Funcionários da CEB protestam contra a venda da estatal em frente à Câmara Legislativa e ao Palácio do Buriti
Francisco Dutra - Metrópoles - 14/10/2020 18:39:06 | Foto: Metrópoles
O Ministério Público de Contas do Distrito Federal (MPC-DF) quer suspender a privatização da subsidiária de Distribuição da Companhia Energética de Brasília (CEB), até que a Câmara Legislativa do DF (CLDF) aprecie o processo.
Parecer pela interrupção das tratativas foi assinado pela procuradora Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira e emitido nesta quarta-feira (14/10). O documento também solicita ao Tribunal de Contas do DF (TCDF) uma auditoria na CEB.
“MPC-DF reafirma o seu entendimento de que o alijamento da CLDF é grave caso de ilegalidade a macular todo o procedimento”, argumentou a procuradora.
Veja o parecer completo:
Parecer do MPC sobre privatização da CEB by Metropoles on Scribd
O entendimento da CEB é que a privatização não precisa passar por votação na CLDF, pois decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) dispensa lei para a alienação de subsidiária integral, que é o caso da CEB Distribuição.
“O MPC-DF opina no sentido de que a CEB cesse todo e qualquer processo de desestatização, até que a CLDF se pronuncie”, enfatizou Cláudia Fernanda.
Por outro lado, a auditoria teria como objetivos verificar a situação do caixa da estatal e as dívidas em aberto.
Funcionários da CEB protestaram contra a privatização da companhia em frente à CLDF na tarde desta quarta-feira (14/10).
Os trabalhadores contestam a venda da estatal. Eles argumentam que a privatização não resolverá os problemas da CEB e vai prejudicar a prestação de serviços à população.
Veja imagens do protesto:
Segundo os manifestantes, a Polícia Militar do DF (PMDF) e a Secretaria de Segurança Pública do DF proibiram o uso de carro de som durante o ato desta tarde. A decisão teria como base um decreto de 2013.
A proibição foi criticada por parlamentares. O deputado Fábio Felix (Psol) apresentou Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para impedir que novas manifestações sejam “cerceadas” a partir do decreto de 2013.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Segurança e a PMDF sobre a questão e não obteve resposta até a última atualização da reportagem. O espaço segue aberto a manifestações.
Durante a sessão no plenário, Arlete Sampaio (PT), Chico Vigilante (PT) e Júlia Lucy (Novo) também criticaram a privatização da estatal e defenderam que a proposta seja apreciada pelos distritais.
Após o ato na Câmara, os manifestantes seguiram na direção do Palácio do Buriti e promoveram novo ato.
Assista:
A privatização da CEB Distribuição foi aprovada, na tarde desta terça-feira (13/10), em assembleia de acionistas da estatal. A matéria teve aval da maioria dos acionistas presentes, com 6.998.430 votos a favor e 1.058 indicações contrárias. Nesta quarta (14/10), a venda passou por audiência pública.
A empresa que será vendida é uma subsidiária da CEB Holding, que controla integralmente a CEB Distribuição, CEB Geração e CEB Participações.
De acordo com a avaliação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o leilão da privatização terá preço mínimo de R$ 1.423.898.000,00. O valor veio da média de duas avaliações feitas por consultorias independentes e contratadas pelo banco.
Nessa terça-feira, o governador Ibaneis Rocha (MDB) disse que a expectativa é de que o preço da empresa chegue a R$ 2,5 bilhões. “Exatamente por ser um bem muito cobiçado pelos empresários da área”, pontuou.
No sábado, Ibaneis disse que a dívida da CEB é de mais de R$ 800 milhões, a empresa estava prestes a ficar sem a concessão e que os funcionários “iriam perder os seus empregos de qualquer maneira”.
Segundo o governador, a criação da CEB Iluminação Pública e Serviços é um caminho para os empregados da empresa privatizada. A constituição da nova empresa será debatida na 104ª Assembleia Geral Extraordinária, marcada para o dia 28 de outubro, às 15h.
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