Enquanto Bolsonaro insiste em Ramagem, novo chefe da PF diz que ‘crime não retrocede’ e que vai combater a corrupção

O presidente Jair Bolsonaro durante assinatura do Termo de Posse de Rolando Alexandre de Souza, Diretor-Geral da Polícia Federal.

Enquanto Bolsonaro insiste em Ramagem, novo chefe da PF diz que ‘crime não retrocede’ e que vai combater a corrupção
Enquanto Bolsonaro insiste em Ramagem, novo chefe da PF diz que ‘crime não retrocede’ e que vai combater a corrupção

Estadão Conteúdo - 08/05/2020 17:58:18 | Foto: Isac Nóbrega/PR/Palácio do Planalto

Em meio à nova ofensiva do presidente, que insiste na nomeação de Alexandre Ramagem, delegado rolando Alexandre diz à toda corporação, por mensagem na intranet, que 'não há parâmetros para dimensionar as dificuldades' que ele e seus pares vão enfrentar

O novo diretor-geral da Polícia Federal Rolando Alexandre de Souza enviou mensagem pela intranet da corporação nesta sexta, 8, destacando que ‘não há parâmetros para dimensionar as dificuldades’ que ele e seus pares vão enfrentar tendo em vista a pandemia do novo coronavírus e alertando que o ‘crime não retrocede e nem recrudesce’, se ‘aproveitando das circunstâncias para perpetrar injustiças’. O texto é compartilhado após investida do governo Bolsonaro envolvendo seu primeiro escolhido para o comando da corporação Alexandre Ramagem.

“Combater o crime, nos seus mais variados modais, como corrupção, tráfico de drogas e armas, crimes ambientais, previdenciários e tantos outros, será missão diária e que buscaremos incansavelmente”, afirmou o delegado. “A Polícia Federal é um corpo único e com grande consciência institucional. Conto com todos vocês. Somos fortes na linha avançada”, destacou em outro trecho do texto.

A mensagem de Rolando circula entre seus pares um dia após a Advocacia-geral da União pedir ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que reconsidere a decisão liminar que suspendeu a nomeação e posse do delegado Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal .

Documento assinado pelo advogado da União José Affonso de Albuquerque Netto juntando nesta quinta, 7, aos autos do processo que resultou na suspensão da nomeação de Ramagem registra que o pedido se dá ‘a fim de que o ato possa ser validamente renovado’ pelo presidente Jair Bolsonaro.

O novo chefe da PF, Alexandre Ramagem, cumprimenta o presidente Jair Bolsonaro. Foto: Adriano Machado / Reuters

A insistência de Bolsonaro por Ramagem, seu amigo e de seus filhos, provoca mal estar e desconfiança na corporação. Afinal, ele nomeou Rolando Alexandre, mas não abre mão do barrado por Alexandre de Moraes. Delegados ouvidos pelo Estadão ponderam que a nova cúpula da instituição pode ficar insegura para iniciar sua gestão, vez que o presidente insiste o aliado que o acompanha desde que foi eleito.

Leia a íntegra da mensagem de Rolando

Caros colegas servidores e colaboradores da Polícia Federal,

Hoje, no momento em que assumo a Direção Geral da Polícia Federal, quero compartilhar a minha especial satisfação por reencontrá-los e iniciar essa nova fase da minha carreira ao lado de cada um de vocês.

Todos os momentos que me trouxeram até aqui foram grandiosos em experiências e em ensinamentos. O início da carreira na região norte de nosso país, pelo qual boa parte dos nossos policiais passa, já evidenciava o quanto seria gratificante dedicar o meu esforço e dedicação em favor desta Corporação que nos orgulha e que é um patrimônio da sociedade brasileira.

Todas as missões que me foram confiadas foram importantíssimas, mas sem dúvida representar cada um dos senhores e senhoras que fazem, diariamente e de forma exemplar, a história da nossa corporação é indiscutivelmente o maior de todos os desafios.

Quis o destino que na gestão que ora se inicia, além dos compromissos naturais a serem assumidos à frente da PF, fosse contemporânea a uma situação inédita na sociedade global contemporânea. Não há parâmetros para dimensionar as dificuldades que vamos enfrentar, mas estou convicto de que, juntos, vamos vencer.

Sabemos muito bem que o crime não retrocede e nem recrudesce. Pelo contrário, nos momentos das maiores agruras humanas, a criminalidade tenta aproveitar-se das circunstâncias para perpetrar ainda mais injustiças e para garantir maiores lucros. Enfrentaremos com coragem e destemor.

Combater o crime, nos seus mais variados modais, como corrupção, tráfico de drogas e armas, crimes ambientais, previdenciários e tantos outros, será missão diária e que buscaremos incansavelmente.

Sei da grandeza de espírito que move historicamente a nossa Polícia Federal e da competência e da expertise dos integrantes dos nossos quadros. O maior patrimônio da Polícia Federal é o seu capital humano.

A Polícia Federal é um corpo único e com grande consciência institucional.

Conto com todos vocês. Somos fortes na linha avançada.

Muito obrigado.

Rolando Alexandre de Souza

Diretor-Geral da Polícia Federal

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