O avião tem sido elogiado pelos operadores atuais.
Igor Gielow, São Paulo, Sp (folhapress) - 18/06/2025 16:29:46 | Foto: © MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
A Lituânia anunciou nesta quarta (18) a seleção do C-390 Millennium, da fabricante brasileira Embraer, como seu novo avião de transporte multimissão militar. É o sétimo país da Otan, a aliança liderada pelos Estados Unidos, a escolher o avião.
Não foram revelados nem valores, nem número de aeronaves a serem adquiridas. O caso lituano é especial: o país, como seus vizinhos bálticos Estônia e Letônia, não tem uma Força Aérea estruturada, tanto que a defesa dos seus céus é feita desde 2014 por um consórcio de nações da Otan, que se revezam.
A aquisição faz parte da decisão da Otan de acelerar seu gasto militar, cortesia da guerra da Vladimir Putin contra a Ucrânia e da percepção de que os EUA sob Donald Trump não querem mais se comprometer com a defesa do continente.
Na semana que vem, a cúpula anual do clube militar de 32 membros deverá sacramentar a meta de gasto com defesa de 3,5% do PIB para equipamentos e armas, mais 1,5% para infraestrutura coligada. Os lituanos já despendem 2,85% do PIB no setor, acima da meta atual de 2% da aliança, ante 0,88% que gastavam há dez anos.
Os Estados Bálticos são o ponto mais vulnerável das fronteiras da Otan, tendo sido repúblicas soviéticas. Hoje, o arremedo de Aeronáutica lituana tem três aviões de transporte menores, o turboélice italiano Alenia CJ-27 Spartan, que transporta 11,5 t.
O C-390, chamado KC-390 na sua versão com capacidade de reabastecimento em voo, é um projeto mais moderno, que leva até 26 t com motores a jato. Ele tem achado boa recepção na Otan europeia, um mercado antes dominado pelo venerando modelo americano C-130 Hércules.
O cargueiro, desenvolvido a partir de uma encomenda da FAB no fim dos anos 2000, foi vendido no âmbito da aliança a Portugal (5 aeronaves), Hungria (2), Suécia (4), Eslováquia (3), República Tcheca (2) e Holanda (5).
Além da Áustria (4 aviões), que opera em sintonia mas não é da Otan, também o adquiriram a Coreia do Sul (3 aeronaves) e um cliente não revelado, que o mercado avalia ser o Uzbequistão (2).
O anúncio lituano foi feito na tradicional feira de Le Bourget, perto de Paris. Na véspera, Portugal havia anunciado a compra de mais uma aeronave para sua frota e a opção firme de outras dez aquisições, para garantir sua vaga num cada vez mais concorrido sistema de produção do KC-390.
Não foi revelado se a opção lituana é casada com a encomenda portuguesa. Antes, Holanda, Áustria e Suécia formaram uma espécie de consórcio para a aquisição conjunta, reduzindo custos, burocracia e já apostando na interoperabilidade das frotas.
"Esperamos finalizar o contrato de aquisição nos próximos meses", disse Loreta Maskalioviene, vice-ministra da Defesa da Lituânia. "Esta seleção reflete o compromisso da Embraer em fortalecer as capacidades de defesa de seus parceiros na Europa", disse, na mesma nota, o presidente da Embraer Defesa, Bosco da Costa Junior.
Para lidar com a demanda europeia, como a Folha de S.Paulo mostrou em abril, a Embraer abriu uma empresa para servir de pessoa jurídica no continente, em Lisboa. Isso facilitará acesso aos processos seletivos e requerimentos da Otan.
A empresa tem na mira tanto clientes menores, como Chile e Marrocos, quanto grandes compradores: a Otan, vista como um todo apesar de os contratos serem individuais, e os suculentos mercados da Índia e da Arábia Saudita -coisa para cem aviões ou mais.
No ritmo atual, a Embraer considera que dá conta das entregas com sua unidade de Gavião Peixoto (SP), que não está ainda com a capacidade total de fazer 18 aeronaves por ano acionada. Depois disso, outras linhas serão necessárias.
A fabricante paulista já negocia isso com indianos e sauditas. Na Europa, a área de defesa da Embraer controla uma fabricante portuguesa e associou-se a uma empresa polonesa, visando ampliar a produção de peças para o KC-390 no continente.
O avião tem sido elogiado pelos operadores atuais, Brasil, que tem 7 de 19 aviões voando, Portugal (2) e Hungria (1). A frota atual tem 93% de disponibilidade e 99% de conclusão de missões.
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