Como são feitas ou alteradas as leis em Portugal? Explicamos aqui as etapas e como funciona o processo legislativo no país.
 
                     
                        
                    Atlantic Bridge - 30/10/2025 16:45:38 | Foto: Divulgação Atlantic Bridge
O processo legislativo em Portugal segue um percurso bem definido, que vai desde a conceção da ideia até à promulgação e publicação no Diário da República . Entender esse caminho é essencial para acompanhar mudanças importantes — como ocorreu recentemente com a Lei de Estrangeiros , que foi enviada pelo Presidente da República ao Tribunal Constitucional para apreciação antes de entrar em vigor com alterações.
Abaixo, explicamos as etapas que compõem o processo legislativo português e como uma proposta se transforma em lei.
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Processo legislativo: Como as leis são criadas e alteradas em Portugal.
Veja abaixo as etapas do processo legislativo que possibilita a criação e alteração de novas leis em Portugal.
Uma lei começa por uma ideia, que pode ser proposta pelo governo, por deputados ou por cidadãos desde que reúna 20 mil assinaturas. Neste último caso, a assembleia tem que se pronunciar quanto à sua admissão.
Quando a ideia é aceita, um projeto de lei (ou proposta de lei) é redigido e encaminhado ao Presidente da Assembleia da República, que o envia à Comissão Parlamentar.
O processo de apreciação da lei no Parlamento possui dois estágios:
Discussão na generalidade
Quando um projeto de lei é apresentado, é votado em sua primeira fase, chamada de discussão na generalidade, podendo ser votado juntos outros projetos de lei com o mesmo tema. Se o projeto for rejeitado, ele é encerrado. Também pode acontecer que, a pedido do partido proponente, os textos baixem outra vez à Comissão para se procurar uma nova redação.
Discussão na especialidade
Se for aprovado na generalidade, ele é então encaminhado para uma segunda fase, a discussão na especialidade . Nesta fase, os deputados podem propor alterações ao projeto e a Comissão pode construir um novo texto substituto, que seja aprovado pela maioria. Nesta fase, as comissões também podem ouvir contribuições de cidadãos para aprimorar o projeto. Embora essa fase seja importante, muitas vezes não recebe atenção porque não acontece no plenário. É comum o processo arrastar-se nessa fase, podendo até mesmo não ser concluído.
Após a apreciação na especialidade, o projeto de lei com as alterações aprovadas na Comissão volta ao plenário para ser ratificado e votado em sua fase final. Somente os projetos que superarem essa etapa têm chances de se tornar leis. Os projetos aprovados são enviados ao Presidente da República para promulgação.
É a vez do projeto de lei ser avaliado pelo Presidente, que o promulga ou veta. Neste último caso, o documento volta ao Parlamento para ser revisto. Caso tenha dúvidas de sua constitucionalidade, pode consultar o Tribunal Constitucional para verificar a constitucionalidade do diploma. Se for considerado inconstitucional, o Presidente é obrigado a o vetar e o documento é devolvido à origem, ao governo ou à assembleia.
Se for promulgado pelo Presidente, o texto é enviado para publicação no Diário da República, assumindo então o estatuto de lei.
Ademais, vale ressaltar que, ainda que venha a ser aprovado um projeto de lei, é comum que o Parlamento aprove um período de transição para a sua aplicação.
Ou seja, um prazo legal mais alargado entre a publicação da lei e o momento em que ela efetivamente entra em vigor, evitando mudanças abruptas e permitindo a adaptação de cidadãos e instituições.
Outro ponto essencial é que em Portugal as leis não têm efeito retroativo, salvo raríssimas exceções expressamente previstas.
Isto significa que uma nova regra não pode alterar situações jurídicas constituídas sob a vigência da lei anterior.
Um exemplo recente foi a tentativa de alteração da Lei da Nacionalidade, no que dizia respeito ao tempo mínimo de residência legal para obtenção da nacionalidade portuguesa.
O texto inicial pretendia aplicar a nova regra a processos já em andamento — o que, na prática, violaria o princípio da irretroatividade da lei.
Por esse motivo, os parlamentares reescreveram o artigo antes da aprovação final, ajustando o texto para respeitar a Constituição e garantir segurança jurídica a quem já havia iniciado o processo.
Em Portugal, a população pode acompanhar a tramitação das iniciativas legislativas e ver em que fase do processo se encontra através da internet.
O processo legislativo português é estruturado, mas pode ser demorado — especialmente quando há necessidade de revisão ou de análise constitucional.
O caso recente da Lei de Estrangeiros ilustra bem esse percurso: um projeto apresentado pelo Governo, debatido em plenário, sujeito a alterações e posteriormente apreciado pelo Tribunal Constitucional antes de se tornar lei.
É justamente por conta dessas etapas que Portugal assegura a proteção dos direitos dos cidadãos e a estabilidade das suas instituições, evitando que uma lei seja alterada de um dia para o outro sem o devido debate público e jurídico.
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