Kassio Nunes suspende afastamento de governador de Tocantins, investigado pela PF

À época, o governador disse em nota que a determinação era precipitada e que não havia "conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade" da parte dele.

Kassio Nunes suspende afastamento de governador de Tocantins, investigado pela PF
Kassio Nunes suspende afastamento de governador de Tocantins, investigado pela PF

José Marques, Brasília, Df (folhapress) - 05/12/2025 17:10:42 | Foto: Divulgação TRE - Pi

O ministro Kassio Nunes Marques, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu nesta sexta-feira (5) o afastamento do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), que foi alvo de uma operação em setembro que investigava suspeitas de desvios de emendas parlamentares durante a pandemia da Covid-19.

"Apesar da existência de indícios de participação do paciente nos ilícitos em investigação, não se formou quadro probatório com consistência suficiente para justificar o seu afastamento do cargo de governador do estado do Tocantins", diz o ministro em sua decisão.

Ele afirma ainda que não há contemporaneidade entre os indícios centrais que envolvem Barbosa e o seu afastamento às vésperas de ano eleitoral.

"Finalmente, no que concerne aos indícios da prática do crime de lavagem de capitais, torna-se necessário o aprofundamento das investigações, a fim de que a origem ilícita dos recursos utilizados para a construção do empreendimento seja apurada", diz a decisão.

Kassio afirma ainda que o afastamento é uma medida grave para um político com mandato conferido por voto popular.

"Nessa perspectiva, penso que a manutenção da medida constitui, no presente caso, intervenção excessiva na esfera política e administrativa do estado do Tocantins, sem que a autoridade policial tivesse demonstrado a ocorrência de risco efetivo e atual à ordem pública ou à persecução penal", afirmou o ministro.

Em nota, a defesa do governador diz que "recebe com serenidade a decisão emanada do Supremo Tribunal Federal proferida na data de hoje, a qual viabiliza o seu retorno ao cargo para o qual foi legitimamente eleito".

O afastamento de Barbosa foi determinado pelo ministro Mauro Campbell, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), e mantido pela corte especial do tribunal, composta pelos 15 ministros mais antigos.

Segundo a PF, houve fraudes no fornecimento de cestas básicas e frango congelado comprados com essa verba. O prejuízo é estimado em R$ 73 milhões. O dinheiro teria sido usado para a aquisição de imóveis de luxo, compra de gado e despesas pessoais.

À época, o governador disse em nota que a determinação era precipitada e que não havia "conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade" da parte dele.

Em novembro, Polícia Federal deflagrou outra operação para apurar a possível prática de embaraço à investigação.

Houve buscas em endereços do governador afastado. A PF chegou a pedir a sua prisão, mas o STJ negou.

A Polícia Federal disse ter identificado o pagamento de R$ 550 mil de suposta propina a Wanderlei, relacionada a um contrato de fornecimento de frangos congelados firmado com uma empresa.

O repasse em espécie teria ocorrido em 14 de novembro de 2021, mas o contrato não foi executado nem quitado pelo governo.

Segundo as investigações, a empresa não tinha condições de cumprir o acordo. Ela entregou apenas 15 mil galinhas leves, em vez dos 50 mil frangos previstos, o que resultou em inexecução contratual. Sua defesa sempre negou qualquer irregularidade.

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