Nazismo de esquerda e lembrança de Ustra
Por Rosana Hessel-correio Braziliense - 03/04/2019 12:13:44 | Foto: Correio Braziliense
No último compromisso do terceiro dia da viagem oficial a Israel, o presidente Jair Bolsonaro recebeu um grupo de brasileiros da cidade de Raanana, a quase 50km de Jerusalém. No encontro, ele voltou a causar polêmicas ao resgatar, mesmo sem citar nome, um dos maiores torturadores do Brasil e ao afirmar que o nazismo foi um movimento de esquerda.
Bolsonaro disse aos convidados que seu voto pela abertura do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff se transformou em uma notícia negativa tanto nacional quanto internacionalmente. Na época, prosseguiu, afirmaram que ele não “ganharia nem para ser prefeito de sei lá onde”. “Aconteceu o contrário, eu virei presidente”, emendou.
Em 2016, ao declarar o seu voto, Bolsonaro fez uma homenagem à memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chamando-o de “o pavor de Dilma Rousseff”. Ustra é considerado um dos principais torturadores do regime militar no Brasil.
Na saída do encontro, o chefe do Planalto causou outra polêmica: compartilhou a opinião controversa do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, de que o nazismo é um movimento de esquerda. “Não há dúvida, né? Partido socialista… Como é que é? ... da… da... Alemanha. Partido Nacional Socialista da Alemanha. Sim”, frisou.
Mais tarde, Araújo voltou a defender sua teoria de que o nazismo é um movimento de esquerda. Ao ser questionado sobre a avaliação dele em relação ao fato de o Museu do Holocausto, visitado pelo presidente, definir o nazismo como movimento de direita, ele desconversou. “Essas definições de esquerda e direita... tem de ser visto o que se entende por elas. A questão é comparar o conteúdo das coisas. Não necessariamente os termos”, disse.
Bolsonaro se queixou da imprensa ao ser perguntado sobre a opinião dele em relação ao nazismo. “Eu quero tratar vocês com o respeito que vocês merecem. Essas perguntas menores vão servir para dar manchete negativa nos jornais. No Brasil, eu respondo para vocês. Aqui, a pauta foi positiva”, disparou. “Foi positiva aqui, foi positiva no Chile, foi positiva nos Estados Unidos, vai ser no Japão (no fim de junho) e na China (no segundo semestre)”, frisou. Ele se referiu ao encontro de líderes do G-20, grupo das maiores economias desenvolvidas e emergentes do planeta.
A cúpula do G-20 ocorrerá em Osaka (JAP), de 28 a 29 de junho. “Essa é que é a ideia da nossa saída (do país). O Brasil tem potencial que ninguém tem. E nós precisamos nos aproximar cada vez mais desses países que podem colaborar muito com a nossa economia e com o nosso progresso”, completou. Ele confirmou que também visitará um país árabe do Norte da África na segunda metade do ano. “Temos vários convites”, disse.
“Proveitosa”
Bolsonaro avaliou a visita a Israel como “muito proveitosa”, com acordos, parcerias, protocolo de intenção verbal com o governo do país do Oriente Médio. “Eu acredito que Israel e Brasil se complementam. E nós, aprofundando essa amizade, esses laços comerciais, essas intenções, podemos ajudar, e muito, os nossos povos. Tenho certeza de que a viagem foi muito proveitosa”, afirmou.
A agenda de ontem do presidente começou com um encontro com empresários dos dois países. “Nós nos reunimos com CEOs de empresas israelenses, além de investidores em startups, e falamos sobre investimentos em um país que tem muito a oferecer em negócios. Algo que, infelizmente, não é tradição. Vamos cumprindo nosso papel e apresentando o verdadeiro Brasil para o mundo”, escreveu no Twitter.
O presidente retorna ao Brasil hoje. A volta foi antecipada em algumas horas por questões logísticas.
“Eu acredito que Israel e Brasil se complementam. E nós, aprofundando essa amizade, esses laços comerciais, essas intenções, podemos ajudar, e muito, os nossos povos”
Jair Bolsonaro, presidente da República
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