Segundo Galípolo, o Banco Central colaborou com as investigações
Fábio Pupo, Brasília, Df (folhapress) - 19/12/2025 16:42:41 | Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que está à disposição do STF (Supremo Tribunal Federal) para prestar informações sobre o caso do Banco Master.
A declaração foi dada após o ministro Dias Toffoli ter determinado, nesta semana, uma série de oitivas em 30 dias sobre o caso, incluindo a de dirigentes do BC.
Segundo Galípolo, o Banco Central colaborou com as investigações e disse que a instituição já forneceu ao Ministério Público e à Polícia Federal informações relacionadas ao caso desde o início do processo.
O presidente do BC afirmou que todas as etapas da atuação da autoridade monetária estão registradas. De acordo com ele, cada uma das reuniões, trocas de mensagens e demais comunicações "está devidamente documentado".
Galípolo afirmou que tanto ele, pessoalmente, quanto o Banco Central como instituição estão disponíveis para colaborar com o Supremo. "Eu, enquanto presidente, estou à disposição, obviamente, para poder fornecer todos [os dados]", afirmou.
Galípolo disse que a condução do processo segue a experiência do BC em casos semelhantes, ressaltando a necessidade de que a apuração seja consistente e se sustente ao longo do tempo.
O BC repassou informações a investigadores sobre o caso Master após identificar indícios de fraude nos números da instituição, que estava sob análise da autarquia desde que pediu autorização para ser vendida ao estatal BRB. A transação foi vetada pela autoridade monetária e o Master entrou em liquidação.
No despacho desta semana, Toffoli afirmou que oitiva era necessária para as investigações e para a proteção do sistema financeiro."Da análise preliminar dos documentos referidos verifica-se a absoluta necessidade da realização de diligências urgentes, não só para o sucesso das investigações, mas também como medida de proteção ao Sistema Financeiro Nacional e às pessoas que dele se utilizam", disse no despacho.
Ele determinou, ainda, que a custódia dos materiais apreendidos pelas investigações seja mantida em seu gabinete no STF, alegando que a medida evitaria nulidades e garantiria resultados efetivos.
Ele determinou, ainda, que a custódia dos materiais apreendidos pelas investigações seja mantida em seu gabinete no STF, alegando que a medida evitaria nulidades e garantiria resultados efetivos.
Desde 3 de dezembro, as diligências e medidas relacionadas à investigação contra Daniel Vorcaro e o Banco Master são avaliadas por Toffoli, por decisão do próprio magistrado. Com as determinações desta semana, o ministro deu andamento à investigação, mas segue com a atribuição de autorizar ou não passos adicionais, como os pedidos de informações e quebras de sigilo.
A decisão de concentrar a investigação no STF foi dada após pedido da defesa do banqueiro, feito no fim de novembro, para levar as investigações sobre o empresário ao tribunal. A solicitação foi feita após um envelope com documentos de um negócio imobiliário relacionado ao deputado João Carlos Bacelar (PL-BA) ter sido encontrado em uma busca e apreensão.
Toffoli também determinou, dias antes, a retirada dos documentos com o sigilo das mensagens de celular de Vorcaro da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS no Congresso Nacional.
O colegiado havia aprovado na mesma semana a quebra do sigilo bancário e telemático do dono do Banco Master. A documentação, após a ordem do ministro, foi retirada dos arquivos da investigação da CPMI.
BC não fecha portas para corte de juros, mas não tem decisão tomada, diz Galípolo
FÁBIO PUPO, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (18) que a autoridade monetária não tomou uma decisão sobre um possível corte de juros na próxima reunião decisória sobre o tema, em pouco mais de um mês. Para ele, no entanto, as portas não estão fechadas para nenhum cenário, e a escolha vai depender da análise de dados.
"Não há portas fechadas nem setas dadas. Isso que eu queria expressar com minha comunicação", afirmou em entrevista à imprensa sobre o Relatório de Política Monetária do BC, divulgado mais cedo. "Entre sinalizar antes o que vamos fazer e usar o período até a reunião para reunir os dados e lá tomar a decisão, é preferível a segunda [opção]. Eu prefiro aguardar e reunir dados até lá", disse.
O presidente do BC disse que a comunicação da autoridade monetária tem adotado uma política de evitar sinais antecipados. Para ele, essa postura pode gerar diferentes interpretações no mercado, já que o BC não antecipa movimentos, mas considera essa ambiguidade parte da estratégia.
O mercado espera uma queda de juros ao longo de 2026. De acordo com mediana da pesquisa Focus, por meio da qual o BC ouve analistas de mercado, a Selic descerá do atual patamar de 15% e encerrará o ano que vem em 12,13%.
Uma das principais questões em debate entre analistas é o momento em que o BC vai iniciar os cortes, mas Galípolo evitou dar sinalizações sobre isso. A próxima decisão Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) está agendada para 28 de janeiro.
Galípolo foi questionado se as eleições e as incertezas ligadas à corrida presidencial podem afetar o processo de queda dos juros. Ele reiterou que a decisão será tomada a cada reunião considerando o conjunto dos números analisados.
"A gente está confessando que não tem decisão tomada nem para a próxima reunião. Nossa postura é que estamos reunindo dados e estamos tomando decisões a partir de cada uma das reuniões", afirmou.
Galípolo também foi perguntado sobre os efeitos do debate fiscal na condução da política monetária em meio à corrida presidencial e sobre a saída do ministro Fernando Haddad (Fazenda). Ele destacou que o processo de autonomia do BC proporcionou que as decisões sejam descompassadas do ciclo eleitoral, dizendo que só há maior preocupação quando são alteradas variáveis ligadas à inflação.
"Nosso horizonte perpassa o processo eleitoral, que só entra na nossa equação quando altera fundamentos que alteram variáveis-chave para a gente, que é a meta de inflação", disse.
Mais cedo, o BC reconheceu em relatório a possibilidade de políticas fiscais levarem a uma deterioração da percepção dos agentes, com risco de "novos efeitos na taxa de câmbio e nas expectativas de inflação, com as pressões inflacionárias decorrentes".
No documento, o BC projetou ainda uma atividade econômica mais forte do que o previsto anteriormente para este e o próximo ano, apontando ainda que a inflação deverá atingir o centro da meta de 3% apenas no primeiro trimestre de 2028.
A autarquia estimou que a inflação no país estará em 3,2% no terceiro trimestre de 2027. "O compromisso do BC é com a meta contínua de inflação de 3%, e suas decisões são pautadas para que este objetivo seja atingido ao longo do horizonte relevante de política monetária", comunicou o BC no relatório.
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