Desigualdade racial no ensino básico aumentou na última década, mostra pesquisa

Com poucas estratégias para mitigar essa desigualdade, a diferença de desempenho entre esses dois grupos de estudantes aumenta ao longo do ensino fundamental, chegando ao maior patamar no 9º ano

Desigualdade racial no ensino básico aumentou na última década, mostra pesquisa
Desigualdade racial no ensino básico aumentou na última década, mostra pesquisa

São Paulo, Sp (folhapress) - 29/04/2025 11:40:17 | Foto: Freepik

Em uma década, a desigualdade racial no aprendizado escolar se acirrou no Brasil. A diferença de desempenho entre estudantes brancos e pretos, pardos e indígenas (PPI) aumentou entre 2013 e 2023 em todas as etapas avaliadas pelo Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).

A conclusão é de um estudo feito pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional) e pelo Todos Pela Educação com base nos microdados do Saeb, do Ministério da Educação. A análise foi divulgada nesta segunda-feira (28), em que é comemorado o Dia da Educação.

Segundo o relatório, desigualdades educacionais que já eram evidentes antes da pandemia não apenas persistiram no país nos últimos anos, como ainda foram aprofundadas. É o caso das disparidades de aprendizagem por raça.

Historicamente, o conjunto de estudantes pretos, pardos e indígenas têm desempenho menor na avaliação do que os brancos. Essa diferença se acentuou no período analisado, aponta o relatório.

Os dados mostram que as diferenças são evidentes já nos primeiros anos da vida escolar. No 5º ano do ensino fundamental, 61,7% dos estudantes brancos atingiram o nível de aprendizado considerado adequado em língua portuguesa em 2023. Entre os estudantes PPI, 53,5% atingiram esse nível. Em relação a 2013, houve um aumento de 0,3 ponto percentual na diferença de desempenho entre esses dois grupos.

O mesmo aconteceu em matemática, área na qual 41,3% dos estudantes pretos, pardos e indígenas alcançaram o nível adequado, enquanto entre os brancos a taxa foi de 50,8%. A diferença é 0,9 ponto maior do que em 2013.

Com poucas estratégias para mitigar essa desigualdade, a diferença de desempenho entre esses dois grupos de estudantes aumenta ao longo do ensino fundamental, chegando ao maior patamar no 9º ano.

Em 2023, 45,6% dos alunos brancos e amarelos alcançaram o nível adequado em língua portuguesa, enquanto entre pretos, pardos e indígenas esse índice foi de 31,5% -uma diferença de 14,1 pontos percentuais. Em 2013, essa distância era 9,6 pontos. Em matemática, a diferença entre os dois grupos cresceu 2,4 pontos.

No 3º ano do ensino médio, a diferença entre os dois grupos em língua portuguesa aumentou de 11,1 para 14 pontos. Apenas em matemática houve uma redução da desigualdade, passando de 4,4 para 3,9 pontos de distância.

A diminuição da disparidade de rendimento nessa disciplina, no entanto, se explica mais pela queda de rendimento dos estudantes brancos do que pela melhora dos PPI.

Em 2013, 8,5% dos brancos atingiram o nível adequado em matemática. Em 2023, esse índice caiu para 7,6%. Já entre os pretos, pardos e indígenas, o percentual foi de 4,1% para 3,7% nesse período.

As desigualdades também se refletem no nível socioeconômico. No 5º ano, 61% dos alunos mais ricos atingem aprendizagem adequada em língua portuguesa, frente a 45% dos mais pobres. Em matemática, os percentuais são de 52% e 32%, respectivamente.

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