Segundo a Seccional fluminense da entidade, a juíza Maíra Valéria Veiga de Oliveira determinou que fossem barradas, no Fórum de Iguaba Grande, advogadas que estivessem com roupas cinco centímetros acima do joelho
Estadão Conteúdo - 26/10/2019 12:34:34 | Foto: Reprodução. OAB – RJ
A Seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil protocolou nesta quarta, 23, uma representação junto a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado contra a juíza Maíra Valéria Veiga de Oliveira. A magistrada barra a entrada de mulheres no Fórum de Iguaba Grande, do qual é diretora, de acordo com o tamanho das saias que estão usando, diz a OAB-RJ.
Segundo a entidade, a juíza fixou um aviso sobre a medida na entrada do Tribunal e autorizou seguranças a medirem as roupas das advogadas com régua – se a roupa estiver mais de cinco centímetros acima do joelho, a mulher é impedida de entrar no local. A OAB relatou que uma estagiária teve que costurar seu casaco costurado à barra de sua saia para conseguir entrar no Fórum.
Foto: Reprodução / OAB – RJ
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As informações foram divulgadas pela Assessoria de Imprensa da OAB-RJ.
O município de Iguaba Grande é situado a cerca de 130 km da capital fluminense.
A denúncia, assinada pela Comissão de Prerrogativas da OAB-RJ, diz que Maíra Oliveira descumpre, ‘deliberadamente’ a Lei Federal 8906/94, que supõe sobre Estatuto da Advocacia e a Ordem, no que diz respeito à ausência de hierarquia entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo haver ‘consideração e respeito recíprocos’.
Na avaliação da entidade, a magistrada ‘falta com seu dever funcional de cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e os atos de ofício na forma do Artigo 35 da Lei Orgânica da Magistratura’. Tal dispositivo elenca os deveres do magistrado.
A OAB alega que tentou conversar por vezes com a magistrada, inclusive com a realização de uma reunião no fim de 2018. A entidade aponta ainda que no início do mês, a vice-presidente da OAB Mulher, Rebeca Servaes, foi barrada, por causa de sua saia, durante uma visita da Diretoria de Mulheres ao Fórum que verificaria o cumprimento das prerrogativas da advogada.
Na ocasião, Rebeca e outras integrantes da Diretoria de Mulheres da OAB conversaram com a magistrada, que teria abordado as advogadas com ‘rispidez, acompanhada por policiais’. “Ao defender sua posição, chamou as advogadas que frequentam o fórum de ‘piriguetes'”, diz nota da OAB-RJ.
Segundo a entidade, a juíza teria se comprometido a refletir sobre a regra e consultar o Tribunal de Justiça sobre a viabilidade revogá-la. Até o momento, no entanto, não teria informado a Ordem sobre as providências.
COM A PALAVRA, A JUÍZA
A reportagem busca contato com a juíza, via Assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e da Corregedoria Geral de Justiça . O espaço está aberto para manifestação.
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