O levantamento englobou a análise de dados da Pesquisa Instituto Ipec
Redação Com Informações De Assessoria - 07/11/2025 07:49:21 | Foto: Freepik
Variação de 1 ponto percentual na ilegalidade está associada a 239 novos homicídios dolosos por ano, além de outros crimes graves.
Um levantamento inédito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) demonstra a ligação direta entre o comércio ilegal de cigarros – que responde por 32% do mercado nacional - e o aumento de crimes violentos no Brasil – de homicídios a ataques a agentes do Estado.
A análise aponta que cada aumento de 1 ponto percentual na taxa de ilegalidade está estatisticamente associado a 892 novas ocorrências de tráfico de drogas, 239 homicídios dolosos, 629 apreensões de armas de fogo, além de latrocínios (30), roubos de carga (339) e de veículos (2.868) por ano. O mercado ilícito de cigarros não só provoca prejuízos bilionários aos cofres públicos, mas também alimenta a engrenagem da violência no país.
"Essas relações reforçam o vínculo estrutural entre mercado ilegal e economia do crime organizado, com reflexos diretos na segurança pública. O estudo evidencia que o mercado ilegal de cigarros constitui um desafio econômico e institucional de grande magnitude, articulando evasão fiscal, perda de empregos e fortalecimento de redes criminosas", diz Camila Sena, pesquisadora que participou do estudo.
O mercado ilegal de cigarros gera R$ 10,2 bilhões por ano ao crime organizado, o que corresponde a cerca de 7% do total de faturamento dessas organizações criminosas. Segundo o estudo, isso consolida o vínculo estrutural entre o cigarro ilegal e a economia do crime, tornando-se uma fonte relevante de financiamento para facções criminosas e redes transnacionais, que utilizam as mesmas rotas logísticas e recursos tecnológicos empregados em outros mercados ilícitos, como os de drogas e armas.
Recuperar apenas metade dessas perdas poderia gerar R$ 1,3 bilhão à arrecadação federal, valor equivalente a 11,8% do déficit primário projetado para o ano.
“A correlação aponta para um dos maiores desafios econômico e institucional de nosso tempo. Toda essa engrenagem que abastece o crime é resultado da combinação entre demanda constante, fragilidades na fiscalização fronteiriça e urbana e regulação altamente restritiva, pressionando o setor produtivo – fatores que abrem ainda mais caminho ao mercado ilícito”, destaca Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP).
O levantamento englobou a análise de dados da Pesquisa Instituto Ipec – Pack Swap (2024); Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (SINESP); Relatórios do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP); Receita Federal e Tesouro Nacional, além de uma revisão bibliográfica sobre as conexões entre mercado ilegal de cigarros e crime organizado.
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