'A mudança precisa ser muito maior', diz Lívia Silva sobre pessoas pretas em espaços de poder

Nas telas

'A mudança precisa ser muito maior', diz Lívia Silva sobre pessoas pretas em espaços de poder
'A mudança precisa ser muito maior', diz Lívia Silva sobre pessoas pretas em espaços de poder

Ana Cora Lima, Rio De Janeiro, Rj (folhapress) - 14/11/2025 17:12:37 | Foto: Divulgação | Maria Magalhães

Versátil, curiosa e movida pela arte em todas as suas formas, Lívia Silva, 20, não gosta de rótulos. Embora seja chamada de "it girl" por muitos, a atriz e apresentadora faz questão de afirmar que sua identidade vai muito além da moda.

"Olha, pode ser que eu seja uma 'it girl', mas eu me considero artista. Me considero versátil, o próprio significado de artista. Tudo que engloba as possibilidades -toda essa versatilidade que a gente tem enquanto artista- nos permite passear por todos esses meios", avalia.

Apaixonada por moda desde pequena, ela lembra com carinho da influência da mãe, Fernanda: "Desde ir à escola toda arrumadinha até folhear revistas e sonhar com aquele mundo". "Sempre senti uma conexão muito forte com a moda", explica ela, que apresentou um programa em parceria com uma marca de roupas e ao lado de Dudu Bertholini e tem vontade de criar sua própria coleção.

Para Lívia, vestir-se é uma forma de comunicação e expressão artística. "A moda é a forma com que a gente se posiciona e com que as pessoas nos enxergam. Ela me permite ser diversa. Posso estar hoje com um look streetwear e amanhã mais elegante. A moda é eclética -e isso também é ser artista", diz.

NAS TELAS
Além do interesse pela moda, Lívia celebra um novo momento no cinema. Ela integra o elenco da adaptação cinematográfica "O Filho de Mil Homens", baseada no livro de Valter Hugo Mãe, que traz Rodrigo Santoro e Johnny Massaro no elenco e estreia no dia 19 na Netflix.

"A Isaura, minha personagem, me trouxe mais perguntas do que respostas. É um processo silencioso e inspirador", conta. "Quando recebi o convite para o teste, estava no meio das gravações de 'Renascer' [novela da Globo onde interpretou Teca]. Quis fazer de qualquer jeito. O filme está lindo, a fotografia é maravilhosa."
A atriz interpreta a versão jovem de Isaura, que na fase adulta, a personagem é vivida por Rebeca Jamir. "Ela vive o momento da descoberta dos amores, do corpo, dos desejos. É um filme em que o amor é o agente da transformação", explica.

Lívia ressalta que o longa propõe uma pausa necessária no ritmo acelerado do cotidiano: "A gente vive num tempo em que quer ver tudo rápido, até coloca o áudio do WhatsApp em 1,5x. Esse filme é o oposto -é calmo, silencioso. Você entende o que o personagem sente sem ele precisar falar nada. É muito potente."
Para Lívia, atuar é sinônimo de entrega. "Sou uma atriz do coração. Não faço por fazer. Preciso me apaixonar pelo personagem. Gosto de papéis que me atravessam. Prefiro ficar um ano sem trabalhar do que fazer algo sem entrega", diz ela, que no momento tem feito testes para novos personagens na TV.

O processo criativo, ela conta, é solitário e intuitivo. "Gosto de estudar minhas personagens sozinha. É um processo silencioso, meio nublado, até que, aos poucos, ela começa a surgir para mim. Sou movida por atravessamentos. Pela arte, pela moda, pela vida. Acho que é isso que me faz artista -inteira e plural."
'PRECISAMOS SER VISTOS'
No mês da Consciência Negra, a atriz também reflete sobre o significado da data. "Acho que a gente ainda precisa desse mês, sim. Se a gente questiona o porquê de ele existir, é porque nosso pensamento ainda não evoluiu o suficiente", afirma. "É um mês para lembrar que existimos, que a escravização existiu e que até hoje vivemos as consequências desse caos. Não dá para apagar. A luta é ancestral, e o processo de descolonização do pensamento ainda está em curso."
Ela também fala sobre o racismo e a invisibilização das mulheres negras. "A gente vive o preconceito o tempo todo -e em dose dupla, por ser mulher e por ser preta. É uma luta diária. A gente precisa ver pessoas pretas protagonizando histórias, mas também comandando produções e ocupando espaços de poder. Quero chegar em eventos e ver majoritariamente pessoas pretas sendo donas da verba, sabe? Essa mudança está acontecendo, mas precisa ser muito maior."

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