A medida foi tomada em função da polêmica envolvendo a argelina Imane Khelif e atinge diretamente a campeã olímpica em Paris
São Paulo, Sp (uol/folhapress) - 01/06/2025 11:37:30 | Foto: Kokeshi75 por Pixabay
A World Boxing, entidade que comanda o boxe olímpico desde fevereiro deste ano, anunciou que vai introduzir testes de sexo obrigatórios aos atletas para a disputa de seus campeonatos. A medida foi tomada em função da polêmica envolvendo a argelina Imane Khelif e atinge diretamente a campeã olímpica em Paris.
A federação internacional passará a exigir testes genéticos para determinar a eligibilidade de atletas nas categorias masculina e feminina. O anúncio foi feito hoje e integra nova política da entidade para "garantir a segurança de todos e oferecer condições competitivas iguais".
A World Boxing determinou que Imane Khelif não poderá participar de seus eventos até que seja submetida ao exame. A federação citou a boxeadora nominalmente e informou a autoridade do boxe da Argélia sobre a questão.
Com isso, a campeã olímpica pode não disputar a Copa do Mundo de boxe entre as mulheres. O evento será disputado em Eindhoven, na Holanda, entre os dias 5 e 10 de junho. Segundo a entidade, a medida "respeita a dignidade de todos e sua prioridade é garantir a segurança".
A comprovação de sexo será feita por teste genético. Atletas acima de 18 anos serão submetidos a exame PCR para determinar o sexo biológico. O teste específico revela a presença dos cromossomos X e Y no material genético dos atletas.
Quem não se submeter ao teste ou deixar de apresentar certificado de gênero será considerado inelegível. Será possível recorrer dos resultados, de acordo com a World Boxing. Caso uma atleta apresente cromossomo Y em seu DNA, os testes serão encaminhados a especialistas clínicos.
Khelif esteve no centro de uma polêmica internacional no ano passado. Ela teve seu gênero contestado durante a competição por ter sido reprovada em teste da IBA (Federação Internacional de Boxe Amador), mas autorizada a competir entre as mulheres pelo COI. Imane conquistou o ouro na categoria até 66kg.
ENTENDA A POLÊMICA ENVOLVENDO IMANE KHELIF
A polêmica sobre o gênero de Imane Khelif começou em 2023. Ela participaria do Mundial de Boxe, organizado pela Associação Internacional de Boxe (IBA, sigla em inglês), mas foi desclassificada após não passar em um "teste de gênero" feito pela organização.
Outra lutadora lidou com a polêmica quanto ao teste de gênero feito pela IBA. A boxeadora taiwanesa Lin Yu-ting, que participou dos Jogos Olímpicos em Paris assim como Khelif, também foi reprovada. A IBA não explicou em seu site o método do teste, que disse ser "confidencial", mas afirmou que elas "têm vantagens comparadas com as outras competidoras".
A polêmica sobre a argelina ganhou força após sua primeira luta na competição, quando ela venceu Angela Carini. A atleta italiana desistiu da luta após 46 segundos, depois de levar golpes na altura do nariz.
Na ocasião, o porta-voz do COI explicou por que um teste de testosterona não é adequado. "O teste de testosterona não é um teste perfeito. Muitas mulheres podem ter níveis de testosterona iguais ou semelhantes aos dos homens, embora ainda sejam mulheres", disse Mark Adams, porta-voz do COI, sobre o caso.
O COI disse que a IBA, que organizou o Campeonato Mundial, não é mais um órgão reconhecido como competente pelo comitê desde 2023. Um documento oficial cita que a organização de boxe apresentou falhas recorrentes relacionadas à integridade e transparência da associação, que foi acusada de manipulação de resultados e corrupção.
Até hoje não houve qualquer confirmação de que Imane Khelif não seja uma mulher cisgênero. A imprensa internacional chegou a levantar possibilidade sem comprovação de que a boxeadora argelina seja uma pessoa intersexo (que nasce com características sexuais não binárias).
Khelif se defendeu da polêmica durante as Olimpíadas e afirmou ser uma mulher cisgênero. Ela, inclusive, acionou a Justiça após os ataques sofridos durante a competição em Paris.
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