Acordo sobre biodiversidade marinha entra em vigor em janeiro de 2026

Em setembro, o tratado sobre alto mar alcançou as 60 ratificações exigidas; sete países lusófonos apoiam a sua implementação; ONU considera que o documento inaugura uma nova fase de cooperação internacional na proteção dos oceanos

Acordo sobre biodiversidade marinha entra em vigor em janeiro de 2026
Acordo sobre biodiversidade marinha entra em vigor em janeiro de 2026

Agência Onu News - 21/12/2025 10:08:35 | Foto: Nuno Vasco Rodrigues/UN World Oceans Day 2023

O Acordo sobre a Biodiversidade para Além da Jurisdição Nacional, Bbnj, alcançou em setembro as 60 ratificações exigidas para a sua entrada em vigor. A confirmação encerrou duas décadas de negociações e inaugurou um novo quadro jurídico para proteger ecossistemas marinhos vulneráveis.

Em janeiro de 2026, o tratado entrará em vigor, com a participação de 169 países que assinaram o Bbnj. Destes, apenas 128 o ratificaram, incluindo Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Timor-Leste. Angola, Brasil e São Tomé e Príncipe ainda não o confirmaram. Outros 66 não assinaram nem ratificaram o tratado, incluindo Moçambique.

Abrangência e integração da biodiversidade
A subsecretária-geral para Assuntos Jurídicos da ONU, Elinor Hammarskjöld, liderou o processo diplomático que permitiu ao acordo ultrapassar o seu último obstáculo formal.

O tratado, adotado por consenso em junho de 2023, apoia a conservação da biodiversidade marinha em áreas que não se encontram sob a jurisdição de Estados e que representam a grande maioria do oceano global. O Bbnj organiza quatro áreas essenciais para a conservação e uso sustentável da biodiversidade marinha.

Possibilidade de designar áreas marinhas
O primeiro pilar tem a ver com recursos genéticos marinhos, com regras para a recolha, utilização e partilha justa dos benefícios.

O segundo, cria a possibilidade de designar áreas marinhas protegidas em alto mar, de forma a preservar ecossistemas sensíveis e limitar atividades humanas em zonas críticas.

O terceiro pilar assenta em avaliações de impacto ambiental, obrigatórias para atividades com potencial de causar danos significativos.

Já o quarto pilar centra-se na capacitação e transferência de tecnologia marinha, fornecendo apoio aos países em desenvolvimento para que possam participar plenamente.

Mecanismos de implementação
A Conferência das Partes, COP, será o órgão máximo de decisão, apoiada por diversos órgãos subsidiários dedicados à ciência e à implementação do BBnj.

Um Mecanismo de Partilha de Informação facilitará o acesso a dados relevantes, e uma Secretaria permanente será responsável pela coordenação administrativa.

O tratado também estabelece um mecanismo financeiro para apoiar projetos de conservação e a participação de países com menos recursos.

Para a ONU, o modelo instituído pelo Bbnj representa o passo mais significativo na governança oceânica desde a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 1982.

Adoção e apoio ao tratado
O documento esteve aberto para assinatura entre setembro de 2023 e setembro de 2025. A entrada em vigor ocorre 120 dias após o depósito do 60.º instrumento de ratificação, marco alcançado este ano, garantindo que o tratado terá força jurídica plena em janeiro de 2026.

A próxima Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas dará início ao processo de definição das primeiras áreas marinhas protegidas, regras de partilha de benefícios e aos procedimentos de avaliação ambiental.

Hammarskjold destaca o “verdadeiro impulso de compromisso” para enfrentar os desafios dos oceanos, sublinhando o reconhecimento real da crise e das ferramentas para enfrentá-la de forma eficaz.

A ONU considera que o Bbnj inaugura uma nova fase de cooperação internacional, essencial para garantir que os oceanos continuem a sustentar a vida, a economia global e o equilíbrio climático.

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