O documentário recebeu prêmios em festivais e o Oscar de melhor documentário este ano.
Ramala, 21 Abr Agencia Xinhua Brasil - 29/04/2025 12:21:25 | Foto: Mamoun Wazwaz/Xinhua
O cineasta palestino, Hamdan Ballal (centro), codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão", é fotografado em sua casa na vila de Susya, em Masafer Yatta, ao sul de Hebron, no dia 26 de março de 2025. O vínculo dos palestinos com suas terras é forte e eles nunca deixarão suas casas, mesmo em um momento de dificuldades e aumento da violência dos colonos israelenses, disse Hamdan Ballal, codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão". "Sem Chão" narra a violência enfrentada por aldeões palestinos e as demolições israelenses de casas palestinas na área de Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia. O documentário recebeu prêmios em festivais e o Oscar de melhor documentário este ano.
O vínculo dos palestinos com sua terra é forte e eles nunca deixarão suas casas, mesmo em tempos de dificuldades e aumento da violência dos colonos israelenses, disse Hamdan Ballal, codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão".
"Muitas das nossas gerações vivem aqui. Tenho memórias daqui. Sem passado, não é possível viver o futuro. Então, quando você pergunta o que ‘terra’ significa para nós, significa muito: uma vida. Peixes morrem fora d’água. Essa é a relação entre a terra e os palestinos", disse Ballal à Xinhua durante uma entrevista no sábado.
"Sem Chão" narra a violência enfrentada por aldeões palestinos e as demolições israelenses de casas palestinas na área de Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia. O documentário recebeu prêmios em festivais e o Oscar de melhor documentário este ano.
Sentado em sua casa, na aldeia de Susya, em Masafer Yatta, Ballal relembrou à Xinhua algumas das primeiras lembranças da violência israelense. Era uma sexta-feira, cerca de duas décadas atrás, quando sua família estava reunida para uma refeição tradicional em uma tenda. De repente, uma forte explosão interrompeu o momento, e eles perceberam que soldados israelenses haviam jogado um artefato explosivo no centro de seus pratos.
"Ninguém se machucou, mas perdemos a comida. Fiquei muito triste", lembrou ele. Na época, quando criança, ele não entendia o motivo disso, mas "agora entendemos que eles exercem muita pressão para que você saia de casa. Esse é o motivo".
Nos últimos anos, a violência israelense só aumentou. Um relatório da ONU de abril mostrou que, desde o início de 2023, Masafer Yatta "tem visto uma escalada acentuada e sustentada na violência dos colonos, resultando em vítimas e em danos materiais generalizados".
A frequência desses incidentes aumentou drasticamente, de uma média de 1,5 incidente por mês em 2021 e 2022 para quase cinco incidentes por mês nos últimos dois anos, e essa tendência de aumento continuou em 2025, segundo o relatório da ONU.
"Eles atuaram contra os palestinos a partir de duas frentes: a demolição (de casas palestinas) e também a violência dos colonos", disse Ballal, que relatou que, apenas dois dias antes, colonos atacaram um palestino em Masafer Yatta, resultando na perda de uma perna. "É isso que está acontecendo aqui. Os palestinos enfrentam isso diariamente".
A violência também tem um impacto econômico. Ballal disse à Xinhua que costumava criar mais de 70 ovelhas, mas, devido aos frequentes ataques dos colonos, não consegue alcançar a maior parte de suas terras e criar ovelhas lá. Agora, ele só cria cerca de 25 ovelhas, um problema para sua renda familiar. "Se você arar sua terra, eles irão te expulsar. É muito difícil para os agricultores", disse Ballal.
Durante a entrevista, Ballal também culpou os Estados Unidos pelo aumento da violência contra os colonos, já que Washington revogou as sanções contra alguns grupos e indivíduos de colonos israelenses de extrema direita no início deste ano. "Os colonos têm muito poder por trás deles. Agora eles sentem que podem fazer o que quiserem, porque ninguém vai impedi-los", disse Ballal.
Quando questionado sobre as recentes declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, sugerindo a realocação de moradores da Faixa de Gaza para países vizinhos, Ballal disse que os palestinos preferem ficar.
"Conheço os palestinos: eles morrerão, mas nunca deixarão suas terras e casas. Talvez eles voltem para os escombros das casas agora e vivam lá, mas nunca sairão, porque esta é a nossa terra", disse ele.
"Sobre mim e minha aldeia, eu nunca sairei porque esta é nossa vida, é nosso lar e temos o direito de estar seguros em nossa casa. É o que diz o direito internacional. E muitas organizações de direitos humanos falam sobre isso: você tem o direito de se sentir seguro em sua casa", acrescentou ele.
Após ganhar o Oscar, Ballal disse que teve sentimentos mistos. "Vamos ao Oscar porque fizemos um filme sobre nossa vida, as histórias e tudo o que enfrentamos. Você vem da aldeia, mas tem orgulho de si mesmo. Você fica feliz porque fez algo poderoso pela sua comunidade e seu povo", disse ele.
