Coronavírus: Técnica de enfermagem que cuida de recém-nascidos conta rotina em hospital público do DF

Dafne Santos, de 34 anos, trabalha no Hospital Regional da Asa Norte. Unidade recebe apenas pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19.

Coronavírus: Técnica de enfermagem que cuida de recém-nascidos conta rotina em hospital público do DF
Coronavírus: Técnica de enfermagem que cuida de recém-nascidos conta rotina em hospital público do DF

Por Marília Marques, G1 Df - 03/05/2020 07:01:59 | Foto: Arquivo pessoal

Técnica de enfermagem há quase uma década, Dafne Santos, de 34 anos, precisou reaprender os primeiros cuidados com recém-nascidos que atende no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília. A unidade é referência da rede pública para casos de Covid-19.

Antes, o que era uma recomendação para profissionais de saúde, se tornou "violação". O contato pele a pele entre mãe e filho, logo após o parto, está proibido para diminuir os riscos de contágio do novo coronavírus.

“As mães estão sendo privadas do instinto materno para que evitem infectar o bebê.”

Com o novo protocolo no centro obstétrico, assim que nascem, as crianças são imediatamente separadas da mãe, já que as gestantes atendidas no hospital estão com suspeita ou confirmação da doença. Antes da pandemia, os bebês eram entregues às mulheres ainda ligados ao cordão umbilical.

Agora, segundo Dafne, os recém-nascidos são levados para a sala de cuidados e recebem o primeiro banho duas horas após o nascimento. O tempo de espera até então era de seis horas.

"Depois, a gente põe a máscara na mãe, higieniza e a orienta a não tirar o equipamento de segurança e evitar de colocar a mão no rosto do neném."

Hospital Regional da Asa Norte (Hran) é referência no combate ao coronavírus no DF  — Foto: TV Globo/Reprodução

Hospital Regional da Asa Norte (Hran) é referência no combate ao coronavírus no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Apesar das medidas de segurança, segundo a técnica de enfermagem, nem sempre é fácil convencer as mulheres a segui-las. "Temos que vigiar muito para evitarmos que aconteça uma nova contaminação", explica.

“Qual mãe que acabou de ter um filho e não quer cheirar e encostar o rosto? É difícil mesmo.”

Desde o início de abril, o Hran recebe apenas pacientes com Covid-19 ou casos suspeitos de coronavírus. O mesmo acontece na maternidade, apenas grávidas com sintomas da doença são atendidas.

Mão de bebê recém-nascido — Foto: Edmundo Gomide/UFTM

Mão de bebê recém-nascido — Foto: Edmundo Gomide/UFTM

Ao chegarem, em trabalho de parto, as gestantes passam por testes para o diagnóstico. Ao dar positivo para o novo coronavírus, elas permanecem internadas no Hran. Em caso de teste negativo, são transferidas para o hospital de origem.

Por causa do risco de infecção entre mãe e filho, o centro obstétrico do Hran também foi dividido em duas alas: de um lado ficam os quartos dos casos suspeitos, do outro, os já confirmados.

Os berços também mudaram de lugar. Eles ficam a uma distância de dois metros da cama das mães e elas usam máscara do tipo "face shield" – que protegem todo rosto.Máscara do tipo face shield, DF — Foto: Moacir Evangelista/Sistema Fibra

Máscara do tipo face shield, DF — Foto: Moacir Evangelista/Sistema Fibra

Máscara do tipo face shield, DF — Foto: Moacir Evangelista/Sistema Fibra

"Nossa preocupação é para o recém-nascido não contrair a infecção", diz a técnica de enfermagem Dafne Santos.

"Toda essa situação muda nossa forma de pensar. Peço que todos fiquem em casa, por nós, da Saúde e pelos nossos familiares. Estamos na frente da batalha por vocês e pelos seus."

Mães de recém-nascidos têm que aumentar cuidados e se adaptar por causa do coronavírus

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Nas diretrizes do Ministério da Saúde, a situação das grávidas é analisada na categoria de "casos especiais", a mesma que avalia como deve ser o atendimento de cardíacos e outros pacientes vulneráveis

Entretanto, tanto a pasta quanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) dizem que "os dados sobre apresentação clínica e os resultados perinatais após a infecção pela Covid-19 durante a gravidez e/ou puerpério ainda são limitados".

No documento com as diretrizes para o atendimento às mulheres grávidas, o governo orienta que os médicos não descartem a chance de um agravamento do quadro, já que há uma maior vulnerabilidade às infecções em geral durante o período.

Entre as determinações, estão uma consulta bimestral com um profissional de saúde e a individualização dos cuidados para cada mulher sobre como deverá ser o parto.

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