Dieta mediterrânea se mostra eficiente no controle da síndrome do intestino irritável, aponta estudo

O azeite de oliva e peixes complementam a lista

Dieta mediterrânea se mostra eficiente no controle da síndrome do intestino irritável, aponta estudo
Dieta mediterrânea se mostra eficiente no controle da síndrome do intestino irritável, aponta estudo

Samuel Fernandes, São Paulo, Sp (folhapress) - 10/11/2025 10:45:28 | Foto: Ilustrativa © FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

Um estudo com 110 participantes observou que a dieta mediterrânea pode ser mais eficaz no controle da síndrome do intestino irritável (SII) do que uma alimentação convencional. A conclusão da pesquisa fortalece a noção de que uma dieta adequada e balanceada é central para o tratar o problema intestinal.

A dieta mediterrânea é baseada principalmente em alimentos de origem vegetal, priorizando frutas, leguminosas, grãos integrais e sementes. O azeite de oliva e peixes complementam a lista. Carnes vermelhas, por outro lado, são desencorajadas.

A prioridade a tais alimentos faz com que a dieta mediterrânea seja reconhecida pelos benefícios à saúde. "Entre inúmeros aspectos positivos desse modelo alimentar, um é justamente o de ser uma alimentação menos inflamatória, levando a benefícios em diferentes condições clínicas", afirma Andrea Bottoni, nutrólogo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Por essa razão, já se suspeitava que a dieta mediterrânea poderia ser útil para casos de SII, uma síndrome que causa dor abdominal, gases, inchaço, diarreia ou constipação. No entanto, os autores da nova pesquisa, veiculada na publicação científica Annals of Internal Medicine, apontam no artigo que faltam evidências mais sólidas sobre essa suspeita.

Para investigar o tema, o estudo incluiu 110 participantes do Reino Unido com diagnóstico para SII e que seguiram até o fim da pesquisa. Eles foram divididos em dois grupos: um que consumiu uma dieta do tipo mediterrânea e outro que seguiu um modelo tradicional de alimentação, definido como um modelo geral de consumo de alimentos saudáveis e balanceados.

Os participantes foram avaliados a partir de uma escala utilizada para padronizar a intensidade dos sintomas da SII. O objetivo era observar se haveria melhora no quadro clínico durante as seis semanas que o estudo durou.

Ao fim, os pesquisadores concluíram que o grupo da dieta mediterrânea teve um melhor desempenho no controle dos sintomas da SII. Mais precisamente, 62% dos que seguiram essa dieta apresentaram melhora clínica da condição -contra 42% daqueles que seguiram o cardápio convencional. No entanto, não houve mudanças para outros desfechos secundários também analisados no estudo, como alteração de humor ou satisfação com a dieta.

Por conta desse achado, os autores da pesquisa afirmaram no artigo que a dieta mediterrânea "representa uma intervenção dietética viável de primeira linha para a SII". Isolda Prado, médica nutróloga, docente e diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) e professora de nutrologia da UEA (Universidade do Estado do Amazonas), concorda.

Prado explica que, para a SII, uma alimentação saudável é uma das formas de terapia para controlar a condição. "Nada melhor do que a dieta do mediterrâneo para esse caso", resume a médica, que não assinou o novo artigo.

Assim como Bottoni, Prado aponta que uma vantagem importante da dieta mediterrânea é sua capacidade anti-inflamatória. Essa característica é especialmente benéfica para a SII, que é associada a dores e desconfortos abdominais.

Outro atributo relevante da dieta é a regulação do microbioma do intestino, o que pode levar a diminuição dos distúrbios dos ritmos intestinais comuns também na SII.

Mesmo que o estudo tenha sido bem executado, ele conta com limitações comuns a toda pesquisa científica. Bottoni, que não assinou o novo artigo, aponta que a alimentação é somente um dos pilares relacionados ao estilo de vida e que podem afetar a SII -ou seja, existem muitos outros fatores que podem ter influenciado o desfecho visto na pesquisa.

Além disso, os próprios autores do estudo afirmaram no artigo que alguns participantes desistiram da investigação sob a justificativa de que a dieta mediterrânea havia piorado os sintomas da SII. Por isso, os autores defendem a necessidade de futuras pesquisas que considerem modelos adaptados de dieta mediterrânea a fim de entender mais precisamente os efeitos dessa forma de alimentação na saúde intestinal.

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