Como primeira senadora negra, Laélia proferiu discursos necessários em busca da luta contra o racismo e em favor da igualdade social.
Por fernanda Ghazali Hosken - Agência De Notícias Ceub - 25/04/2024 08:51:22 | Foto: Arquivo Senado
Primeira senadora negra do Brasil, Laélia de Alcântara, em 1981, assumiu o cargo como suplente do senador Adalberto Sena, pelo PMDB do estado do Acre. No ano seguinte, com o falecimento de Adalberto, Laélia assumiu como titular no Senado, onde defendeu causas como o combate ao racismo, defesa da equidade de gênero e luta pela democracia.
Natural de Salvador (BA), Laélia nasceu em 7 de julho de 1923. Aos 26 anos, formou-se na Faculdade de Ciências Médicas do Estado do Rio de Janeiro. Além do pioneirismo político, Laélia também deixou sua marca na medicina ao ser a primeira mulher médica a trabalhar no estado do Acre.
A senadora, que se definia como “mulher, médica, parlamentar e, principalmente, brasileira”, defendeu causas nobres como os valores democráticos, a igualdade de gênero e a luta contra o racismo e proclamou discursos essenciais para a sociedade e política brasileira.
Foto: Arquivo Senado
Além da defesa da democracia, Laélia também incorporava a promoção da equidade de gênero.
Ainda em 1982, um grande feito que contou com a contribuição de Laélia, permitiu que mulheres pudessem pilotar aviões na Força Aérea Brasileira (FAB) e estendeu a elas a possibilidade de alcançarem cargos superiores na Aeronáutica, como os postos de tenente-brigadeiro, major-brigadeiro, brigadeiro e coronel.
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, Correio Braziliense 1981, edição 06688
Como primeira senadora negra, Laélia proferiu discursos necessários em busca da luta contra o racismo e em favor da igualdade social.
Segundo a seção Arquivo S, uma parceria entre Agência Senado e Arquivo do Senado, documentos históricos revelam que a senadora Laélia de Alcântara também solicitou ao governo o combate à fome e ao trabalho infantil, a garantia dos direitos às pessoas com deficiência, a preservação do meio ambiente, a demarcação de terras indígenas e o oferecimento de serviços gratuitos de saúde a toda a população, em período anterior à criação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Foto: Arquivo Senado
Mulheres no Senado
Ainda no Brasil Império, a Princesa Isabel se tornou a primeira mulher senadora do País. João Daniel Lima de Almeida, historiador e mestre em relações internacionais, explica que, por ser regente do Brasil nas viagens de seu pai, Dom Pedro II, a Princesa Isabel era automaticamente a chefe do Senado pela Constituição.
“Embora a Constituição Brasileira fosse omissa em relação a esse tema, e na prática mulheres não tivessem vida política, por ser regente da Família Imperial a princesa acabou não necessariamente exercendo o cargo, mas formalmente sendo a presidente do Senado”.
Foto: Arquivo Nacional
Eunice Michiles foi a primeira mulher eleita a ocupar uma cadeira na casa, em 1979. Natural de São Paulo, Eunice entrou para o congresso como representante do estado do Amazonas por ocasião da morte do titular da vaga, João Bosco de Lima. No dia da posse de Laélia, a senadora estava presente ao lado de deputadas para prestigiar a chegada da primeira senadora negra do Brasil.
Foto: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional / Correio Braziliense
Foto: Arquivo Senado
Exposição Mulheres no Poder, Câmara dos Deputados. Foto: Fernanda Ghazali
Atualmente, o Senado Federal conta com 15 senadoras dentro dos 81 parlamentares da casa, sendo Eliziane Gama (MA) a única mulher negra.
Foto: Arquivo Senado
Por Fernanda Ghazali, Maria Eduarda Lima e Ana Tominaga (texto e vídeo)
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira
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