Quais os maiores símbolos de Portugal?

Azulejo, bacalhau, fado, pastel de nata, galo, sardinha, vinho do Porto... Descubra a história dos maiores símbolos de Portugal.

Quais os maiores símbolos de Portugal?
Quais os maiores símbolos de Portugal?

Por Silvia Resende - Atlantic Bridge. - 05/06/2025 09:39:03 | Foto: ATLANTIC BRIDGE.

Dia 10 de junho comemora-se o Dia de Portugal e é feriado no país. Marca a data de morte de Luiz Vaz de Camões, uma das maiores figuras da literatura lusófona, autor de Os Lusíadas. Mas não só. É também dia das comunidades portuguesas, da língua portuguesa, do cidadão nacional e das Forças Armadas. Inspirados pela data, reunimos um pouco da história e curiosidades acerca dos maiores símbolos de Portugal.

Por que 10 de Junho é o Dia de Portugal?

O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, celebrado em 10 de junho, tem suas raízes ligadas à história política de Portugal. Originalmente, durante o regime ditatorial do Estado Novo (1933-1974), o 10 de junho era conhecido como o “Dia da Raça “, uma data utilizada pelo regime para exaltar as características nacionais e promover o sentimento de pertença a uma grande nação espalhada pelo mundo, especialmente durante o período colonial.

Após a Revolução dos Cravos (25 de abril de 1974), mais precisamente no ano de 1978, o dia foi renomeado como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, refletindo uma mudança de paradigma político e social no país. Atualmente, o 10 de junho é uma data de celebração nacional, na qual o Presidente da República e outras autoridades participam em cerimônias que homenageiam a nação, a cultura, o poeta Camões e as comunidades portuguesas ao redor do mundo.

Luís de Camões, autor de “Os Lusíadas”, foi uma figura emblemática associada aos Descobrimentos e foi utilizada como símbolo para celebrar os territórios coloniais e promover a ideia de uma nação unida pela língua e cultura comum. Assim, o Dia de Camões era inicialmente um feriado municipal que, a partir do Estado Novo, passou a ser celebrado em todo o país como forma de exaltar a identidade nacional.

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Pense em símbolos portugueses…

Bacalhau e Portugal: Qual a relação?

Não tem alimento que seja mais rapidamente associado à identidade portuguesa quanto o bacalhau, que está presente em diversas receitas típicas locais. Mas de onde vem essa relação?

Desde a idade média já se consumia bastante bacalhau nesta região, grande parte dele importado do Norte da Europa. A afirmação de que o bacalhau teria se popularizado por ter sido usado nas viagens de expansão marítima, é tida como uma lenda por estudiosos. No entanto, sabe-se que o bacalhau salgado seco, por ser fácil de ser conservado, foi visto como uma solução para os dias de jejum e abstinência impostos pela religião católica. Apesar de possuir uma imensa costa, a dificuldade de abastecimento de peixe fresco às populações era uma realidade.

Inicialmente consumido apenas pelas classes mais abastadas, o bacalhau se popularizou no século XIX, a partir da criação de políticas de fomento à produção nacional do produto. Mais tarde, durante o Estado Novo, o modelo protecionista das indústrias de bacalhau levou a uma produção relevante de bacalhau que durou até a queda do regime, nos anos 1970.

Conhecido como “fiel amigo”, rico em Ómega 3 e Vitaminas A, D e B12, o bacalhau é mais nutritivo que um peixe fresco, graças aos métodos como é processada a salga. Apesar do declínio da produção portuguesa, o bacalhau continua muito presente na dieta do país. Estima-se que Portugal consome 20% do bacalhau capturado no mundo, o que representa 70 mil toneladas de bacalhau salgado por ano (uma média de sete quilogramas ‘per capita’ ).

Fado de Lisboa

Nascido nos contextos populares da Lisboa do século XIX, esse estilo musical tipicamente português foi considerado patrimônio imaterial da humanidade em 2011, marcando para sempre a sua importância cultural.

