Depois da facada no candidato Jair Bolsonaro, todo cuidado é pouco

Com segurança, todo cuidado é pouco

Depois da facada no candidato Jair Bolsonaro, todo cuidado é pouco
Depois da facada no candidato Jair Bolsonaro, todo cuidado é pouco

Por Ana Maria Campos - 30/12/2018 08:19:58 | Foto:

Depois da facada no candidato Jair Bolsonaro (PSL), em plena campanha, as equipes de segurança pública do Distrito Federal, da Polícia Federal e das Forças Armadas estão trabalhando em detalhes para que tudo dê certo na posse do novo presidente da República. Nessa onda, grupos radiciais têm se apresentado como terroristas para tumultuar ainda mais o trabalho de inteligência. Mas todos os detalhes têm sido checados, como uma maleta abandonada ontem perto do Ministério do Planejamento, que poderia conter explosivos. A Polícia Civil e a Polícia Militar estão atentas, acionadas pelo atual secretário de Segurança Pública, Alessandro Moretti. Tudo tem sido acompanhado também pelo próximo titular da pasta, Anderson Torres. Os dois têm afinidade, identidade e vão trabalhar juntos na próxima gestão. Este é o primeiro teste do funcionamento da segurança na capital do país, que deverá provocar muitas tensões com Bolsonaro no comando do Palácio do Planalto, pelos radicalismos e intolerâncias que se acirraram na campanha.

Nova função

O vice-governador Paco Britto (Avante) vai exercer uma função na estrutura de poder do governo Ibaneis Rocha (MDB) bem mais ativa do que Renato Santana (PSD) vinha desempenhando nos últimos anos, no governo Rollemberg. De político do baixo clero, presidente de um partido minúsculo, o PTdoB que se transformou em Avante, que sempre negociava, em todas as eleições, coligações para deputados distritais, Paco agora é o número dois na hierarquia de poder do Distrito Federal. Na fase de transição, ele se firmou como articulador político e institucional.

Advocacia mais uma vez representada

Mais uma advogada vai assumir cargo estratégico no governo Ibaneis. O novo

governador anunciou ontem Kaline Gonzaga Costa como chefe de gabinete da governadoria. Nos últimos cinco anos, ela exerceu o cargo de chefe de gabinete da Presidência do Conselho Federal da OAB.

Fora do poder

Os petistas nunca estiveram tão fora do poder no DF. O partido elegeu apenas dois distritais, Arlete Sampaio e Chico Vigilante, e, pelo acordo da composição da Mesa Diretora da Câmara Legislativa, nenhum deles vai presidir qualquer comissão temática.

Eleição antecipada

Se for confirmada a eleição de Rafael Prudente (MDB) como presidente da Câmara Legislativa, será a primeira vez na história do DF que uma disputa pelo comando da Casa será resolvida 15 dias antes do pleito, apenas na base do acordo político. Mesmo com a manutenção da candidatura de Cláudio Abrantes (PDT), o jogo já está jogado.

Nada de novo no front

O nome mais cotado para assumir a Corregedoria da Câmara Legislativa, aquele cargo responsável pelo controle da quebra de decoro, é o deputado José Gomes (PSB). Justamente o parlamentar que responde a uma representação na Justiça por abuso de poder econômico durante a campanha eleitoral. Pode isso, Arnaldo?

Mandou bem

O advogado Ibaneis Rocha (MDB) foi o fenômeno das eleições no Distrito Federal. Desconhecido da população, começou a campanha com 0,2% das intenções de votos e venceu a disputa com quase 70% .

Mandou mal

Mesmo com intervenção federal no Rio de Janeiro, a vereadora Marielle Franco (PSol) foi executada, com o motorista Anderson Gomes, e, nove meses depois, o crime ainda não tem solução.

Ajustes finais

Isso é que é afinidade. O futuro diretor-geral da Polícia Civil, Robson Cândido, e o seu adjunto, Benito Tiezzi, ao lado de outros amigos, como o presidente do Sindicato da Polícia Civil (Sindepo), Rafael Sampaio, estavam reunidos ontem, comemorando os bons tempos. Mais do que celebração, estavam trabalhando nos detalhes finais da nova casa de Robson, pintando o canil e discutindo as nomeações para novos cargos da estrutura da corporação. A posse festiva, no auditório do complexo da Polícia Civil, deve ocorrer entre os dias nove e 10 de janeiro.

Beija a mão

A equipe do governador Ibaneis Rocha assume os cargos no dia primeiro de janeiro, com a publicação dos atos no Diário Oficial do DF. Em seguida, haverá as solenidades de cada secretário e dirigente de empresa. Momentos do beijar a mão, dos parabéns e de se apresentar para os novos poderosos.

A pergunta que não quer calar….

Ibaneis Rocha vai conseguir cumprir todos os compromissos de campanha?

