Curta produzido por mulheres indígenas vai ao Festival de Gramado

Curta produzido por mulheres indígenas via Lei Paulo Gustavo vai ao Festival de Gramado

Curta produzido por mulheres indígenas vai ao Festival de Gramado
Curta produzido por mulheres indígenas vai ao Festival de Gramado

Agência Gov | Via Minc - 14/08/2025 16:40:09 | Foto: Inventário Audiovisual

Curta-metragem Fuá, o Sonho fala sobre os saberes da etnia Kaingang. Produzido em Canela (RS), integra mostra gaúcha da categoria.

Na cidade de Canela (RS), vizinha de Gramado, cenário de um dos mais importantes festivais de cinema do país, mulheres indígenas da etnia Kaingang produziram um curta-metragem sobre saberes do seu povo. Fuá, o Sonho, viabilizado com recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG), ganha a tela em 16 de agosto, na 53ª edição do evento cinematográfico, onde compete na mostra gaúcha da categoria.

É a concretização de um desejo da jovem Marciely Fuá Salvador, que vive a protagonista. Em 2023, ela participou de uma sessão de cinema no Palácio dos Festivais, em Gramado, para integrantes de comunidades indígenas. Na ocasião, manifestou em entrevista o desejo de aparecer em uma tela grande. “A gente ainda nem pensava em fazer o curta”, lembra a diretora não-indígena Amallia Brandolff.

No filme, uma menina Kaingang que tem pesadelos com uma planta misteriosa parte ao encontro de uma liderança de seu povo. A meta é encontrar a cura para o problema de visão de sua mãe e decifrar o significado dos sonhos.

“Eu convivi com essa história e não queria deixá-la apenas comigo, mas passá-la para as minhas filhas e para a minha sobrinha”, salienta a diretora indígena Viviane Jag Fej Farias, mãe de Fuá, cujos sogros eram duas lideranças indígenas, e mora com a família na aldeia Kógunh Mág, em Canela, onde o filme foi gravado.

Amallia destaca a relevância do tema da valorização da cultura Kaingang presente no trabalho. “A Vivi tem a missão de manter esse conhecimento vivo, porque pela falta da demarcação dos territórios, pela falta dessa segurança do corpo dentro deles, esses saberes das plantas, da espiritualidade, da medicina, também vão se perdendo. O curta é um registro, mas também um resgate”, frisa.

O roteiro contou com a colaboração da antropóloga Ana Elisa de Castro Farias e da liderança Kaingang Kujà Gah Té e de integrantes da comunidade. “Elas nos ajudaram a contextualizar a história. Mas ela foi construída ouvindo as mulheres que vivem ali, dialogando com elas”, relata. O sexo feminino, por sinal, representa 95% da equipe.

Com cenas em Canela e Porto Alegre, Fuá, o Sonho terá sua estreia oficial no 53º Festival de Cinema de Gramado. “Muitas pessoas não sabem que tem uma aldeia aqui. Acredito que vai romper barreiras. É importante para a região, porque o preconceito ainda é grande. O filme é uma forma de usarmos o audiovisual para aproximar as pessoas dessa cultura e obter mais respeito”, salienta Amallia.

Na sequência, o curta deverá percorrer o circuito de eventos cinematográficos espalhados pelo país e no final de setembro estará disponível no YouTube.

Lei Paulo Gustavo
Fuá, o Sonho conquistou o primeiro lugar em edital municipal da LPG, tendo recebido R$ 33 mil para ser produzido. Segundo Amallia, a Lei foi fundamental.

“Nós tivemos um desmonte da cultura em Canela muito grande. Foi a partir da Lei Paulo Gustavo que as pessoas começaram a ver a possibilidade de executar seus trabalhos, aquilo que estava guardado. Teve outros projetos aqui que foram feitos a partir da Lei, e isso é muito importante”, analisa.

De acordo com a coordenadora do Escritório Estadual do Ministério da Cultura (MinC) no Rio Grande do Sul, Mariana Martinez, o filme representa a essência da Lei Paulo Gustavo.

“Celebramos o reconhecimento recebido pela comunidade Kaingang e seus realizadores. Isso demonstra que aquilo que estamos construindo com estas políticas públicas é mais do que fomento, é direito e reparação histórica. Quando olhamos para as aldeias e para a cultura dos nossos povos originários, estamos olhando para a cultura viva, para quem sustenta a diversidade cultural desse país há séculos, muitas vezes sem nenhum apoio do Estado. O futuro é ancestral”, enfatiza.

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