A princípio, esteve associado às esferas mais marginais da sociedade, cantado nas ruas e em lugares frequentados por prostitutas, marinheiros e indivíduos desordeiros. Aos poucos, foi absorvido pelo teatro revista, passando a ser cantado por famosas atrizes e por fadistas de renome, acompanhado pela guitarra portuguesa. Nas décadas de 40 e 60, o Fado teve os seus anos dourados, marcando presença na rádio, no cinema e na televisão, já através de companhias fadistas profissionais.

Ainda há quem questione a origem do Fado. O estudioso José Alberto Sardinha defende que o estilo descende diretamente do romanceiro, cuja origem remonta à Idade Média. Há quem considere que o Fado foi trazido por escravos africanos e adaptado a partir de uma dança da África Ocidental, no Brasil. Outros consideram que foi desenvolvido a partir de uma canção de lamento de marinheiros portugueses. A palavra Fado possivelmente advém do vocábulo latino “fatum”, de onde também surge a palavra inglesa “ fate ” (destino).

O que é certo é que esse estilo musical tornou-se bastante presente nos bairros históricos de Lisboa, especialmente no Bairro Alto e Alfama. Ganhou o mundo na voz de Amália e atualmente conta com uma nova geração de representantes, liderada pelo talento de cantores como Mariza, Camané, Ana Moura, entre outros.

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Por que os azulejos se tornaram símbolo de Portugal?

O azulejo é usado em diversos países, como Espanha, Itália, Turquia e Marrocos. Mas então, por que Portugal ganhou o título de capital mundial do azulejo ? A resposta está na tradição: o país utiliza azulejos em fachadas, interiores e espaços públicos há mais de 500 anos, de forma praticamente ininterrupta — e em quantidades impressionantes.

A presença de cerâmica vidrada com padrões geométricos na Península Ibérica remonta à ocupação islâmica (entre os séculos VIII e XIII), inclusive nas regiões que hoje fazem parte de Portugal. Mas foi por volta de 1500 que os azulejos passaram a ocupar um lugar central na estética portuguesa. O responsável por isso foi o rei D. Manuel I, que, após visitar a Andaluzia, encantou-se com os azulejos hispano-mouriscos e decidiu trazê-los para Portugal. Um dos primeiros edifícios a recebê-los foi o Palácio Nacional de Sintra.

A partir daí, o uso de azulejos se espalhou e ganhou características próprias. A famosa cor azul, tão presente nos painéis portugueses, foi inspirada na porcelana chinesa, muito valorizada à época. Além do apelo estético, os azulejos também tinham uma função prática: protegiam as paredes da umidade e do frio, com alta durabilidade e custo relativamente baixo.

Nas igrejas, os painéis azulejados passaram a servir como instrumento de evangelização, contando histórias bíblicas e vidas de santos. Esse uso narrativo ajudou a reforçar a presença dos azulejos em espaços religiosos e públicos.

Outro fator importante para essa tradição foi o chamado “Ciclo dos Mestres”, um período marcado pelo forte investimento na formação de artistas locais e na produção nacional de azulejos em larga escala. Mais tarde, durante o regime do Estado Novo, o azulejo foi elevado à condição de símbolo nacional e também associado ao status econômico, o que contribuiu ainda mais para sua difusão por todo o país.

Hoje, há incontáveis exemplos de paredes azulejadas em Portugal — muitos deles verdadeiras obras de arte. Um dos mais emblemáticos é a Estação de São Bento, no Porto, revestida com mais de 20 mil azulejos que retratam cenas da história portuguesa. Não à toa, já foi eleita uma das mais belas estações ferroviárias do mundo por publicações como The Guardian e Condé Nast Traveller . Saiba mais sobre a Estação em nosso roteiro de 1 dia no Porto .

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Pastel de Nata: Dos conventos para o mundo

Uma história bastante curiosa permeia a invenção do famoso Pastel de Nata, ou Pastel de Belém, como é conhecido no mundo inteiro. Esta é uma das mais populares especialidades da doçaria conventual portuguesa.

Os doces conventuais começaram a ser produzidos, como sugere o nome, em conventos, a partir do século XV. As claras de ovos eram usadas como clarificante na produção de vinho branco e também para engomar os ternos dos homens ricos e de padres. Desse modo, havia um excedente de gemas, que passaram a ser usadas na confecção desses doces, juntamente com o açúcar produzido em quantidade nas colônias.

