Casos de Coronavirus dobram cada vez mais rápido no Distrito Federal

De 40 a 50% dos casos de coronavírus resgistrados no Distrito Federal foram detectados por meio da testagem rápida

Casos de Coronavirus dobram cada vez mais rápido no Distrito Federal
Casos de Coronavirus dobram cada vez mais rápido no Distrito Federal

Walder Galvão - Correioweb - 12/06/2020 08:14:07 | Foto: CorreioWeb

Monitoramento feito pela UnB mostra que a quantidade de diagnósticos da covid-19 leva, atualmente, menos de 10 dias para duplicar no Distrito Federal. Especialistas alertam que esse cenário pode provocar a falta de leitos para tratamento da doença

A quantidade de casos confirmados do novo coronavírus está duplicando de forma mais rápida. Ontem, o Distrito Federal ultrapassou a marca de 20 mil infectados e registrou a primeira morte de paciente com menos de 20 anos: uma bebê de 1 ano e 4 meses (leia reportagem abaixo). Monitoramento da Sala de Situação da Universidade de Brasília (UnB), que acompanha a evolução da doença na capital, mostra que o número de diagnósticos da covid-19 leva 9,6 dias para atingir o dobro, no cenário atual. O ideal, segundo avaliação dos pesquisadores, é que esse aumento ocorresse a cada 10 dias. Especialistas alertam que a flexibilização das medidas de restrição e o descumprimento das orientações de higiene impactam nos dados.

O DF atingiu o tempo de duplicação abaixo do esperado no domingo. A última vez que a taxa apresentou tanta redução foi em 20 de maio, quando o período para que os casos dobrassem chegou a 9,7 dias. Em 13 de abril, o índice apresentou o melhor resultado, quando a capital levava mais de 18 dias para que a quantidade de infectados sofresse esse aumento.

Além do acompanhamento da UnB, outro estudo comprova que a velocidade da infecção na capital vem aumentando continuamente. Pesquisa da Companhia de Planejamento (Codeplan), divulgada na terça-feira, mostra que o índice de crescimento dos casos subiu para 7,1% na semana entre 31 de maio e 6 de junho. Isso significa, segundo a análise, que a quantidade de casos de coronavírus na capital demora de 10 a 11 dias para dobrar.

De acordo com a Codeplan, na semana anterior, entre 24 e 30 de maio, a taxa era de 5,2% ao dia, ou seja, a quantidade de casos levava de 13 a 14 dias para duplicar. Entretanto, a companhia ressalta que o aumento não foi suficiente para indicar uma nova tendência em escala logarítmica, usada para fazer o cálculo.

Causas

O epidemiologista Mauro Sanchez, da Sala de Situação da UnB, explica que o tempo de 10 dias, considerado o desejado pelos pesquisadores, foi definido em consenso pelos estudiosos. “Quando os casos duplicam a cada 10 dias, a velocidade de aceleração não é muito rápida. Isso te dá um tempo para que o serviço de saúde absorva (a demanda). Abaixo desse período, é um volume grande (de pacientes) em um pequeno intervalo de tempo. Entretanto, há internações que duram mais do que esse período”, destaca.

De acordo com o especialista, essa taxa, além de ser uma referência da disseminação do coronavírus, é uma indicação de que o sistema de saúde pode começar a ter problemas na disposição de leitos para os pacientes. “Apesar disso, Distrito Federal aumentou a capacidade de vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs), com habilitação na rede privada e com o hospital de campanha. Porém, o período de duplicação é um alerta de que está entrando muito doente em um curto período de tempo. O ideal é ficar atento”, reforça.

Para o epidemiologista, a flexibilização das medidas de restrição, como a abertura do comércio e o relaxamento das pessoas quanto às orientações sanitárias, contribuiu para que o período de duplicação da taxa de infecção tenha diminuido. “Educar a população é fundamental. A gente está se arrastando na primeira onda da doença, e só se começa a perceber o pico quando os casos começarem a diminuir”, frisou.

Por meio de nota oficial, a Secretaria de Saúde informou que esse crescimento é esperado. “A realização da testagem rápida em larga escala aumentou a capacidade de detecção e tem representado em torno de 40 a 50% do total de casos detectados”, destacou o texto. Além disso, a pasta reforçou que usa metodologias de estudos internacionais adaptadas para os parâmetros do DF e que realiza projeções semanalmente.

Isolamento social

Enquanto a velocidade dos diagnósticos da covid-19 cresce, o isolamento social cai. Atualmente, o Distrito Federal está em 14º lugar no ranking das unidades da Federação que mais obedecem à medida de restrição. A taxa na capital é de 39,35%, quase metade do valor ideal considerado pela Secretaria de Saúde no início da pandemia, que era de 70%.

Com 47,83% de taxa de isolamento social, Rondônia lidera o ranking. Na segunda colocação, está o Acre, com índice de 43,91%, e, em terceiro, o Amapá, onde 43,18% da população obedece às restrições. Por outro lado, Tocantins (34,59%), Goiás (35,36%) e Mato Grosso do Sul (36,33%) apresentam piores resultados. O percentual é medido por uma empresa de softwares, que verifica geolocalização de aparelhos eletrônicos, como celulares.



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