Bolsonaro exonera Valeixo do comando da PF e Moro pode anunciar ainda hoje a sua saída do governo

Ministro ficou indignado e deve se pronunciar ainda pela manhã

Bolsonaro exonera Valeixo do comando da PF e Moro pode anunciar ainda hoje a sua saída do governo
Bolsonaro exonera Valeixo do comando da PF e Moro pode anunciar ainda hoje a sua saída do governo

Aguirre Talento-o Globo / Tribuna Da Internet - 24/04/2020 09:22:31 | Foto:

O presidente Jair Bolsonaro oficializou nesta sexta-feira, dia 24, a demissão do diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo, nome de confiança do ministro Sergio Moro para o cargo. A possibilidade de sua demissão gerou uma crise na quinta-feira entre Bolsonaro e Moro, que ameaçou deixar o cargo caso Valeixo fosse exonerado.

O ministro não foi avisado por Bolsonaro que a demissão de Valeixo seria efetivada e, segundo interlocutores, avalia pedir demissão diante do cenário. Moro vai conceder uma entrevista coletiva às 11h. O decreto da saída de Valeixo não foi formalmente assinado por Moro, apesar de seu nome constar no decreto. Isso indica que a discordância entre os dois se ampliou e agravou a crise política iniciada nesta quinta.

DEMISSÃO – Fontes do ministério apontam que Moro pode efetivamente pedir demissão após a exoneração de seu aliado. Nome de confiança do ministro, Valeixo comandou a Superintendência da PF no Paraná durante a Operação Lava-Jato e foi indicado por Moro para comandar a corporação assim que assumiu o ministério da Justiça.

Sua permanência, entretanto, acabou sendo alvo de atritos com Bolsonaro, que em meados do ano passado tentou impor a indicação de um nome para a Superintendência da PF do Rio. A corporação reagiu à interferência externa e, diante do impasse, Bolsonaro ameaçou demitir Valeixo na ocasião.

ANTECIPAÇÃO – Após os desgastes, Valeixo negociava uma saída pacífica do cargo para meados de junho, mas a antecipação da demissão surpreendeu aliados. Agora, o presidente queria indicar um nome de sua confiança ao comando da PF, mas Moro se posicionou contrariamente e tenta controlar a sucessão na corporação para blindá-la de influência política.

Apesar da demissão, não consta no Diário Oficial a indicação de um substituto para Valeixo. Há ao menos três nomes atualmente cotados para o cargo. Um dos nomes do agrado do presidente Bolsonaro é o delegado Anderson Torres, atual secretário de Segurança Pública do governo do DF, enfrenta total oposição de Sergio Moro. Desde o fim do ano passado, Torres tem se articulado politicamente para suceder Valeixo, o que atraiu a ira do atual ministro da Justiça.

ACENO – Fontes da cúpula da PF avaliam que a indicação de Torres seria um aceno de Bolsonaro para políticos do centrão, que são alvos de investigações na Lava-Jato. Um dos padrinhos do delegado é o governador do DF Ibaneis Rocha, do MDB, que esteve com Bolsonaro Palácio do Planalto anteontem para uma reunião sobre coronavírus e levou Torres para o encontro. Seu nome sofre resistência dentro da PF, após o malsucedido movimento para derrubar Valeixo no fim do ano.

Um dos nomes que tem a confiança de Moro para o cargo é do atual diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) Fabiano Bordignon, que também é visto com bons olhos dentro da PF. Também paranaense, Bordignon era chefe da delegacia da PF em Foz do Iguaçu (PR) antes de ser levado por Moro para dirigir o Depen, no início de sua gestão como ministro da Justiça.

BOM TRÂNSITO – Outro nome cotado para comandar a PF é o atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, que tem a confiança do presidente e também tem bom trânsito com seus filhos e com a ala militar do governo.

Ramagem foi chefe da equipe de segurança do então candidato à presidência Jair Bolsonaro em 2018. Com a convivência, caiu no gosto do recém-eleito presidente e foi chamado para dirigir a Abin. Fontes da PF apontam que Moro também mantém uma boa relação com Ramagem.

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NOTA DA REDAÇÃO
– A exoneração ocorreu “a pedido”, segundo decreto publicado no “Diário Oficial da União”. Moro foi pego de surpresa pela exoneração – que não ocorreu “a pedido” como diz o D. O, e ficou indignado. O ministro não assinou a demissão e não esperava que isso ocorresse nesta sexta-feira . Caminhando para a metade da sua gestão, Bolsonaro já descartou vários apoiadores do seu time e desfez inúmeros projetos em andamento. Perde credibilidade e agora chuta um dos nomes mais fortes que tinha entre os seus ministros. Conforme dito por meses nessa TI, não tem estratégia, planejamento e é conduzido pelas determinações do seu clã. Com a iminente saída de Moro, nomes ligados aos seus filhos poderão ocupar o lugar de Valeixo. Torres, atual secretário de Segurança Pública do DF, é próximo de Eduardo. Já o atual diretor da Abin, Alexandre Ramagen, é intimamente ligado a Carluxo, sendo inclusive associado à Abin paralela que o filho 02 pretendia implantar. Os mais exaltados que apoiam Bolsonaro a todo custo vão tentar justificar e dizer que, caso Moro saia do governo, que o ministro era comunista ou infiltrado do PSOL. (Marcelo Copelli)

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