Descubra como a sidra asturiana é feita, sua história, tradição e curiosidades, e por que ela é símbolo cultural da Espanha.
Por Silvia Resende - 25/07/2025 20:59:05 | Foto: Divulgação
A sidra é uma bebida alcoólica feita a partir da fermentação do suco de maçã. Apreciada em diferentes partes do mundo, é refrescante, levemente ácida e cheia de história. Países como Inglaterra, França, Irlanda e Alemanha também produzem suas próprias versões de sidra — cada uma com suas características e métodos de fabricação. Mas quando o assunto é tradição e cultura, poucas se comparam à sidra espanhola. Mais especificamente, a sidra asturiana, ou seja, aquela produzida na região das Astúrias, no chamado território da sidra , onde ficam as cidades de Villaviciosa, Gijón, Nava, Lavandera e Oviedo.
A Comunidade Autônoma das Astúrias é a maior produtora desta bebida da Espanha e quarta maior da Europa. Ali, a sidra não é apenas uma bebida: é um símbolo de identidade local. No artigo de hoje, você vai conhecer a história, as curiosidades, variedades e técnicas em torno da sidra asturiana.
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A produção da sidra asturiana começa com a colheita das maçãs, normalmente entre setembro e novembro. Nas Astúrias, existem cerca de 500 variedades de maçã. Mas existem variedades específicas que são usadas na produção da sidra natural: 76 são reconhecidas pela Denominação de Origem Protegida (D.O.P.). Estas, possuem maior acidez e menor teor de açúcar do que as maçãs de mesa.
Essas frutas são lavadas, moídas ( mayanza ) e prensadas. O suco, chamado de mosto, é então armazenado em grandes tonéis, que podem ser de madeira (castanheiro ou carvalho) ou de aço inoxidável. A partir daí, começa a fermentação natural, um processo que leva, no mínimo, três meses. As leveduras presentes no líquido transformam os açúcares das maçãs em álcool e gás carbônico, liberando borbulhas, aromas e sabor. Aos poucos, a sidra vai se tornando mais clara, mais estável — e mais pronta.
A fase seguinte é a maturação. Aqui, a paciência é essencial. A sidra asturiana precisa de tempo, silêncio e equilíbrio. Durante esse período, o produtor faz trasfegas, ou seja, transfere o líquido de um recipiente para outro, eliminando impurezas e oxigenando a bebida. Com base no aroma e no sabor, o lagareiro sabe o momento certo: aquele dia em que, sem aviso prévio, a sidra “acorda” pronta para ser bebida.
Diferente de outras sidras industrializadas, a sidra natural asturiana não leva adição de açúcar nem de gás. O leve toque de gás que sentimos ao beber vem do processo natural de fermentação e da técnica tradicional de servir.
Existe também sidra espumosa ( sidra achampanhada ), uma variação mais moderna, pensada inicialmente para exportação e hoje apreciada em ocasiões especiais. Pode levar uma segunda fermentação na garrafa, como ocorre com o champanhe ou o cava.
Além disso, em alguns casos (especialmente fora da Denominação de Origem “Sidra de Asturias”), algumas marcas adicionam gás carbônico e/ou açúcar, como parte do processo industrial. Essas são as sidras mais “comerciais” ou industrializadas.
A sidra (e não cidra, que se refere ao fruto da cidreira) é uma bebida milenar, consumida desde a Antiguidade. Os hebreus, egípcios, gregos e romanos já produziam bebidas fermentadas à base de frutas — entre elas, a maçã. Os romanos, inclusive, foram responsáveis por espalhar técnicas de cultivo e enxertia por toda a Europa, incluindo o norte da Espanha, onde a cultura da sidra começou a ganhar forma.
Durante a Idade Média, a sidra era comum no País Basco. Textos do século XII já indicavam que peregrinos a caminho de Santiago de Compostela encontrariam sidra pelo caminho. No século XIV, a bebida começou a se popularizar na Espanha, especialmente nas Astúrias, onde passou a rivalizar com a cerveja em consumo.
Com o tempo, e com a industrialização, no fim do século XIX, a sidra deixou de ser vista apenas como bebida camponesa e foi adotada pela burguesia industrial da região. Hoje, as Astúrias produzem cerca de 80% da sidra espanhola e celebram com orgulho sua Denominação de Origem Protegida (2003) e o recente reconhecimento da cultura sidreira como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO (2024).
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Embora a rainha indiscutível da mesa continue a ser a sidra natural tradicional, a sidra espumante natural também atingiu grandes alturas no mercado, com um teor alcoólico ligeiramente mais elevado e é comum nas celebrações.
Existe também a sidra de mesa ou uma nova expressão filtrada para eliminar os sedimentos. Não precisa de ser vertida, foi concebida para ser consumida em qualquer tipo de copo ou taça, e é perfeita para acompanhar peixes e mariscos do Golfo da Biscaia.
Outra possibilidade: a sidra de gelo, que é obtida através da concentração do mosto por congelação e é apreciada em pequenas quantidades; ideal para acompanhar queijos e sobremesas.
Escanciar a sidra. (Fonte: Turismo Asturias).
Se você já viu alguém servir sidra espanhola derramando o líquido do alto, quase como se estivesse errando o copo, saiba que aquilo não é descuido — é tradição. A técnica se chama “escanciar la sidra”.
Ela consiste em segurar a garrafa acima da cabeça e o copo abaixo da cintura, deixando o jato cair com força contra a borda interna do copo. Isso “quebra” a sidra, liberando aromas e criando efervescência natural.
Essa forma de servir é tão importante na cultura asturiana que, em desde 2024 é um Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade declarado pela UNESCO. O ritual valoriza o consumo imediato, em pequenos goles, logo após o serviço.
O chamado “culín” (ou “culete”, em espanhol) é a pequena porção da bebida servida no copo, geralmente apenas dois ou três dedos. Isso acontece porque, ao ser escanciada a sidra libera seus aromas e forma uma leve efervescência natural, que só dura alguns segundos. Por isso, é tradição beber o culín de uma vez só, após servido. O restante que sobra no fundo do copo é normalmente descartado, mantendo o ritual autêntico. Esse gesto, além de prático, reforça o lado social e coletivo da sidra: compartilhada, degustada em grupo, em que cada gole vira um pequeno momento de celebração.
Nas Astúrias, você pode visitar os chamados “llagares”, que são as casas produtoras de sidra. Muitas delas abrem as portas para o público, oferecendo visitas guiadas sobre a produção da bebida, degustações, e até mini cursos de escanciado.
Alguns lagares que merecem destaque:
Essas visitas são uma ótima forma de conhecer mais sobre o processo artesanal e a paixão dos asturianos pela sua bebida mais icônica. E, claro, se deliciar com a bebida!
A sidra asturiana harmoniza bem com alimentos locais e simples, como:
Além disso, embora a sidra natural seja tradicionalmente consumida pura, existem algumas versões modernas — principalmente na Espanha e na Europa — que a usam em coquetéis leves, como:
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