Grupos checam informações com base em estudos e fontes. Um dos maiores problemas encontrados são alegações falsas sobre cura da doença, dizem alunos.
Por G1 Df E Tv Globo - 23/08/2020 08:53:37 | Foto: TV Globo/Reprodução
Preocupados com o volume de fake news divulgado na internet sobre o novo coronavírus, estudantes da Universidade de Brasília (Unb) criaram perfis nas redes sociais para responder questões sobre a Covid-19. O "Pet Covid-19" e o "João Fake News" checam informações que circulam na rede usando como base estudos e fontes seguras.
Um dos maiores problemas encontrados são as informações falsas sobre cura da doença, dizem os alunos. Gabriel Cajado, de 22 anos, é responsável por um dos perfis. Ele conta que começou a receber notícias de familiares e amigos sobre remédios e tratamentos que eram "verdadeiros milagres".
Perfil João Fake News no Whatsapp — Foto: TV Globo/Reprodução
O estudante de Ciências Naturais diz que decidiu, então, criar um meio de apurar as informações. O objetivo inicial era traduzir palavras como "célula" e "mucosa", por exemplo, e contar com a ajuda dos professores para informar de maneira adequada.
"A gente pega um termo mais técnico e facilita para as pessoas", explica.
A forma usada para chegar ao público foi um grupo, no WhatsApp. "Não achei que daria certo, mas ganhou uma proporção que eu não imaginava. Todo dia a gente abre o grupo pra perguntas e várias pessoas participam", afirma o estudante.
Gabriel Cajado é estudante de Ciências da Natureza e criou o Pet Covid-19 — Foto: TV Globo/Reprodução
No começo, o grupo atendia comunidades próximas ao campus da UnB, em Planaltina. Mas o perfil tem recebido perguntas até de outros estados como Tocantins e Mato Grosso.
O Pet Covid-19, já tem 245 pessoas. Dessas, 20 são alunos da universidade, as outras 225 moram na capital federal e várias regiões do país.
Além dos colegas de Gabriel, um outro grupo de estudantes da universidade pública, criou um segundo perfil contra fake news relacionadas à pandemia. Eles trabalham da mesma maneira: recebem as dúvidas, processam, verificam e respondem se a informação é fato ou fake.
O "João Fake News" tem dois meses e cerca de 300 pessoas, de todo país, afirma o estudante de engenharia Samuel Albuquerque, responsável pelo trabalho. "Buscamos ferramentas gratuitas pra que não gere custo para as pessoas", explica.
"As dúvidas que aparecem são variadas. A gente já respondeu sobre o uso de limão para curar coronavírus, terapia de ozônio e até o uso de máscaras", afirma o estudante.
Um estudo das pesquisadoras Claudia Galhardi e Maria Cecília de Souza Minayo, realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em abril deste ano, apontou que os meios de comunicação mais usados para disseminação de informações falsas sobre a Covid-19 foram Instagram, Facebook e WhatsApp.
De acordo com os resultados da pesquisa, 73,7% das fake news são transmitidas pelo WhatsApp.
De acordo com Claudia Galhardi, além de colocar vidas em risco, a disseminação de notícias falsas relacionadas ao novo coronavírus contribui para o descrédito da ciência e das instituições de saúde pública. "Os conteúdos falsos usam nomes de instituições idôneas pra enganar as pessoas, como a própria Fiocruz, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância", aponta a pesquisadora.
"Precisamos redobrar a atenção ao receber informações nas redes sociais que não apresentem a fonte oficial, e fazer uma leitura crítica antes de compartilhar qualquer conteúdo", afirma.
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