Agência Brasília* | Edição: ígor Silveira - 20/11/2025 11:09:21 | Foto: Freepik
A detecção precoce continua sendo a estratégia mais eficaz contra o câncer de próstata, o tipo de câncer mais frequente entre os homens no Brasil. O alerta foi dado pelo chefe do Serviço de Urologia do Hospital de Base e membro da Sociedade Brasileira de Urologia, Bruno Pinheiro Silva, durante palestra promovida nesta quarta-feira (19) pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio (Cipa PO700) do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF).
“O mais importante é detectar cedo”, afirmou o especialista ao apresentar dados atuais sobre a doença, exames de rastreamento, fatores de risco, sintomas e cuidados essenciais para a saúde do homem.
A palestra integra as ações do Novembro Azul. Segundo o urologista, a campanha já provoca mudanças reais no comportamento dos pacientes. “Percebo, no consultório, um aumento de 20% a 30% por ano na busca por exames.”
O médico apresentou números que reforçam a necessidade de atenção. De acordo com ele, as estimativas apontam 71.730 novos casos no Brasil no triênio 2023–2025, com 48 mortes por dia registradas em 2024. Segundo projeção do Inca, o número de diagnósticos deve dobrar até 2040, chegando a cerca de 140 mil por ano. No recorte regional, o Distrito Federal apresenta a menor taxa de incidência do país (28,21 por 100 mil habitantes), enquanto a Bahia registra a maior (79,42 por 100 mil).
Por que detectar cedo faz diferença?
Identificar a doença no início pode garantir até 90% de chance de cura. O problema, segundo o especialista, é que cerca de 60% dos tumores ainda são descobertos tardiamente no Brasil.
“Nas fases iniciais, há grande probabilidade de cura. Já no estágio avançado, a cura é improvável e o tratamento é muito mais agressivo”, explica.
O rastreamento da doença envolve dois exames complementares: o PSA (antígeno prostático específico), coletado por meio de exame de sangue, e o exame de toque retal. “Antes da coleta, é importante evitar bicicleta, cavalo, moto, atividade sexual e exercícios intensos”, alerta o urologista.
Fatores de risco que exigem atenção
Entre os fatores de risco que exigem atenção está a idade do homem. “A incidência da doença aumenta após os 50 anos e, no caso de grupos de risco, pode começar mais cedo, por volta dos 45”, alerta Bruno. Homens negros apresentam maior probabilidade de desenvolver
a doença e costumam ter tumores mais agressivos.
O histórico familiar é outro ponto importante, pois ter pai ou irmãos diagnosticados eleva significativamente as chances de desenvolver a doença. Além disso, a obesidade pode contribuir para a progressão do câncer para estágios mais avançados, reforçando a necessidade de cuidados contínuos e acompanhamento médico regular.
O conteúdo impactou colaboradores que acompanharam a apresentação, como José Eduardo Nascimento, de 35 anos, que assistiu à palestra do próprio posto de trabalho.
“Acompanhei daqui da minha estação e prestei atenção em cada detalhe. O que mais me chamou a atenção foi saber que homens negros têm mais risco de desenvolver a doença. Agora estou decidido a fazer meus exames e cuidar melhor da minha saúde”, afirma.
Sintomas surgem tardiamente, por isso os exames são essenciais
O câncer de próstata é uma doença silenciosa e, quando os sintomas aparecem, na maior parte das vezes, já está em estágio avançado. Entre os sinais que podem surgir estão dor ou dificuldade ao urinar, jato urinário fraco ou interrompido, necessidade de urinar várias vezes durante a noite, presença de sangue na urina ou no sêmen, dor óssea e fraqueza nas pernas. “Por isso, exames regulares são fundamentais, mesmo na ausência de sintomas”, reforça.
Embora não exista uma forma de prevenção que elimine totalmente o risco, manter um estilo de vida saudável pode ajudar a reduzir a agressividade da doença. O médico orienta adotar uma alimentação equilibrada, praticar atividade física regularmente, controlar o peso e evitar o consumo de tabaco e álcool.
Ao encerrar a palestra, Bruno Pinheiro fez um apelo: “Precisamos quebrar o tabu sobre o câncer de próstata. Homens, cuidem-se. E mulheres, continuem nos ajudando a cuidar.”
*Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF)



















