O uso de robôs microscópicos no tratamento de diversas doenças como a pneumonia é uma promissora tecnologia que pode revolucionar a medicina.
Por Dr. bernardo Petriz, ciência Para Saúde - 05/10/2022 19:31:07 | Foto: Divulgacão
A pneumonia é uma das principais causas de hospitalização no mundo, com incidência global variando de 1.5 a 14 casos a cada 1.000 pessoas por ano. Fatores como a localização geográfica, as características da população e a estação do ano contribuem diretamente no número de casos e na gravidade da doença.
Assim como outras doenças, a pneumonia pode se manifestar de modo mais leve sendo tratada ambulatorialmente, e de forma mais grave, necessitando de tratamento na unidade de terapia intensiva (UTI). Apesar disso, a taxa de mortalidade em pacientes internados em UTI é alta, chegando a 23%.
O tratamento da pneumonia é feito com o uso de antibióticos, no entanto, o fármaco de escolha é determinado de acordo com a manifestação clínica da doença, e a presença de outras patologiase comorbidades como a hipertensão, diabetes, imunossupressão, doença hepática, uso crônico de álcool, tabagismo, asma, etc. Devido a estes fatores, o diagnóstico precoce é muito importante para se determinar o nível de cuidado exigido, bem como o sucesso do tratamento.
Buscando formas alternativas de tratar a pneumonia, pesquisadoresda Universidade da California em San Diego desenvolveram microrobôs que conseguem levar medicamentos até os pulmões infectados com pneumonia bacteriana.
Estes micro robôs foram desenvolvidos a partir de células de algas com a presença de nanopartículas carregadas de antibiótico. O movimento produzido pelas algas permite que os micro robôs“nadem” e entreguem os antibióticos nas regiões mais infectadas nos pulmões.
A pesquisa foi realizada em camundongos infectados agudamente pela bactéria Pseudomonas aeruginosa responsável pela forma mais grave da doença. Em humanos, a infecção aguda costuma afetar pacientes em processo de ventilação mecânica na UTI, sendo potencialmente fatal.
Os micro robôs foram inseridos nos pulmões dos camundongos infectados, tratando a doença completamente em uma semana. Na pesquisa, 100% dos animais infectados sobreviveram, ao contrário dos animais não tratados que morreram em três dias.
Além disso, os pesquisadores verificaram que a dose de antibiótico carreada pelos micro robôs 3 mil vezes menor do que a necessária para tratar a doença pela via tradicional intravenosa. Isso ocorrer pelo fato dos micro robôs conseguirem levar o medicamento de modo mais eficaz nos pontos focais da infecção ao invés de difundir o antibiótico pelo resto do organismo.
Estes dados indicam um possível novo caminho terapêutico com o uso da nanotecnologia para o tratamento não apenas da pneumonia, mas de diversas outras doenças infecciosas.
Para mais informações sobre o estudo, assista ao vídeo pelo abaixo:
https://www.instagram.com/reel/CjEwMJ5guvY/?igshid=YmMyMTA2M2Y=
Fonte: Fangyu Zhang, Jia Zhuang, Zhengxing Li, Hua Gong, Berta Esteban-Fernández de Ávila, Yaou Duan, Qiangzhe Zhang, Jiarong Zhou, Lu Yin, Emil Karshalev, Weiwei Gao, Victor Nizet, Ronnie H. Fang, Liangfang Zhang, Joseph Wang. Nanoparticle-modified microrobots for in vivo antibiotic delivery to treat acute bacterial pneumonia. Nature Materials, 2022; DOI: 10.1038/s41563-022-01360-9
Sobre o Ciência pra saúde: o CPS é uma Edutech formada professores e pesquisadores com experiência no ensino superior, gestão educacional e empreendedorismo na área da saúde e biotecnologia;
Bernardo Petriz é professor e pesquisador na área da ciência do exercício & saúde, com mestrado em Educação Física e doutorado em Ciências Genômicas e Biotecnologia. É o fundador e diretor executivo do Ciência para Saúde e da O´tech, startup de desenvolvimento biotecnológico no Distrito Federal.
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