Só papos

“Está liberado. Jair é, oficialmente, nazista. Criador da Lei de Godwin diz que é ok chamar Bolsonaro de nazista”

Rafael Parente, futuro secretário de Educação, em comentário postado em 26 de outubro, no Twitter

“Governador Ibaneis Rocha, creio que o senhor Rafael Parente demonstrou não ter condições de conduzir a educação no DF. Além de apoiar ideologia de gênero nas escolas, chamou o presidente Jair Bolsonaro de nazista publicamente. Isso é uma afronta à escolha do DF nas urnas. Respeito!”

Deputada eleita Bia Kicis (PSL/DF), em resposta publicada na semana passada

Enquanto isso... Na sala de Justiça

O primeiro dia do ano será de muitos compromissos para os advogados. Muitos vão acompanhar a posse do novo governador do DF, Ibaneis Rocha, ao longo da manhã. Os eventos começam com uma missa no Santuário Dom Bosco, depois, o juramento e o discurso de posse na Câmara Legislativa e, em seguida, a transmissão de cargos no Palácio do Buriti. À tarde, às 17h, Juliano Costa Couto entrega o comando da OAB/DF para Délio Lins e Silva Júnior. A última vez que as duas posses coincidiram na mesma data foi em 2007, quando José Roberto Arruda virou governador e Francisco Caputo, presidente da Ordem.

À QUEIMA-ROUPA

Deputado distrital Chico Leite (Rede)

“O que Rollemberg fez comigo toda a cidade sabe”

Depois de 16 anos exercendo mandato de deputado distrital, qual é o seu sentimento ao deixar a política?

Tenho um sentimento de gratidão pela oportunidade de servir à sociedade, em geral, e aos que acreditaram em mim e me confiaram os mandatos, especialmente. Mas me sinto ainda mais devedor dos que ficaram comigo até o fim, enfrentando, corajosamente, a tentação da política como forma de ascensão econômica e social ou como balcão de negócios, ou espaço para a realização de vaidades e desejos inconfessáveis.

Sai magoado com Rodrigo Rollemberg, a quem seu partido, a Rede, apoiou na disputa ao GDF?

Saio com o coração sereno e a consciência tranquila que só podem ter aqueles que honram os compromissos e não abandonam a causa nem mesmo quando já não têm certeza de que podem contar com a reciprocidade da honradez alheia.

Houve traição?

O que Rollemberg fez comigo, toda a cidade sabe.

Qual vai ser a marca de seus mandatos?

Gostaria que fosse a demonstração de que nem todos os políticos são iguais, e que é possível fazer da política um lugar de gente honesta, sonhadora, desprendida de interesses particulares ou meramente corporativos, com espírito público e disposição para se dedicar ao bem comum, como é a imensa maioria do nosso povo, em Brasília e no Brasil.

Há um pedido de intervenção na Rede no DF. Qual é a sua avaliação sobre esse movimento?

Não é próprio da nova política, que a Rede se propõe representar, tomar decisões sem respeito à democracia interna. Penso que o esforço, nesse momento, deveria ser pela união em torno da manutenção da Rede, disposta a trabalhar por causas, não por cargos.

Onde Rollemberg errou na gestão?

Alardeava princípios da nova política ao mesmo tempo em que mantinha um núcleo de decisões distante da formação da opinião e da sociedade civil. Houve quem atribuísse à inexperiência e quem preferisse chamar de soberba. Expus essa crítica várias vezes, na esperança de ser ouvido, porque não sabia que esse comportamento expressava um estilo do próprio governador.

Você votou em Ibaneis?

Votei conforme minhas convicções, com o que considerava melhor para Brasília, como sempre fiz.

Qual é a sua expectativa em relação ao governo dele?

Espero coragem, para enfrentar os desafios, entre eles, equilibrar a responsabilidade fiscal com a retomada do desenvolvimento; ética e transparência, para não deixar nossa capital voltar às páginas policiais dos noticiosos; humildade, para aprender com as diferenças; e trabalho, muito trabalho. Estou otimista.

É possível voltar ao MP com entusiamo e isenção?

Fui um promotor de justiça na Câmara Legislativa, combatendo a corrupção, fiscalizando, investigando, representando as autoridades persecutórias sobre desvios e abusos, propondo inquéritos parlamentares e relatando cassação de deputados e o impedimento de um governador, com o entusiasmo e a responsabilidade de quem sabe que deve cumprir o dever mesmo diante das missões mais espinhosas, e sempre com a isenção e a equidistância necessárias à defesa da ordem jurídica e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, que estão além e acima dos interesses dos políticos e dos partidos.

Vai tentar um novo mandato em 2022?

Dia 7 de janeiro agora, volto à minha Casa, o MPDFT, e reassumo a 11ª Procuradoria de Justiça Criminal. Minha prioridade hoje é dar o melhor de mim para exercer mais essa missão que a vida me confiou.


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