ONU lança missão pioneira para investigar impacto de microplásticos na Antártida

A Aiea está pesquisando a presença de microplásticos na remota região da Antártida

ONU lança missão pioneira para investigar impacto de microplásticos na Antártida
ONU lança missão pioneira para investigar impacto de microplásticos na Antártida

Agência Onu News Brasil - 09/01/2024 06:47:56 | Foto: ONU/Mark Garten

Iniciativa liderada pela Agência Internacional de Energia Atômica, em parceria com a Argentina, utiliza tecnologia nuclear para identificar quantidade, origem e distribuição do poluente na região; plástico contribui para enfraquecimento mecânico da estrutura do gelo e acelera o derretimento.

A presença de microplásticos pode aprofundar o impacto devastador do derretimento do gelo polar na Antártida.

Por isso, a Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, em cooperação com a Argentina, lançou este fim de semana sua primeira expedição de pesquisa científica para investigar a presença deste tipo de poluente na região.

Lançamento da missão

O presidente da Argentina, Javier Milei, e o diretor-geral da Aiea, Rafael Mariano Grossi, juntaram-se à equipe científica da agência da ONU nas bases antárticas argentinas de Marambio e Esperanza para marcar o início da missão.

O ministro da Defesa, Luis Petri, o ministro do Interior, Guillermo Francos, e a ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, também estavam presentes.

A equipe de pesquisa partirá por um mês para avaliar o impacto dos microplásticos, investigando sua ocorrência e distribuição na água do mar, lagos, sedimentos, areia e dejetos de animais do ecossistema antártico.

A missão faz parte da iniciativa Nutec da Aiea, que tem como meta combater a poluição plástica com tecnologias nucleares.

Um iceberg tabular no mar de Weddell, na Antártida

Unsplash/66 North

Um iceberg tabular no mar de Weddell, na Antártida

Tecnologia nuclear

Por meio de uma rede de laboratórios de monitoramento, técnicas nucleares e isotópicas estão sendo usadas para produzir dados sobre a distribuição de microplásticos marinhos.

Para a missão na Antártida, microscópios de última geração e técnicas de espectroscopia vibracional serão usados para contar o número de micropartículas de plástico e caracterizar o tipo de polímero para avaliar a potencial fonte de poluição.

Os microplásticos são partículas com menos de 5 mm de diâmetro e foram encontradas no gelo costeiro da Antártida pela primeira vez em 2009.

No entanto, não há quase nenhuma informação disponível sobre onde e em que quantidade os microplásticos chegam à Antártida e o quanto é absorvido pelo ecossistema.

Derretimento acelerado do gelo

Também existem poucos dados sobre os tipos de microplásticos que chegam a essa área intocada por meio de correntes oceânicas, deposição atmosférica e atuação de seres humanos no local.

A presença de microplásticos pode contribuir para acelerar a perda de gelo na Antártida, reduzindo a refletividade, alterando a rugosidade superficial e promovendo atividade microbiana.

O plástico também atua como isolante térmico e contribui para o enfraquecimento mecânico da estrutura do gelo.

Urgência por um tratado global

Em uma resolução de março de 2022, os Estados-membros das Nações Unidas se comprometeram a iniciar negociações para um novo tratado global sobre a proibição da poluição por plásticos, inclusive no ambiente marinho, com o objetivo de adoção formal até 2025.

A expansão das iniciativas da Aiea para monitorar a poluição marinha por microplásticos, inclusive em áreas polares, pretende fornecer evidências científicas para apoiar a tomada de decisões informadas durante as negociações e contribuir para a implementação efetiva do tratado, particularmente no ambiente marinho.

Um relatório de 2021 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, alertou que os produtos químicos presentes nos microplásticos “estão associados a graves impactos na saúde, especialmente nas mulheres”.

Os impactos da ingestão de microplásticos por meio de alimentos e da água ou da absorção pelo ar e pela pele podem incluir alterações na genética humana, no desenvolvimento do cérebro e na capacidade respiratória.

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