Fiscalização resgata 76 trabalhadores escravizados em fazenda de alho em Minas Gerais

Auditores-fiscais encontraram alojamentos precários e falta de equipamentos de proteção individual, entre outras violações

Fiscalização resgata 76 trabalhadores escravizados em fazenda de alho em Minas Gerais
Fiscalização resgata 76 trabalhadores escravizados em fazenda de alho em Minas Gerais

Pedro Stropasolas E Daniel Giovanaz - Brasil De Fato | São Paulo (sp) - 15/11/2021 02:16:56 | Foto: SRT-MG

Empregados faziam as necessidades no mato, por falta de banheiros, e as jornadas passavam das 70 horas semanais

Uma ação conduzida pelo grupo móvel de fiscalização e combate ao trabalho escravo da Superintendência Regional do Trabalho (SRTb/MG) resgatou, esta semana, 76 trabalhadores em condições análogas à escravidão em uma fazenda de alho em Tapira (MG), que fica 400 km a oeste de Belo Horizonte (MG).

Os auditores-fiscais, que atuaram em conjunto com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Militar de Minas Gerais, constataram condições degradantes de trabalho e jornadas exaustivas.

Os empregados não tinham remuneração fixa: recebiam conforme a produção. Os alojamentos eram precários e apertados, com dez em cada quarto.

Eram apenas quatro banheiros para quase 80 trabalhadores. Sem opção, muitos deles faziam as necessidades no mato, a céu aberto.

Leia também: "Resgates de escravizados já batem os de 2020 e ganham a cara da pandemia", diz Sakamoto

Segundo as informações levantadas até o momento, os trabalhadores eram aliciados de forma irregular no norte de Minas Gerais. O nome da fazenda ou do empregador ainda não foi divulgado.

O trabalho na propriedade era realizado de domingo a domingo, em jornadas superiores a 70 horas semanais.

Os empregados tinham que pagar pelas ferramentas de trabalho, e nem todos dispunham de equipamentos de proteção individual.

Não foi verificada nenhuma medida de prevenção à covid-19, e os empregados tinham que compartilhar as garrafas térmicas porque não havia reposição de água durante a jornada.

Leia também: Produtor premiado e cidadão honorário de cidade de MG mantinha fazenda de café com trabalho escravo

Trabalhadores que tiveram que se deslocar para tomar vacina contra o novo coronavírus tiveram as horas de trabalho descontadas, segundo informações apuradas no local.

Após a ação, o empregador foi notificado e cada trabalhador da fazenda recebeu uma indenização de R$ 4,5 mil por danos morais, além das verbas rescisórias e guias que dão direito a três parcelas de seguro-desemprego.

Todos os resgatados voltaram a suas cidades de origem.

O Brasil de Fato aguarda retorno do coordenador da operação para mais informações. A matéria pode ser atualizada em breve.

Edição: Leandro Melito

Comentários para "Fiscalização resgata 76 trabalhadores escravizados em fazenda de alho em Minas Gerais":

Deixe aqui seu comentário

Preencha os campos abaixo:
obrigatório
obrigatório