - 29/04/2025 21:06:07 | Foto: Reprodução/video
A Casa Branca chamou a Amazon de "hostil" nesta terça-feira (29) depois da divulgação de que a empresa pretendia mostrar aos consumidores o preço relativo às tarifas impostas sobre produtos importados pelo presidente Donald Trump.
Segundo reportagem do Punchbowl News (site especializado em política, sediado em Washington), o plano da Amazon era detalhar o quanto a sobretaxa adiciona ao preço do produto final, ao lado do valor total do item. O plano seria implementado nas próximas semanas, conforme os efeitos das tarifas de Trump entrem em ação. Depois do comentário da Casa Branca, a Amazon negou que tivesse essa intenção.
Em coletiva de imprensa na manhã desta terça, para marcar os cem dias de gestão do novo governo, a secretária de Imprensa, Karoline Leavitt, afirmou ter conversado com Trump sobre o tema e classificou a ação da Amazon como "hostil e política".
Ela disse que o ato vindo da Amazon não fora uma surpresa, enquanto mostrava um papel no qual imprimiu uma reportagem da agência Reuters publicada em 2021 intitulada "Amazon fez parceria com braço de propaganda da China", acompanhada por uma foto de Jeff Bezos, dono da empresa.
Mais tarde, um porta-voz da Amazon afirmou que a companhia havia considerado a ideia para uma parte do site, o Amazon Haul, que compete com a Temu e Shein, com preços ainda mais acessíveis. Ele disse, porém, que o plano não estava aprovado e não acontecerá.
"Equipes discutem ideias a todo o momento. Isso nunca foi aprovado e não vai acontecer", afirmou Ty Rogers em comunicado ao New York Times. Em um comunicado, a empresa disse mais tarde que o plano "nunca foi aprovado e nunca vai acontecer".
Segundo a CNN, o comentário da gigante do comércio varejista ocorreu depois de Trump telefonar para Bezos. O presidente teria ficado furioso. Mais tarde, após a empresa negar a intenção de mostrar as tarifas em seus preços, Trump elogiou o bilionário e disse que ele fez a coisa certa.
"Jeff Bezos é muito legal. Excelente. Ele resolveu o problema muito rapidamente. Fez a coisa certa. Gente boa", disse o republicano a repórteres na Casa Branca.
O secretário de Comércio, Howard Lutnick, também classificou de "boa notícia" o recuo da empresa em um post nas redes sociais.
Trump e Bezos se aproximaram ao longo dos últimos meses. O bilionário foi uma das presenças de destaque na posse do presidente, junto com outros líderes de big techs.
O dono da Amazon também impediu o Washington Post, jornal do qual é dono, de publicar um editorial endossando Kamala Harris durante a campanha. Seu serviço de streaming, o Amazon Prime, incluiu por sua vez diversas temporadas do reality show O Aprendiz, estrelado por Trump, em seu catálogo. A empresa de Bezos vai ainda produzir um documentário sobre a primeira-dama Melania Trump.
Em dezembro, durante evento organizado pelo jornal The New York Times, Bezos justificou sua aproximação de Trump. "O que vi até agora é que ele está mais calmo do que na primeira vez. Mais confiante, mais centrado", disse. "Estou muito esperançoso. Ele parece estar com muita energia em relação à redução de regulamentações."
A Amazon também foi uma das maiores doadoras para a cerimônia, ocorrida em 20 de janeiro. Segundo prestação de contas do evento, ela doou US$ 1 milhão -mesmo montante repassado por Google, Uber e Nvidia, por exemplo.
Três meses depois, porém, elas devem ver pressionadas a cadeia de suprimentos dos iPhones da Apple e tornar muito mais caro para a Amazon, Meta, Google e Microsoft construírem supercomputadores para impulsionar a IA (inteligência artificial).
Trump aplicou tarifas aos produtos chineses de 145%, sendo que a sobretaxa pode chegar a 245% no caso de seringas, por exemplo.
O presidente, por sua vez, teceu elogios a Bezos ao ser perguntado sobre sua relação com o bilionário em uma entrevista publicada pela revista The Atlantic na última segunda. "Ele está 100%," disse. "Ele tem sido ótimo."
A Temu, site gigante de comércio chinesa, já começou a mostrar aos consumidores o valor referente às taxas de importação.