A expectativa é que o processo seja concluído em até duas semanas
Kalil De Oliveira, Florianópolis, Sc (folhapress) - 26/11/2025 10:07:01 | Foto: © SILVIA BOMM/PREFEITURA DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ
A Prefeitura de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, está peneirando desde segunda-feira (24) a areia da praia Central para remover resíduos.
A expectativa é que o processo seja concluído em até duas semanas.
Na praia, estão acumulados pedaços de calçada e de um muro de arrimo que precisaram ser quebrados ao longo de uma obra de macrodrenagem que está sendo realizada para evitar alagamentos na região.
Além disso, pedras oriundas do mar estão sendo retiradas. Isso aconteceu como resultado da ampliação da faixa da praia, realizada em 2021. O revolvimento da areia também formou uma espécie de duna artificial. O peneiramento irá nivelar essa má formação.
Em outubro, a prefeita Juliana Pavan (PSD) determinou a paralisação da obra de macrodrenagem para a temporada de verão, quando são esperados 2 milhões de turistas. Nesta sexta-feira (28), ela deverá se reunir com os responsáveis pela obra para estimar uma nova data para conclusão.
A etapa norte custou R$ 35 milhões, via município com o Finisa (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento) e está 45% concluída. Já a etapa sul prevê R$ 29 milhões, com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal. Até a conclusão, as novas galerias não devem ser utilizadas.
"Só irá funcionar após ser conectada ao Canal do Marambaia. Para acontecer isso, teria que quebrar o Molhe da Barra Norte para ligar as galerias. Como tivemos movimentação grande nas últimas semanas, resolvi suspender esse procedimento. Faremos isso após o Carnaval", afirma a prefeita.
O peneiramento é executado pela NAJ Empreiteira -uma das empresas que atua na macrodrenagem- e a empresa de coleta seletiva Ambiental, sem implicar custos extras, afirma Pavan.
Segundo o professor do Departamento de Biologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Paulo Horta, o alargamento da faixa de areia pode ter alterado a circulação, o escoamento e o tempo de residência de resíduos e rejeitos.
"Importante destacar que os resíduos e rejeitos podem obstruir o sistema de drenagem favorecendo a ocorrência de alagamento", afirma. "Mas devemos destacar que no ambiente, tanto terrestre quanto aquático, estes resíduos e rejeitos representam grave ameaça à saúde ambiental e humana".
Ele afirma que o material pode ser tóxico e conter poluentes e patógenos. O processo inclui maquinários equipados com peneiras, como retroescavadeiras, escavadeiras e patrolas.
Segundo a prefeita, as equipes peneiram a areia manualmente, e as máquinas retiram resíduos mais profundos. Cerca de 5.200 blocos de concreto já foram armados em galerias subterrâneas ao longo de 2,4 km.
De acordo com Horta, é possível que um novo peneiramento tenha que ser feito quando as obras de macrodrenagem terminarem.
Para ele, a obra é necessária, mas foi feita de forma tardia. O biólogo também considera que o município deveria priorizar ações de adaptação da mudança climática, já que o aumento do nível do mar pode trazer riscos à cidade.
"Portanto, é fundamental que Balneário, e todas as nossas cidades costeiras, sob a luz da melhor ciência, construa formas de aumentarmos os estoques de carbono, proteja nossos litorais com soluções baseadas na natureza", diz.
Balneário Camboriú enfrenta cheias constantemente, sobretudo no início do ano. Em janeiro de 2025, a cidade decretou situação de emergência após chover em um dia o esperado para o mês inteiro. O risco é agravado pelo fato de o território estar a cerca de dois metros acima do nível do mar, conforme o Plano Municipal de Turismo.
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