Manifestantes se reúnem na Paulista, e Bolsonaro se encontra com 7 governadores

Ato de Bolsonaro reforça pressão por anistia a réus do 8/1 com recados a Motta e Fux

Manifestantes se reúnem na Paulista, e Bolsonaro se encontra com 7 governadores
Manifestantes se reúnem na Paulista, e Bolsonaro se encontra com 7 governadores

Juliana Arreguy, Victória Cócolo E Fábio Zanini São Paulo, Sp (folhapress) - 06/04/2025 18:03:49 | Foto: Ilustrativa- Reprodução/GloboNews

Ato de Bolsonaro reforça pressão por anistia a réus do 8/1 com recados a Motta e Fux

VICTÓRIA CÓCOLO, FÁBIO ZANINI, JULIANA ARREGUY E GUSTAVO ZEITEL, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu apoiadores e políticos aliados em manifestação neste domingo (6) na avenida Paulista para reforçar a pressão pelo projeto de anistia aos réus do 8 de janeiro que pode também beneficiá-lo.

Nos discursos, houve menções seguidas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que vive no Congresso cerco de bolsonaristas que tentam pautar a votação da proposta.

Bolsonaro, em seu discurso, chamou ao trio elétrico e abraçou a mãe de Débora Rodrigues, cabeleireira que ficou presa por dois anos depois de ter pichado com batom a estátua da Justiça nos ataques do 8 de janeiro.

Débora está em prisão domiciliar e é acusada de cinco crimes: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano ao patrimônio tombado, dano qualificado com violência e associação criminosa armada.

"Não tenho adjetivo para qualificar quem condena uma mãe de dois filhos a uma pena não tão absurda por um crime que ela não cometeu. Só um psicopata para falar que aquilo que aconteceu no dia 8 de janeiro foi uma tentativa armada de golpe", disse.

O evento foi o primeiro organizado pelo ex-presidente desde que ele se tornou réu no STF (Supremo Tribunal Federal) há duas semanas, acusado de tramar um golpe de Estado.

O batom foi um dos símbolos do ato, e muitos compareceram exibindo o objeto. Também foi posicionado um batom inflável de seis metros de altura, ao lado das grades que separavam o público das autoridades.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) pediu que as mulheres empunhassem seus batons.

O grupo político de Bolsonaro mostrou força ao levar sete governadores: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, Mauro Mendes (União Brasil ), de Mato Grosso, e Wilson Lima (União), do Amazonas.

Os quatro primeiros são cotados como presidenciáveis em 2026 diante do vácuo aberto pela inelegibilidade de Bolsonaro.

O ex-presidente posou para foto com os sete aliados antes da manifestação na Paulista. Em discurso, também afagou Caiado e criticou a inelegibilidade imposta ao aliado em primeira instância.

Tarcísio foi o mais celebrado pela organização, tendo sido comparado a um apóstolo.

O pastor Silas Malafaia, organizador do evento, chegou a dizer que, em termos de presença de políticos, seria a maior manifestação desde o impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Em seu discurso, Bolsonaro voltou a dizer que não vai desistir, nem jogar a toalha ou fugir.

Também voltou a fazer uma ameaça velada ao Judiciário, pedindo votos para que tenha 50% de aliados no Congresso a partir de 2027. O Senado é o responsável por analisar pedidos de impeachment de ministros do STF.

Bolsonaro também tentou inverter as acusações e se colocar como vítima de uma manobra em 2022: "O golpe foi dado. Tanto é que o candidato deles está lá. Alguns deles falaram que interferiram, sim, mas foi para o bem da democracia".

Chamou ainda Lula de "vagabundo".

O ex-presidente também fez uma série de elogios ao seu próprio governo e também defendeu o trabalho de Tarcísio, que foi seu ministro e é cotado como presidenciável pelo campo da direita.

Tarcísio, em sua fala, listou leis de anistia desde o período colonial e disse que o benefício é uma forma de pacificação.

Também elogiou o aliado e voltou a criticar o presidente Lula, sem citá-lo: "Se tá tudo caro, volta Bolsonaro", disse o governador, que também pediu um coro aos manifestantes.

Ao defender anistia, o governador disse que quer prisão, sim, mas para quem rouba celular, para corruptos e para quem invade terra.

