O lançamento da Usina Solar acontece às vésperas do início oficial da COP30
José Matheus Santos, Fernando De Noronha, Pe (folhapress) - 08/11/2025 18:43:31 | Foto: Divulgação / © ARI DIAS/AEN
Em um evento com presença de autoridades, a concessionária Neoenergia lançou, neste sábado (8), uma usina de energia solar com 30 mil painéis solares fotovoltaicos que prevê a descarbonização completa da geração energética do arquipélago de Fernando de Noronha até 2027.
A usina solar fotovoltaica será integrada a sistemas de armazenamento por baterias e foi viabilizada em parceria com os governos federal e de Pernambuco, que cederam áreas de terrenos da Aeronáutica e da administração estadual para a instalação dos painéis. O investimento é de R$ 350 milhões –todo da Neoenergia. O objetivo é zerar a emissão de CO2.
Atualmente, as usinas solares Noronha 1 e 2 geram 10% do consumo de energia elétrica do arquipélago.
O lançamento da Usina Solar Noronha Verde acontece às vésperas do início oficial da COP30, a conferência das Nações Unidas para o Clima, em Belém, a partir de segunda-feira (10).
A cerimônia contou com a participação da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), e do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que representou o governo federal. Inicialmente, o presidente Lula participaria, mas o governo cancelou a agenda para que o petista fosse à cúpula da Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos).
"O Brasil inicia o processo de desligamento de uma usina que gasta 8,6 milhões de litros de óleo diesel por ano", afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que defende que meio ambiente e desenvolvimento estejam associados nas políticas públicas.
Os painéis vão ocupar 1,5% de toda a área da ilha principal do arquipélago e serão integrados a sistemas de armazenamento por baterias.
A implantação será realizada em duas fases: a primeira entra em operação até maio de 2026 com 16% do total potencial e a segunda, no primeiro semestre de 2027, atingindo os 100% de operações. O projeto foi licenciado pela Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), com anuência do ICMBio, gestor das unidades de conservação federal.
"O sistema fotovoltaico gera energia para consumo instantaneamente da ilha e carrega as baterias. À noite, que não tem sol, as baterias previamente carregadas fornecerão energia para consumo noturno", diz o CEO da Neoenergia, Eduardo Capelastegui.
"É um projeto pioneiro, será a primeira ilha habitada da América Latina [a ter totalmente energia limpa]. A partir disso, pode-se ampliar as metas de carro elétrico e ter uma energia 100% renovável em todos os sentidos, não só na geração, mas também na mobilidade urbana e nos consumos domésticos", acrescenta.
A nova planta solar fotovoltaica integrada ao sistema de baterias terá capacidade de geração de 22 MWp (Megawatt-pico), com 49 MWh (Megawatt-hora) de sistema de baterias BESS, o equivalente ao consumo de 9.000 residências no continente.
"Mais do que um novo sistema híbrido de geração e armazenamento, estamos construindo um modelo de desenvolvimento sustentável que respeita o meio ambiente, valoriza as comunidades locais e projeta o Brasil como líder global em energia limpa", diz Capelastegui.
Atualmente, a maior parte da energia consumida em Fernando de Noronha é gerada pela Usina Tubarão, com o uso de diesel BS10, que representa uma mistura de diesel, de forma predominante, com biodiesel. Ao todo, em 2024, essa estrutura emitiu 22 mil toneladas de gás carbônico.
O novo modelo busca diminuir a dependência do diesel, que é transportado para a ilha por meio de navios que saem do Rio Grande do Norte e de Pernambuco. Também há expectativa de redução no preço médio da conta. A logística de abastecimento varia, mas em média transporta 400 mil litros por semana. O consumo diário é de cerca de 27 mil litros por dia.
A Neoenergia também inaugurou em setembro a primeira usina solar fotovoltaica flutuante do arquipélago, instalada no espelho d'água do Açude do Xaréu. Com investimento de R$ 10 milhões da concessionária, a usina flutuante tem potência de 622 kWp e geração estimada de 1.083 MWh/ano, suficiente para suprir cerca de 30% do consumo de energia da Companhia Pernambucana de Saneamento, estatal de tratamento de água e esgoto, na ilha e evitar a emissão de 717 toneladas de CO? por ano.
Tanto na nova usina que será construída quanto na usina solar do Xaréu e que tem 940 placas, a Neoenergia conta com a parceria com a WEG, empresa global de equipamentos eletroeletrônicos, responsável pelo fornecimento completo dos sistemas fotovoltaicos e do sistema de armazenamento de energia, além da execução técnica e operacional de ambos os projetos.
A concessionária Neoenergia faz parte do grupo espanhol Iberdrola e atua no Brasil desde 1997, além de fazer a distribuição de energia na Bahia, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte, Distrito Federal e em São Paulo, além de municípios de Mato Grosso do Sul e da Paraíba.
Os serviços da Neoenergia em Noronha também incluem a instalação de duas usinas solares para abastecimento de veículos elétricos, com 12 eletropostos, e estações de carregamento gratuitas para bicicletas elétricas.
Em setembro, o Ministério de Minas e Energia anunciou a renovação do contrato de concessão da Neoenergia por mais 30 anos, até 2060, para a distribuição de energia elétrica em Pernambuco.
O jornalista viajou a convite da Neoenergia
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