Prêmio Nobel de Física 2025 premia fenômenos quânticos em escala macroscópica

Os ganhadores têm todos laços com a Califórnia, nos Estados Unidos.

Prêmio Nobel de Física 2025 premia fenômenos quânticos em escala macroscópica
Prêmio Nobel de Física 2025 premia fenômenos quânticos em escala macroscópica

Salvador Nogueira, São Paulo, Sp (folhapress) - 07/10/2025 10:44:20 | Foto: Reprodução CBN

No centenário da fundação da mecânica quântica, a base teórica que explica o comportamento da matéria em suas menores escalas, o comitê do Nobel decidiu premiar um trio de físicos por revelar a presença de efeitos aparentemente malucos e contraintuitivos da teoria mesmo em sistemas macroscópicos, explorando a turva divisa entre os mundos clássico e quântico.

Os ganhadores têm todos laços com a Califórnia, nos Estados Unidos. John Clarke pertence à Universidade da Califórnia em Berkeley, e seus colegas Michel H. Devoret e John Martinis, à Universidade da Califórnia em Santa Cruz, sendo que Devoret também tem laços com a Universidade de Yale.

Em anúncio realizado nesta terça-feira (7) na sede da Academia Real de Ciências da Suécia, em Estocolmo, os três dividiram o Prêmio Nobel em Física pela "descoberta de tunelamento quântico e quantização de energia macroscópicos em um circuito elétrico".

A escolha vem bem a calhar, justamente no centenário da moderna teoria quântica, iniciada por Werner Heisenberg, em 1925. O físico alemão foi o primeiro a teorizar a natureza bizarramente probabilística de objetos quânticos. Átomos estão longe de ser réplicas em miniatura de sistemas solares, como até então se pensava, e partículas não podem ser comparadas a bolas de bilhar. Isso porque, quando falamos de planetas ou de quaisquer outros objetos macroscópicos, todos podemos concordar sobre o local em que estão e a velocidade com que se deslocam.

Na mecânica quântica, essa realidade que nos parece tão óbvia se desfaz: partículas elementares não têm posição ou velocidade definidas -elas existem numa sobreposição de todas as posições ou velocidades possíveis para elas, até que sejam observadas por algum aparato experimental. E mais: há limites estritos sobre o que essas medições podem revelar a respeito delas. Se o físico mede com precisão a velocidade de uma partícula, a ele é vedado saber com precisão a posição dela, e vice-versa.

É o chamado princípio da incerteza, formulado por Heisenberg em 1927 e base dos fenômenos quânticos, em que fenômenos podem se manifestar como ondas ou como partículas, dependendo de como os sondamos -a realidade quântica depende essencialmente do observador e de como ele a aborda.

EM PERSPECTIVA
Com o anúncio desta terça-feira, já são 119 concessões de Prêmio Nobel em Física, realizadas entre 1901 e 2025 (em seis anos não houve premiados), para 229 pessoas (as regras impõem no máximo três por ano).

A premiação de 11 milhões de coroas suecas (equivalente a aproximadamente R$ 6,3 milhões), a ser dividida entre os ganhadores, foi estabelecida como desejo deixado em testamento por Alfred Nobel (1833-1896), químico e empresário sueco famoso pela invenção da dinamite no século 19.

A cerimônia de entrega das láureas em Estocolmo está agendada para 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel.

Os vencedores do ano passado foram o americano John Hopfield e o britânico Geoffrey Hinton, numa premiação voltada à inteligência artificial. Eles foram premiados especificamente por descobertas fundacionais e invenções que permitem o aprendizado com redes neurais artificiais.

Ainda na categoria de Física, somente uma pessoa foi agraciada duas vezes: o americano John Bardeen (1908-1991), que recebeu o prêmio de Física em 1956 e em 1972.

Marie Curie (1867-1934) também é uma das pouquíssimas pessoas a ganhar o Nobel duas vezes, porém isso se deu em duas categorias: primeiro em Física em 1903 e em Química mais tarde, em 1911.

O detentor mais jovem de um Nobel de Física é o australiano William Lawrence Bragg (1890-1971). Ele tinha 25 anos em 1915 quando dividiu a láurea com o seu pai, sir William Henry Bragg (1862-1942), por pesquisas voltadas à análise da estrutura de cristais por meio de raios X.

O mais velho, por sua vez, é Arthur Ashkin (1922-2020). Ele recebeu sua láurea em 2018 aos 96 anos por pesquisas com laser. O americano inventou as chamadas pinças ópticas, que usam a força do raio laser focalizada para manipular objetos microscópicos, incluindo organismos vivos, como vírus e bactérias.

No Nobel de Física, a maioria dos laureados é de homens. Além de Curie, apenas outras quatro mulheres foram premiadas: a alemã Maria Goeppert Mayer (1906-1972) em 1963; a canadense Donna Strickland, 66, em 2018; a americana Andrea Ghez, 60, em 2020; e a francesa Anne L'Huillier, 67, em 2023.

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