A ex-primeira-dama Michelle também discursou no evento e citou especificamente o ministro Luiz Fux, do STF, que se tornou uma esperança dos bolsonaristas depois de ter feito críticas à condução dos casos do 8 de janeiro.

"Luiz Fux, não deixe essa mulher morrer", disse, ao se referir a uma presa do 8 de janeiro cujos parentes estavam no ato.

O pastor Silas Malafaia, em discurso exaltado, chamou os generais do Alto Comando do Exército de frouxos e omissos por não reagirem à prisão de militares como o ex-ministro Walter Braga Netto. O evangélico disse que não está pedindo um golpe.

Malafaia também foi um dos que citaram o deputado Hugo Motta e afirmou que o parlamentar não pode envergonhar a Paraíba.

O primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados, Altineu Cortes (PL-RJ), foi outro a reforçar a pressão sobre o Congresso. Em discurso, disse que Hugo Motta será pautado pela maioria e perguntou no palco, um a um, a líderes de vários partidos sobre o apoio a anistia.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que viveu idas e vindas com o bolsonarismo na eleição municipal de 2024, também participou e discursou. Disse que a prisão dos acusados do 8 de janeiro é um ato de desumanidade e que o seu partido vai lutar pela anistia.

Nunes é cotado para concorrer ao Govern o de São Paulo em 2026 caso Tarcísio não dispute a reeleição. "Viva o presidente Bolsonaro", disse o prefeito.

Convocados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), manifestantes se reúnem na avenida Paulista, em São Paulo, na tarde deste domingo (6), para pressionar por anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Por volta das 12h, os apoiadores do ex-presidente já reuniam em um trecho próximo ao Masp.

O ato vai ocorrer entre 14h e 17h. Uma foto do ex-presidente com sete governadores que participarão do protesto foi divulgada antes da manifestação neste domingo.

Manifestantes se reúnem na Paulista, e Bolsonaro se encontra com 7 governadores

São eles: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, Mauro Mendes (União Brasil ), de Mato Grosso, e Wilson Lima (União), do Amazonas. Os quatro primeiros são cotados como presidenciáveis em 2026 diante do vácuo aberto pela inelegibilidade de Bolsonaro.

Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, chegou a ter a presença anunciada, mas não vai comparecer.

Organizador do ato, o pastor Silas Malafaia disse à Folha que em termos de presença de politicos, será a maior manifestação desde o impeachment de Dilma Rousseff. "Serão mais de cem políticos, entre governadores, deputados e outros. Vai ser muito quente o recado hoje ".

Ele afirmou que em seu discurso, vai mirar no ministro Alexandre de Moraes, do STF, e no presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por resistir a pautar a anistia. "Vou pra cima deles", afirmou.

Pesquisa da Genial/Quaest divulgada neste domingo aponta que a maioria dos brasileiros rejeita a anistia aos acusados do 8 de janeiro. Segundo o levantamento, 56% acham que os envolvidos devem continuar presos, ante 34% que defendem que eles sejam soltos.

Além disso, de acordo com a pesquisa, 49% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente participou do planejamento de um golpe de Estado, e outros 35% rejeitam essa hipótese. A empresa de pesquisa e consultoria ouviu 2.004 pessoas, dos dias 27 a 31 de março. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Antes do ato deste domingo, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que também estará presente, atuou para atrair as mulheres à manifestação pedindo que todas comparecessem com batons. O chamado foi uma referência à cabeleireira condenada a 14 anos de prisão por pichar de batom uma estátua em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal), episódio explorado pelos bolsonaristas críticos às penas aplicadas aos envolvidos no 8 de janeiro.

Um trio elétrico principal foi reservado ao ex-presidente e seu núcleo mais próximo, incluindo os governadores, enquanto o outro abriga o restante dos parlamentares e aliados.

Receosos com a chuva prevista, os organizadores prepararam tendas para proteger as autoridades e pediram que os discursos tivessem a duração de, no máximo, três minutos.

A deputada federal Priscila Costa (PL-CE) foi encarregada de iniciar as falas com uma oração.

Os organizadores esperam que o ato em São Paulo seja maior do que o que ocorreu no Rio de Janeiro em 16 de março, quando cogitaram 1 milhão de participantes e se frustraram diante da baixa adesão -o Datafolha contabilizou 30 mil pessoas no local. Até o momento, não foi divulgada estimativa de público

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