China passa os EUA e é vista como maior potência econômica, mostra levantamento

China resiste às tarifas de Trump e cresce 5,2% no segundo trimestre

China passa os EUA e é vista como maior potência econômica, mostra levantamento
China passa os EUA e é vista como maior potência econômica, mostra levantamento

Nelson De Sá, Pequim, China (folhapress) - 19/07/2025 09:29:39 | Foto: Reprodução Xinhua/Ma Jinrui

Novo levantamento do Pew Research Center, instituto sediado em Washington, nos Estados Unidos, mostra que uma média de 41% dos entrevistados em 25 países veem a China como a maior potência econômica atual, contra 39% que avaliam ser os EUA. Há dois anos, os EUA lideravam com 41%, contra 33% da China.

O estudo abrange, entre outros países, Brasil, EUA, África do Sul, Índia, Indonésia, Austrália, Japão e nove europeus, como Alemanha, França e Reino Unido, mas não a própria China ou a Rússia.

Foram ouvidos 31.938 adultos entre janeiro e abril deste ano, consultados com a pergunta: "Hoje, qual dos seguintes você acha que é a principal potência econômica do mundo: EUA, China, Japão ou os países da União Europeia?".

No Brasil, os EUA ainda lideram, com 40% (queda de dois pontos em relação a 2023) contra 36% da China (aumento de seis pontos). Em países como Alemanha, Indonésia e México, a China ultrapassou os EUA e agora é considerada a maior potência.

Apesar disso, com exceções como Indonésia, Austrália e México, na maioria dos países os entrevistados disseram ser "mais importante" ter relações econômicas com os EUA do que com a China. No caso do Brasil, é como pensam 51% dos entrevistados, contra 36% que apontaram a China.

Segundo o relatório, "parte desse movimento pode estar relacionado à confiança ou falta de confiança em Donald Trump para lidar com problemas econômicos globais". Na maioria dos países pesquisados, as pessoas que têm menos confiança no presidente americano nesse ponto "são mais propensas a priorizar vínculos econômicos fortes com a China".

O levantamento perguntou em nove países se os entrevistados veem mais favoravelmente os investimentos americanos ou chineses. Na Índia, a maioria optou pelos EUA (59% a 33%). No Brasil, 58% foram favoráveis à China, 54%, aos EUA.

Por outro lado, 60% dos entrevistados no Brasil disseram que a dívida do país com a China é um "problema muito sério".

De maneira geral, na média dos 25 países, a visão sobre a China melhorou, mas segue negativa. Questionados se têm opinião favorável ou desfavorável, 36% disseram favorável (31%, um ano atrás) e 54%, desfavorável (61%, um ano atrás).

O Brasil vai na direção oposta: 51% têm opinião favorável da China, contra 40% desfavorável. Os outros dois latino-americanos, México e Argentina, apresentam visão também majoritariamente positiva sobre a China.

Como ressalta o estudo, ao serem questionados sobre qual nação representa "a maior ameaça", os entrevistados dos países de renda média não apontaram a China. "Já os EUA são a ameaça mais frequentemente mencionada na Argentina, Brasil, Indonésia, México e África do Sul, às vezes por uma margem considerável", diz o texto.

No caso do Brasil, 29% disseram que os EUA são a maior ameaça ao país, 15% citaram a China e 12% a Rússia.

China resiste às tarifas de Trump e cresce 5,2% no segundo trimestre

NELSON DE SÁ, PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) - A economia da China cresceu 5,2% no segundo trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado e superou ligeiramente as projeções feitas por levantamentos com agentes do mercado financeiro. A consultoria chinesa Wind apontava expectativa de 5,17%, e a agência de notícias Reuters, 5,1%.

O crescimento é efeito sobretudo da produção industrial, que saltou 6,8%, ano a ano. Já as vendas no varejo, que refletem o consumo interno, cresceram 4,8%, puxando o resultado geral para baixo.

O Escritório Nacional de Estatística, que divulgou o relatório em entrevista coletiva, avaliou que o crescimento "demonstrando forte resiliência e vitalidade" se deve às políticas de estímulo adotadas por Pequim desde o final do ano passado –com efeito ao longo do primeiro semestre e avançando, segundo o órgão, também pelo próximo.

"No entanto, há muitos fatores instáveis e incertos no ambiente internacional, a demanda interna é insuficiente e a base para a recuperação e o crescimento precisa ser ainda mais consolidada", acrescentou o vice-diretor do órgão, Sheng Laiyun, em referência indireta à guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

No dia anterior, a Administração Geral de Alfândegas havia divulgado que as exportações chinesas subiram 5,8% em junho, em relação ao mesmo mês do ano anterior, também superando projeções. As vendas para os países do Sudeste Asiático saltaram 17%. Para os EUA, caíram 16,1%.

Analistas de instituições ocidentais como o banco JP Morgan creditam o aumento do PIB no segundo trimestre em parte ao desempenho das exportações chinesas em junho, mas Sheng sublinhou na entrevista os indícios de que a economia está menos dependente das vendas externas.

Por exemplo, segundo o relatório do escritório de estatística desta terça, os gastos dos consumidores chineses responderam por 52% do crescimento na primeira metade do ano, enquanto as exportações responderam por 31,2%.

Citando que a média anualizada no primeiro semestre atingiu 5,3% de crescimento, Sheng avaliou que foram estabelecidas "as bases para alcançar a meta de crescimento anual" de cerca de 5%.

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