Ensaísta Davi Lago mostra porquê os casos diminuem durante períodos como o que vivemos nos últimos dois anos, mas sempre aumentam em seguida
Por Davi Lago - Revista Veja - 07/10/2021 08:01:24 | Foto: Apnm
É bem documentado que durante períodos de crise como desastres naturais, guerras ou epidemias, as taxas de suicídio podem diminuir momentaneamente. Contudo, após a passagem da crise imediata, as taxas de suicídio crescem. Com o objetivo de contribuir com ações de prevenção ao suicídio e informar governos, profissionais de saúde e a comunidade em geral, a doutora Danuta Wasserman publicou um capítulo adicional sobre prevenção do suicídio na pandemia de COVID-19 no Livro-Texto Oxford de Suicidologia e Prevenção do Suicídio (2021) pela Universidade de Oxford. O ponto de partida é a compreensão de que o suicídio é uma morte desnecessária e pode ser prevenida através de métodos baseados em evidências. O suicídio é um fenômeno social complexo, multifatorial e plurietiológico (múltiplas causas), assim o modo de enfrentá-lo exige ações distintas. Conforme Wasserman, as estratégias de prevenção ao suicídio mais eficazes são: (1) restrição do acesso aos meios letais; (2) políticas para redução do consumo danoso do álcool; (3) programas de conscientização; (4) tratamento farmacológico e (5) psicológico da depressão; (6) cadeia de atendimento e acompanhamento de indivíduos de risco; e (7) reportagem de mídia responsável. Outras medidas como treinamento de agentes capazes de identificar sujeitos com risco suicida não puderam ser comprovadas por evidências, mas são consideradas teoreticamente válidas. O ponto em destaque é a necessidade de fortalecimento de todas essas estratégias neste momento específico de gradual retomada social e econômica.
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