Vítima de injúria racial na Série B se manifesta e diz que não irá se calar

Meia do América de Minas Gerais é preso sob suspeita de injúria racial em jogo da Série B

Vítima de injúria racial na Série B se manifesta e diz que não irá se calar
Vítima de injúria racial na Série B se manifesta e diz que não irá se calar

São Paulo, Sp (uol/folhapress) - 05/05/2025 16:25:38 | Foto: Reprodução/Disney+

O atacante Allano, do América-MG, se manifestou nas redes sociais após ser vítima de injúria racial na partida contra o América-MG, neste domingo (04), pela Série B. Autor da ofensa, o meia boliviano Miguelito foi preso em flagrante.

"Não vou me calar. Não por mim apenas, mas por todos os que já passaram por isso e por aqueles que ainda lutam para que esse tipo de violência acabe de vez. O futebol, como a sociedade, precisa dizer basta ao racismo. Precisamos de justiça, responsabilidade e, sobretudo, empatia", disse Allano, nos Stories do Instagram.

"Infelizmente, mais uma vez, o racismo mostrou sua face cruel dentro de um espaço que deveria ser de celebração, respeito e igualdade. Ser ofendido pela cor da minha pele é algo doloroso, revoltante e, acima de tudo, inaceitável", afirmou ainda.

ENTENDA O CASO
Miguelito foi acusado de racismo por Allano no 1º tempo da partida. O boliviano pertence ao Santos e está emprestado ao América-MG.

Imediatamente, o árbitro Alisson Sidnei Furtado paralisou a partida e ativou o protocolo antirracista diante da confusão no gramado -o jogador do Operário-PR precisou ser contido pelos companheiros enquanto tentava reagir.

A interrupção da partida durou 16 minutos e contou com nova confusão, desta vez entre torcedores do time paranaense com os reservas do América-MG. Um homem chegou a ser retirado das arquibancadas pela polícia.

Sem câmeras capturando o momento, o jogo foi retomado com os dois jogadores em campo e, somente no intervalo, Miguelito acabou substituído por Benítez. Allano, por outro lado, continuou no gramado visivelmente revoltado.

O árbitro Alisson Sidnei Furtado relatou a acusação de racismo na súmula, mas informou que nenhum "integrante da equipe de arbitragem no campo de jogo viu e/ou ouviu tal incidente".

Miguelito foi preso em flagrante por injúria racial. Os relatos foram suficientes para configurar o flagrante, apesar da falta de registro nas imagens da transmissão.

VEJA A NOTA NA ÍNTEGRA
"Venho, por meio desta nota, me manifestar sobre o episódio lamentável de injúria racial que sofri durante a partida entre Operário e América Mineiro, pelo Campeonato Brasileiro da Série B.

Infelizmente, mais uma vez, o racismo mostrou sua face cruel dentro de um espaço que deveria ser de celebração, respeito e igualdade. Ser ofendido pela cor da minha pele é algo doloroso, revoltante e, acima de tudo, inaceitável.

Não vou me calar. Não por mim apenas, mas por todos os que já passaram por isso e por aqueles que ainda lutam para que esse tipo de violência acabe de vez. O futebol, como a sociedade, precisa dizer basta ao racismo. Precisamos de justiça, responsabilidade e, sobretudo, empatia.

Agradeço ao Operário pelo apoio, aos meus companheiros de equipe, à minha família e a todos que têm se solidarizado comigo neste momento. A luta contra o racismo é de todos nós, e ela não vai parar enquanto houver injustiça."

Meia do América-MG é preso sob suspeita de injúria racial em jogo da Série B

JOSUÉ SEIXAS, MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) - O jogador Miguel Ángel Terceros Acuña, conhecido como Miguelito, foi preso em flagrante pela Polícia Civil do Paraná, após a partida entre o Operário e o América-MG, sob suspeita de injúria racial. O caso aconteceu na noite deste domingo (4), em partida pela 6ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro.

A denúncia partiu do atacante Allano, que relatou ter sido alvo de ofensas racistas proferidas pelo boliviano Miguelito, meia do América. O clube mineiro negou e classificou as acusações de 'infundadas'.

Na súmula da partida, o árbitro Alisson Sidnei Furtado, do Tocantins, relatou o ocorrido. Segundo ele, o caso foi assinalado aos 30 minutos da partida, quando Allano o informou que foi chamado de 'preto cagão' pelo atleta do América-MG.

"Informo que nenhum integrante da equipe de arbitragem no campo de jogo viu e/ou ouviu tal incidente. após a comunicação do atleta da equipe mandante, imediatamente foi realizado o protocolo antirracismo, em sua primeira etapa, a qual consiste na paralisação do jogo, realização do gestual antirracista e o anúncio feito no estádio explicando o motivo da paralisação do jogo e que se o incidente não cessasse, a partida seria interrompida", escreveu.

O árbitro chegou a seguir o protocolo oficial da Fifa e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e manteve a partida paralisada por mais de 15 minutos.

O Operário venceu por 1 a 0 jogando em casa.

Segundo Allano, o adversário proferiu as ofensas após uma disputa de bola. Miguelito teria ido em direção ao atacante do time paranaense e o xingado.

Após o suposto xingamento, Allano e o volante Jacy, também do Fantasma, foram para cima do boliviano. Em seguida, acionaram o árbitro Alisson Sidnei Furtado, que fez o sinal usado para indicar injúria racial -com os braços cruzados em X- e parou o jogo.

Durante a confusão, torcedores do Operário se revoltaram e atiraram copos contra jogadores do América. Um homem da torcida foi removido do estádio pela polícia.

Após checar as imagens do lance, o árbitro mandou a partida seguir e Miguelito continuou em campo. Já Allano recebeu um cartão amarelo em um lance seguinte por dar um entrada no meia do time mineiro, que foi substituído no intervalo.

Em nota, o Operário Ferroviário diz que "repudia com veemência qualquer ato de racismo", e que "está buscando as imagens e demais elementos para confirmar os fatos e tomar as medidas cabíveis diante da gravidade da situação."
"Reforçamos que o Operário está prestando todo o suporte necessário ao atleta Allano e seguirá firme em seu compromisso com a luta contra o racismo, dentro e fora de campo. Não vamos tolerar nenhuma forma de discriminação", diz o texto.

O América-MG manifestou "total solidariedade" ao seu atleta e afirmou que são acusações "infundadas que tentam associar seu nome a conduta de cunho racista".

"Após criteriosa apuração interna e análise dos fatos disponíveis, não foi identificada qualquer atitude, gesto ou declaração do jogador que possa, sob qualquer ângulo, ser interpretada como discriminatória. Ao contrário, Miguel Terceros sempre demonstrou conduta ética, respeito e espírito esportivo, sendo amplamente reconhecido no clube por seu profissionalismo e integridade", afirmou.

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