O hábito de comer tarde da noite tem impacto negativo na saciedade alimentar e na maneira como queimamos as calorias.
Por: Dr. bernardo Petriz, Ciência Para Saúde - 09/12/2023 06:42:33 | Foto: Divulgação
Segundo o último relatório global de nutrição, 2 bilhões de adultos estão com sobrepeso/obesidade, e 41 milhões de crianças se encontram na mesma condição. É notório que nas últimas décadas, o sobrepeso e a obesidade aumentaram significantemente em escala global.
Considerada uma epidemia grave, a obesidade é um dos principais fatores contribuintes para o desenvolvimento de diversas doenças crônicas e problemas de saúde como a diabetes, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, e mais recente, a mortalidade por COVID-19.
Por ser uma doença de origem multifatorial, a sua prevenção e tratamento não envolvem medidas simplistas, mas sim, o entendimento das doenças em sua complexidade.
Um dos fatores investigados que influencia o risco da obesidade é o horário das refeições, em especial, a última refeição do dia. Diversos estudos indicam que se alimentar tarde da noite contribui para o desenvolvimento e o agravamento da obesidade, no entanto, os mecanismos moleculares e fisiológicos responsáveis por esta influência não eram amplamente conhecidos.
Recentemente, este fenômeno foi investigado levando em consideração três fatores de grande relevância para a regulação do peso corporal e, portanto, para o desenvolvimento e agravamento da obesidade. Os pesquisadores do Programa de Cronobiologia Médica do Brigham and Women´s Hospital nos EUA buscaram entender a influência direta do horário das refeições na ingesta calórica, no gasto energético e nas vias moleculares envolvidas com a adipogênese, processo responsável pelo aumento de gordura no organismo.
A pesquisa relevou que comer tarde tem um impacto significante na fome e nos hormônios que regulam o apetite, a leptina e a grelina, influenciando no maior desejo de comer por parte dos participantes. Além disso, a queima de calorias se mostrou mais lenta no grupo de pessoas que se alimentaram mais tarde. Por fim, os pesquisadores também conseguiram verificar a contribuição dos genes do tecido adiposo envolvidos no aumento da adipogênese (aumento de tecido adiposo) e na redução da lipólise, processo responsável pela quebra dos triglicerídeos estocados nas células do tecido adiposo.
Pesquisas como esta indicam o impacto da alimentação tardia em comparação à precoce e os mecanismos moleculares envolvidos entre a alimentação tardia e sua contribuição para a obesidade.
Para mais informações sobre o estudo, assista ao vídeo pelo link: https://www.instagram.com/reel/CjXsILAASIm/?igshid=YmMyMTA2M2Y=
Fonte: Nina Vujović et al. Late isocaloric eating increases hunger, decreases energy expenditure, and modifies metabolic pathways in adults with overweight and obesity. Cell Metabolism, 2022 DOI: 10.1016/j.cmet.2022.09.007
Sobre o Ciência pra saúde: o CPS é uma Edutech formada professores e pesquisadores com experiência no ensino superior, gestão educacional e empreendedorismo na área da saúde e biotecnologia;
Bernardo Petriz é professor e pesquisador na área da ciência do exercício & saúde, com mestrado em Educação Física e doutorado em Ciências Genômicas e Biotecnologia. É o fundador e diretor executivo do Ciência para Saúde e da O´tech, startup de desenvolvimento biotecnológico no Distrito Federal.
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