No entanto, após voltar de Hollywood, ele ficou impressionado com a diferença entre as pessoas que vivem em outras partes do mesmo mundo. "Você fica triste porque vê outras pessoas, as casas em que moram, e quando volta para as casas da vila, (você vê) como elas vivem e o que enfrentam. Elas perdem suas casas", disse ele.
À medida que o documentário ganha audiência internacional, ele chama muita atenção para Masafer Yatta. Muitas pessoas até vieram visitar a região, de acordo com Ballal.
"Não podemos mudar tudo ao mesmo tempo. Isso demora, mas conseguimos porque muitas pessoas agora entendem o que está acontecendo aqui. Esse era o objetivo do documentário", disse o diretor. "Depois que chegamos ao Oscar, ainda estamos enfrentando ataques, não sei se isso vai mudar algo. Veremos".
O cineasta palestino, Hamdan Ballal, codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão", segura estatueta do Oscar em sua casa na vila de Susya, em Masafer Yatta, ao sul de Hebron, no dia 26 de março de 2025. O vínculo dos palestinos com suas terras é forte e eles nunca deixarão suas casas, mesmo em um momento de dificuldades e aumento da violência dos colonos israelenses, disse Hamdan Ballal, codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão". "Sem Chão" narra a violência enfrentada por aldeões palestinos e as demolições israelenses de casas palestinas na área de Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia. O documentário recebeu prêmios em festivais e o Oscar de melhor documentário este ano. (Foto por Mamoun Wazwaz/Xinhua)
O cineasta palestino, Hamdan Ballal (centro), codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão", é fotografado em sua casa na vila de Susya, em Masafer Yatta, ao sul de Hebron, no dia 26 de março de 2025. O vínculo dos palestinos com suas terras é forte e eles nunca deixarão suas casas, mesmo em um momento de dificuldades e aumento da violência dos colonos israelenses, disse Hamdan Ballal, codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão". "Sem Chão" narra a violência enfrentada por aldeões palestinos e as demolições israelenses de casas palestinas na área de Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia. O documentário recebeu prêmios em festivais e o Oscar de melhor documentário este ano. (Foto por Mamoun Wazwaz/Xinhua)
O cineasta palestino, Hamdan Ballal, codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão’, fala durante entrevista em sua casa na vila de Susya, em Masafer Yatta, ao sul de Hebron, no dia 19 de abril de 2025. O vínculo dos palestinos com suas terras é forte e eles nunca deixarão suas casas, mesmo em um momento de dificuldades e aumento da violência dos colonos israelenses, disse Hamdan Ballal, codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão". "Sem Chão" narra a violência enfrentada por aldeões palestinos e as demolições israelenses de casas palestinas na área de Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia. O documentário recebeu prêmios em festivais e o Oscar de melhor documentário este ano. (Foto por Mamoun Wazwaz/Xinhua)
O cineasta palestino, Hamdan Ballal, codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão", fala durante entrevista em sua casa na vila de Susya, em Masafer Yatta, ao sul de Hebron, no dia 19 de abril de 2025. O vínculo dos palestinos com suas terras é forte e eles nunca deixarão suas casas, mesmo em um momento de dificuldades e aumento da violência dos colonos israelenses, disse Hamdan Ballal, codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão". "Sem Chão" narra a violência enfrentada por aldeões palestinos e as demolições israelenses de casas palestinas na área de Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia. O documentário recebeu prêmios em festivais e o Oscar de melhor documentário este ano. (Foto por Mamoun Wazwaz/Xinhua)
O cineasta palestino, Hamdan Ballal, codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão", fala durante entrevista em sua casa na vila de Susya, em Masafer Yatta, ao sul de Hebron, no dia 19 de abril de 2025. O vínculo dos palestinos com suas terras é forte e eles nunca deixarão suas casas, mesmo em um momento de dificuldades e aumento da violência dos colonos israelenses, disse Hamdan Ballal, codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão". "Sem Chão" narra a violência enfrentada por aldeões palestinos e as demolições israelenses de casas palestinas na área de Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia. O documentário recebeu prêmios em festivais e o Oscar de melhor documentário este ano. (Foto por Mamoun Wazwaz/Xinhua)
O cineasta palestino, Hamdan Ballal, codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão", fala durante entrevista em sua casa na vila de Susya, em Masafer Yatta, ao sul de Hebron, no dia 19 de abril de 2025. O vínculo dos palestinos com suas terras é forte e eles nunca deixarão suas casas, mesmo em um momento de dificuldades e aumento da violência dos colonos israelenses, disse Hamdan Ballal, codiretor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão". "Sem Chão" narra a violência enfrentada por aldeões palestinos e as demolições israelenses de casas palestinas na área de Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia. O documentário recebeu prêmios em festivais e o Oscar de melhor documentário este ano. (Foto por Mamoun Wazwaz/Xinhua)
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