STF suspende todos os processos sobre Moratória da Soja

O pedido de tutela provisória concedido por Dino foi impetrado pela Abiove

STF suspende todos os processos sobre Moratória da Soja
STF suspende todos os processos sobre Moratória da Soja

Alex Sabino, São Paulo, Sp (folhapress) - 06/11/2025 06:59:43 | Foto: Divulgação

O ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu nesta quarta-feira (5) todos os processos e as investigações em curso referentes ao que ficou conhecido como "Moratória da Soja".

A medida interrompe também os casos em andamento no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre o assunto. O último deles foi a abertura de inquérito administrativo contra 15 executivos de tradings por suspeita de cartel, como publicado pela Folha de S.Paulo nesta terça (4).

O pedido de tutela provisória concedido por Dino foi impetrado pela Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).

A Moratória da Soja tornou-se a denominação para a união de empresas exportadoras que se comprometeram a monitorar por satélite e por auditorias independentes toda a produção da Amazônia e a criar uma lista de fazendas consideradas irregulares para barrar compras. Isso evitaria a perda de mercados e boicotes do exterior.

Trata-se de entendimento firmado em 2006 entre grandes tradings exportadoras de grãos, associações do setor e organizações ambientais.

É um acordo contestado por parte dos produtores e por associações. A alegação é que se trata de uma forma disfarçada de grandes empresas do setor acertarem preços e excluírem concorrentes.

A questão é examinada em três ADIs (Ações Diretas de Inconstitucionalidade) no STF.

Dino decidiu que todos os processos sobre o assunto que estão fora do Supremo devem ser suspensos porque o que for resolvido em última instância terá efeito vinculante. Isso mantém a Moratória da Soja em vigor até que o Supremo tome uma decisão.

A moratória havia sido suspensa pelo Cade, mas a resolução foi revertida em caráter liminar pela Justiça Federal. Em outra decisão, o Conselho havia determinado a continuidade do acordo entre as tradings, mas apenas até 31 de dezembro, quando a suspensão voltaria a vigorar.

Os conflitos judiciais que estão no STF envolvem também pedidos feitos pela AGU (Advocacia-Geral da União), pelos governos estaduais do Paraná e de Goiás.

No texto da decisão desta quinta, Dino cita pronunciamento preliminar que havia dado em um dos casos. Ele disse ser a Moratória da Soja um dispositivo que "fortaleceu a credibilidade do Brasil no cumprimento de compromissos internacionais de proteção ambiental, reforçando o papel do país como formador de produtos agropecuários sustentáveis no mercado global", não tendo sido, em tese "marcada por ilegalidades."
O ministro defendeu que a discussão seja feita no Supremo em nome da segurança jurídica. Exagerados litígios, ele acredita, "transbordam" o tema precocemente para "contendas múltiplas" e "outras instâncias administrativas" e "conflitos entre empresas envolvendo bilhões de reais."
A Abiove afirmou, em nota, que aguarda a decisão final do Supremo. "Esse acordo, já reconhecido como legal e constitucional pela maioria dos ministros e reiteradamente valorizado por instâncias do próprio governo federal, é um instrumento legítimo de autorregulação e sustentabilidade. Sua proteção evita que interesses particulares e nebulosos comprometam uma política público-privada essencial para a credibilidade internacional do agronegócio brasileiro", afirmam os representantes da associação, os advogados Guilherme Coelho e Fabiano Robalinho, do escritório Bermudes Advogados

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