Com a extinção, em 1834, das ordens religiosas em Portugal, os conventos femininos puderam manter-se em funcionamento até que morresse a última freira e começaram a vender os doces conventuais a particulares. Outras freiras venderam as receitas a pastelarias.

Os Pastéis de Belém foram criados no Mosteiro dos Jerónimos e, a partir de 1834, começaram a ser vendidos ao lado do mosteiro, na Pastelaria de Belém, que supostamente detém a sua receita original. A designação Pastel de Belém só pode ser usada por essa pastelaria. Fora dela o doce é conhecido como Pastel de Nata. Leia nosso artigo completo sobre a gastronomia de Portugal !

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Sardinha, patrimônio em conserva

A sardinha é um peixe abundante na costa portuguesa e bastante apreciada pela comunidade local, especialmente durante o verão. Fica deliciosa quando preparada na brasa e está muito presente nas festas dos Santos Populares portugueses: São Pedro, São João e Santo Antônio. Muito nutritiva, tem o poder de melhorar os níveis de colesterol, reduzir a pressão alta e minimizar os riscos de acidentes cardiovasculares, podendo ser incluída no cardápio diário.

No início do século XVII houve falta de sardinhas em Portugal. Foi quando surgiu a ideia de comer o peixe com pão.

O consumo na versão em conserva começa em fins do século XIX e em poucas décadas Portugal se torna o maior exportador mundial neste setor. Estima-se que, em 1925, já existiam 400 fábricas diferentes de sardinha enlatada no país, 50 delas somente na pequena cidade de Matosinhos, no distrito do Porto. Atualmente existem apenas 15 delas, com um rigoroso controle de qualidade e alta produtividade. Exportam para todo o mundo.

A sardinha em conserva foi bastante consumida sobretudo durante a Segunda Guerra Mundial, para alimentar soldados dos dois lados do confronto. Nos anos 1950, a administração da empresa Ramirez foi informada que no antigo bunker de Hitler tinham sido encontradas três latas de sardinhas em azeite daquela marca portuguesa. Seis anos depois, o seu conteúdo estava perfeitamente comestível com o seu sabor intacto. Os produtores defendem que as conservas têm uma durabilidade elevada e há quem diga que são como o vinho do Porto: ficam melhor com o passar dos anos.

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Sardinhas

Vinho do Porto: Português ou Britânico?

No dia 10 de setembro de 1756 o Marquês de Pombal criou a mais antiga região vitícola demarcada do mundo: o Douro Vinhateiro, região de onde vêm as uvas usadas para a produção deste Néctar dos Deuses! Em 2001, a região foi classificada pela Unesco como patrimônio da humanidade.

O Vinho do Porto é doce e forte, pois a fermentação das uvas não é completa, sendo interrompida após dois ou três dias, com a adição de aguardente vínica. Possui quatro categorias principais: Branco, Ruby, Tawny e, mais recentemente, o Rosé.

Os produtores ingleses garantem que foram os mercadores britânicos que criaram o Port Wine, adicionando brandy ao vinho comum para evitar que ele azedasse. Os portugueses, por outro lado, destacam que a técnica já era usada muito antes, na época dos Descobrimentos. Independentemente da autoria, sabe-se que foram os ingleses que tornaram a bebida famosa mundialmente.

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Porque o galo é símbolo da cultura portuguesa?

A maioria dos turistas que visita Portugal não volta pra casa sem adquirir o símbolo mais célebre do país: o Galo negro de crista vermelha. Está na vitrine em muitas lojas, em variados formatos: como peça de artesanato, normalmente em barro ou metal, ou em souvenirs (ímãs de geladeira, aventais, toalhas de mesa, panos de prato…).

Tanta popularidade nos leva, inevitavelmente, à pergunta: como essa associação começou?

A fama do Galo de Barcelos surgiu a partir de uma lenda. Na época medieval, ocorreu um crime na cidade de Barcelos que ninguém conseguia desvendar. Um jovem galego, que passava pela região a caminho de Santiago de Compostela para cumprir uma promessa, foi acusado pelos moradores. Acabou condenado à forca por isso. O jovem jurava ser inocente e pediu uma audiência com o juiz. O encontro se deu na casa do juiz, durante um banquete. Lá ele reafirmou que não havia cometido crime algum, sendo ignorado. Diante do descaso, apontou para um frango assado que estava na mesa do tal banquete e disse: “É tão certo eu ser inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem.”

