Corpo de Bombeiros do DF inaugura centro de treinamento de cães para assistência social

Espaço ofertará curso de adestramento em parceria com escolas cívico-militares e formará cães-guia e de apoio a pessoas com Transtorno do Espectro Autista; oito filhotes já foram entregues para famílias socializadoras

Corpo de Bombeiros do DF inaugura centro de treinamento de cães para assistência social
Corpo de Bombeiros do DF inaugura centro de treinamento de cães para assistência social

Jak Spies, Da Agência Brasília | Edição: Paulo Soares - 24/08/2025 11:48:40 | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Esta sexta-feira (22) foi marcada pela reativação de um importante programa do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF): o projeto cão-guia de cegos. Com a inauguração de um novo Centro de Treinamento de Cães, no Setor Policial Sul, o serviço ocupa um patamar de referência nacional na formação de cães de assistência, em um espaço que vai preparar os animais para auxiliar pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e deficientes visuais, além de promover a inclusão social e o bem-estar animal.

Na cerimônia desta sexta, oito filhotes foram entregues a famílias socializadoras, responsáveis por acompanhar as primeiras etapas de socialização e educação dos cães. O comandante-geral do CBMDF, coronel Moisés Alves Barcelos, destacou o esforço para reativar o projeto: “Hoje conseguimos entregar o canil e contar com uma legislação de suma importância. Quem ganha é a sociedade, que terá profissionais capacitados e pessoas assistidas com qualidade”, destacou.

O novo centro também terá papel importante na capacitação de mão de obra. Dez alunos de escolas cívico-militares vão iniciar um curso de adestramento, que segue até dezembro. Os estudantes receberam kits com apostila, mochila e materiais de apoio.

Formação de base

O major João Gilberto Silva Cavalcanti coordena o projeto e explicou que os cães ficarão com as famílias socializadoras durante 10 meses para a adaptação. Segundo o militar, a equipe do CBMDF fornece todas as orientações e suporte necessários para que o filhote aprenda o momento de cada coisa, desde interações até as necessidades fisiológicas. Os cães também precisam frequentar todos os locais em que o cego pode querer acessar, seja metrô, avião, supermercado e até parque de diversões. Depois da ambientação, a corporação completa o treinamento e entrega os animais aos novos tutores.

“O cão consegue ser os olhos, dar independência e mobilidade. Vai ajudar várias pessoas que precisam, além de proporcionar uma condição melhor para os alunos das escolas públicas cívico-militares com esse curso profissionalizante, que é o de adestramento. As crianças vão receber um certificado e depois, se quiserem, poderão utilizar isso de alguma forma no futuro”, reforçou o bombeiro.

Entre as famílias socializadoras está a da servidora pública Roseliza Honda, 51 anos, que recebeu o cãozinho Arcos. Ela mora com o esposo e as duas filhas no Lago Norte e participou do projeto há quase 20 anos. Para a família, a experiência foi determinante para se candidatar novamente. “A maior diferença é ver o resultado lá na frente, quando o cão termina a formação, fica bem adaptado e você vê ele dando mobilidade e mudança no estilo de vida daquela pessoa que não tem visão”.

Roseliza acrescenta que a família se apega ao cãozinho, claro, mas desde o início sabe que ele está ali temporariamente. “Fazemos o melhor, amamos do mesmo jeito, só que a gente sabe que uma hora ele volta para o centro de treinamento para ser formado e um dia vai encontrar uma pessoa que é a cara metade dele. É uma oportunidade de se doar e auxiliar aquele que realmente vai precisar”, relatou. A servidora ressaltou, ainda, a importância da conscientização sobre o papel dos filhotes em treinamento: “Muitos estabelecimentos barram a entrada do cão porque não entendem que a lei também respalda os filhotes em formação. É preciso mais informação e respeito para que esse processo funcione”.

O aposentado Justino Bastos, de 53 anos, já participou do projeto no passado com dois cães de assistência e atualmente está em seu terceiro cão-guia. Com o labrador preto Forró ao lado, Justino aponta como o companheiro de quatro patas mudou sua rotina. “É maravilhoso. O cão desvia dos obstáculos, dá mais segurança e também proporciona inclusão social. As pessoas se aproximam para conversar, querem saber sobre o cão. Isso muda muito a qualidade de vida. É de grande importância a reabertura desse projeto aqui no DF, a gente fica muito feliz com a possibilidade de outras pessoas terem essa oportunidade”.

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