Apenas 22 dos turistas inquiridos tiveram necessidade de contactar as forças de segurança
Www.dn.pt - 29/04/2019 10:10:15 | Foto: Divulgação
Uma pesquisa sobre o sentimento de (in)segurança dos estrangeiros, realizada por um projeto da Universidade Nova de Lisboa, revela que só a "beleza natural e património" têm mais relevância do que a segurança na escolha por Portugal.
Apenas 11 em 806 turistas inquiridos dizem que não se sentem seguros em Portugal - 98% consideram-se em segurança, de acordo com uma pesquisa da Universidade Nova de Lisboa (Information Management School e o Instituto Português de Relações Internacionais) realizado em quatro cidades que são destinos turísticos importantes: Lisboa, Porto, Faro e Sintra (vila). No entanto, 60% dos turistas sentem-se ainda mais seguros no seu país de origem.
O estudo "Sentimento de (in)segurança. Impacto da perceção de segurança por parte dos turistas" foi desenvolvido no âmbito do projeto SIM4Security - que conjuga cenários demográficos com a distribuição das polícias no território - e está integrado num livro - Modelos Preditivos e Segurança Pública - que será apresentado na Nova, nesta quinta-feira.
O objetivo da pesquisa foi "perceber qual o sentimento de segurança vivenciado pela comunidade turística que visita Portugal, apontando aos objetivos desse projeto na otimização de recursos e consequentemente no desenvolvimento de políticas públicas de segurança consentâneas".
Além da percepção global da segurança sentida pela esmagadora maioria dos turistas, esta pesquisa tem também outros indicadores curiosos: entre as cinco motivações consideradas relevantes para a escolha e Portugal como destino - "custo de vida", "lifestyle/gastronomia", "beleza natural/património", "clima" e "segurança" -, a única variável que apresenta uma relevância superior à "segurança" é a "beleza natural e património", com mais 8% de respostas.
Boa impressão sobre os polícias
Apenas 22 dos turistas inquiridos tiveram necessidade de contactar as forças de segurança (PSP, GNR e Polícia Municipal) e ficaram com uma ideia muito positiva: para "apurar o grau de eficiência desse contacto foram avaliados três vetores dessa interação: o domínio de língua estrangeira (68% consideram bom ou muito bom), a qualidade do contacto/interação (82% bom ou muito bom) e, por último, o nível de obtenção de informação (82% bom ou muito bom), o que nos deixa perante resultados francamente positivos", é escrito neste capítulo.
Foi também indagada a perceção dos turistas sobre a presença das autoridades nos espaços públicos e a maioria considerou que era "normal" e "adequada", com apenas 5% a entender que é "exagerada". "Se é certo que em determinados países ou no caso particular de determinadas cidades (onde já se verificou a ocorrência de episódios de insegurança dignos de registo) a presença das autoridades se faz sentir de forma efetiva (casos de Barcelona. Londres, Paris, só para referir as mais próximas), cidades como Lisboa, Porto, Faro ou a vila de Sintra, onde se realizaram os inquéritos, essa presença é sentida mas não demasiado notada", concluem os investigadores
Mais seguros no país de origem
Apesar de reconhecerem a segurança do país, 60% dos inquiridos assumiram que se sentem mais seguros no seu país de origem. É o caso, principalmente, dos alemães, dos ingleses, dos belgas, dos holandeses, dos suíços e dos japoneses. No lado oposto estão os brasileiros, quase metade dos espanhóis e dos franceses. Nestas duas últimas nacionalidades, tal é interpretado pelo facto de esses países terem sido alvos recentes de atentados.
A nacionalidade mais representativa desta pesquisa amostra que são os espanhóis, com cerca de 16%, seguidos pelos alemães, brasileiros, franceses e ingleses, com 15,6%, 15,5%, 10,4% e 9,9%, respetivamente. Esta apesquisa foram realizados em março e junho de 2018.
"Portugal é ainda um país seguro, quando comparado com a generalidade dos países, mesmo no seio da Europa. Não podem ser ignorados, porém, os sinais claros do incremento de algumas formas de criminalidade. Paralelamente às medidas legais e estruturais adotadas pelo executivo e que são uma parte da resposta, a sociedade como um todo deve mobilizar-se nesse desiderato nacional que é a segurança pública", advertem os investigadores que avaliaram os resultados - Aline Santos, André Inácio e Jorge Ferreira.
No seu entender, "o objetivo foi atingido, revelando-se, no final, um cenário otimista e bastante positivo em relação à opinião dos visitantes/turistas sobre o sentimento de segurança numa amostra". Salientam que tem havido "um crescente aumento da preocupação dos governos na segurança dos seus cidadãos e de quem visita os países. Há que garantir a segurança, mas também dar uma perceção de segurança".
Destino mais seguro
Consideram ser "importante realçar que a preocupação com a segurança de um país que se visita é crescente e, por isso, cada vez mais, os indicadores de segurança e a ideia generalizada (nem sempre real) mas transmitida pelos media e plataformas digitais que disseminam "as opiniões" de quem viaja são hoje determinantes, tal como o clima ou a beleza paisagística de uma região ou país".
Recordam que "são inúmeros os exemplos de destinos que, face ao aumento de instabilidade e crescente insegurança, têm visto reduzidos os seus indicadores de atividade turística, como o Egito, a Turquia, Espanha, etc.". A evolução de fenómenos como o terrorismo, "que colocam em causa a segurança, levam a que as motivações e as preocupações de quem viaja evoluam também com o próprio setor do turismo".
Globalmente, "os destinos turísticos sofrem mutações, umas diretamente relacionadas com as dinâmicas locais, outras provocadas por dinâmicas mais globais, impossíveis de prever. No entanto, a propensão e/ou probabilidade para a ocorrência deste tipo de fenómenos poderá ser maior nuns locais do que noutros. E é por isso que Portugal é, no atual momento, uma opção mais "segura", concluem.
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