Ninguém levou o rapaz a sério, porém, na hora do enforcamento, o galo português se levantou e cantou! O juiz foi até à forca para tentar evitar a injustiça e chegou a tempo de ver o rapaz sobreviver por conta de um nó mal feito na corda. Solto e inocentado, o galego voltou anos depois e construiu, no local onde existia a forca, o Cruzeiro do Senhor do Galo, em louvor à Virgem Maria e a São Tiago. O monumento está localizado no atual Paço dos Condes de Barcelos, na cidade velha de Barcelos, no norte de Portugal.

Curiosamente, a popularização desse símbolo também aconteceu durante a ditadura. António Salazar, que esteve no comando do país até 1970, apostou no galo como representante do folclore de Portugal em feiras turísticas internacionais e oficializou o galo como um símbolo nacional.

Filigrana

A filigrana é uma técnica artesanal de ourivesaria que consiste na criação de delicados padrões e desenhos a partir da combinação de finos fios de ouro ou prata. Esta arte requintada tem suas origens na Península Ibérica, remontando ao período da ocupação romana. No entanto, foi em Portugal que a filigrana ganhou maior desenvolvimento e notoriedade ao longo dos séculos.

A Filigrana é aplicada em diversos tipos de jóias, como brincos, colares, pulseiras e anéis. Além disso, pode ser encontrada em objetos decorativos, talheres e peças de mobiliário. Essa técnica ancestral é um dos principais símbolos da arte e da tradição portuguesa. Representa a maestria e o talento dos artesãos portugueses, transmitidos de geração em geração. Visite nosso artigo completo sobre filigrana e joias portuguesas !

Esquecemos de algo?

Rico em história e cultura, Portugal reúne muitos símbolos que não cabem numa lista. Enumeramos aqui os mais famosos, mas existem muitos outros ícones, personalidades, monumentos, saberes e sabores que poderiam estar nesta lista.

Cabe ainda mencionar:

Andorinhas – a versão em cerâmica está presente na decoração de muitos lares portugueses por simbolizar o amor, a fidelidade e a chegada da primavera (época em que elas chegam ao país em busca de alimento e calor).

Cortiça – importante produto de exportação nacional usado para fabricação de rolhas e outros produtos.

Azeite – Portugal é o sexto maior produtor mundial, mas usa esse ouro líquido em quase todas as receitas típicas.

Cruz de Cristo – estampada nas caravelas das grandes navegações, também é bastante vinculada aos portugueses.

Lenço dos namorados – típicos da região do Minho e bordados por mulheres com idade para casar.

Lenço dos Namorados

Monumentos Simbólicos

Entre os monumentos, atenção especial para Torre de Belém (em Lisboa) e a Ponte Luiz I (no Porto), imagens constantemente estampadas em souvenirs. Na literatura, podemos citar Camões, Fernando Pessoa, José Saramago, Florbela Espanca. No esporte, temos o craque do futebol, Cristiano Ronaldo. Na arquitetura, destacamos a importância do Siza Vieira. Na ciência, António Damásio. Na história, nomes como o de Vasca da Gama, Pedro Álvares Cabral e Dom Pedro I. Nas artes, Alexandre Farto, conhecido como Vhils.

Não é à toa que Portugal conquista os expatriados tão rapidamente, na medida em que os códigos culturais contribuem na construção de vínculos e memórias afetivas. Será que esquecemos de algo nessa lista?

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Atlantic Lovers* é uma edição especial da Atlantic Bridge que tem como missão integrar os nossos clientes, amigos e parceiros em torno do melhor que Portugal tem para oferecer.

*Silvia Resende é gestora de marketing na Atlantic Bridge. Baiana, chegou a Portugal, em 2015, para construir uma nova vida com a sua família. Possui licenciatura e mestrado em Ciências da Comunicação e já trabalhou como apresentadora de TV, produtora de eventos, relações-públicas, copywriter e guia de turismo no Porto. Adora viajar e desbravar o patrimônio cultural de cada lugar por onde passa. E ama escrever sobre a riqueza cultural de Portugal!

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